quarta-feira, 23 de abril de 2014

UMA CERTA MANEIRA DE NOS DAREM O FARDO…




    Diz o ditado, com doses se calhar consideráveis de realismo... ou de cinismo, que “todo o burro come palha, o que é preciso é saber dar-lha”.

   Talvez seja assim… Mas há também a frase, que se tornou famosa por ter sido um celebérrimo agente desportivo a proferi-la, que rezou: “E o burro sou eu??”.

    De há uns dias para cá, ao ver na perturbante TV os spots publicitários (ou deveria dizer propagandísticos – e propagandísticos entre o descaramento e a demagogia, a não ser que sejam ingénuos mas de uma ingenuidade roçando o impudor alvar) referentes ao 25 de Abril, caio na sensação de viver num filme de humor negro. Aquela gente não as pensará? Ilusionistas…

  Porque os protagonistas que ali nos dão como formais exemplos – estando os capitães, como se sabe, a viver agora numa espécie de limbo para onde os lançaram porque já não precisam deles – são quase exactamente os mesmos que nos mergulharam através dos tempos na “apagada e vil tristeza”, na repelente encanação em que agora vivemos: primeiro os que, com intenção totalitária, quiseram fazer da revolução dos cravos uma antecâmara dum “paraíso de Leste”, à semelhança desse lugar mirífico onde o povo de lá (em encenação filha duma ideologia mentirosa) mandaria tanto que não mandava nada… E que, a seu tempo, implodiu como um edifício apodrecido, um castelo de cartas de batota risível e realmente ignóbil; depois os que, tendo arteiramente conseguido camuflar o que de facto eram e sentiam, paulatinamente tiveram artes de herdar os bragais do regime anterior em que aliás os seus pares e, muitas vezes, os seus ascendentes, tinham mesa farta e benesses de se lhe tirar o chapéu.

   E, os velhacos, querem que o zé povinho – como se vivesse nas sete quintas - festeje acefalamente uma festarola como se nada fosse, como se gozássemos de uma situação excelente, como se isto fosse um mar de rosas, tempo de vinho e rosas como diz a frase proverbial???

   A publicidade – propaganda, demagogia – deles é para nos manterem numa ilusão. Para nos iludirem. Chamava-se a isso, nos tempos da Inquisição, “a tortura pela esperança”.

   E os burros vamos ser nós??? Não lhes façamos a vontade!

   Para finalizar, creio que muitos se lembrarão de uma quadra que chegou a ser muito conhecida no tempo da velha senhora. Aqui vo-la deixo, seguida de uma outra referente, e creio que apropriadamente, aos tempos de agora.

 A primeira é esta:

 Meu Portugal tão bonito
ó meu Portugal tão belo:
metade é Jorge de Brito
e o resto é Jorge de Melo

  E eis a de agora, que vos deixo à consideração pois me parece adequada e justa:

Meu Portugal tão porreiro
de que a malta tanto gosta:
metade é João Banqueiro
e o resto é Oliveira e Costa.

  Saudações democráticas e firmes do vosso

 ns

2 comentários:

Anónimo disse...

Aplaudo a cem por cento. Uma democracia que o não é, camuflando uma nação quer já deixou de o ser. Uma peixeirada a cheirar a esgoto e a notas ensebadas. Canalhas!

Alfredo S.

ora viva disse...

Amanda-lhes, pááá!