domingo, 30 de setembro de 2012

Já não percebo nada

No Espectador Interessado (bold meu):

Então o crescimento não estava já ali, ao virar da esquina? Não bastava a firme enunciação da vontade? De baixar uns cêntimos em cada litro de gasolina? De agravar os impostos sobre os ricos e sobre as empresas? De possibilitar a reforma aos 61 anos? De anunciar a contratação de 60 mil novos professores? De combater o desemprego agravando os custos com os despedimentos? De que se queixarão, afinal?


Dei uma olhadela pelos jornais online portugueses. A ideia com que se fica é que esta manifestação, ao contrário das de ontem em Lisboa e Madrid, nunca aconteceu.

Uma 'bela' colecção de desastres verdes ou de como se torra ziliões ao contribuinte

No Wattsupwiththat

Greek Electricity System Faces Collapse

New Solar Installations Banned

Greece, aiming to stave off a fresh energy crisis, plans to support its main electricity market operator through a temporary tax on renewable power producers and by extending an emergency loan, a senior official said on Friday. The electricity system came close to collapse in June when market operator LAGHE was overwhelmed by subsidies it pays to green power producers as part of efforts to bolster solar energy. Greece has slashed the guaranteed feed-in prices it pays to some solar operators and is no longer approving permits for their installation. –Harry Papachristou, Reuters, 28 September 2012

(http://www.reuters.com/article/2012/09/28/us-greece-interview-idUSBRE88R0UQ20120928)


Sharp Corp. plans to end production and sales of solar cells and modules in the U.S. and Europe by March as part of a restructuring, Kyodo News said. Osaka-based Sharp plans to cut more than 10,000 jobs, or about 18 percent of its workforce, and is in talks to sell plants as it tries to return to profit, two people with knowledge of the proposal said yesterday. –Bloomberg, 27 September 2012

(http://www.bloomberg.com/news/2012-09-27/sharp-to-end-solar-panel-business-in-u-s-europe-kyodo-says.html)


The amount of electricity produced from “green” energy sources in Scotland fell by almost half for a period earlier this year – because it was not wet or windy enough. The figures prompted opposition concerns that Scotland could be left in the dark if the “wind isn’t blowing”. –Scot MacNab, The Scotsman, 28 September 2012

(http://www.scotsman.com/news/environment/scotland-not-windy-enough-for-green-power-1-2550478)


The UK biofuels industry stands to be ‘devastated’ by draft proposals being developed by the European Commission, renewables chiefs have warned. “The great irony is we have been repeatedly asking for a clear pathway to 2020, not least to secure investment in technological advancement. Nobody listened. Now Europe is planning a quantum leap which threatens to wipe us out. It is a double whammy and an absolutely galling prospect for companies that have invested millions in good faith.” –Farmers Guardian, 28 September 2012

(http://www.farmersguardian.com/home/renewables/biofuels-industry-would-be-devastated-by-eu-plans-rea/50036.article)


Switzerland would have to charge higher end-user power prices and resort to new gas-fired plants to fill the supply gap created by its planned nuclear phase-out prompted by Japan’s Fukushima accident, the Swiss energy ministry said on Friday. The statement also said the average household electricity bill, estimated at 890 Swiss Francs ($950) a year, was due to rise in line with higher costs for renewable energy and to cover the costs of investment in the grid. –Reuters, 28 September 2012

(http://www.reuters.com/article/2012/09/28/switzerland-gas-idUSL5E8KSFFT20120928)


Energy and Climate Change Secretary Ed Davey has given the clearest indication yet that he expects gas to continue to play a major role in the UK’s energy mix for at least the next two decades, revealing 20 new gas-fired power plants are likely to built over the next few years. –Business Green, 27 September 2012

(http://www.businessgreen.com/bg/news/2213148/davey-20-new-gas-power-plants-in-the-pipeline-for-the-uk)


The defence of windfarms put forward by Mark Lynas and Chris Goodall, which was discussed a couple of days ago, has now had a response from Gordon Hughes. Hughes is less than impressed with the two greens’ table manners. He seems even less impressed with their analysis of the electricity grid. –Andrew Montford, Bishop Hill, 28 September 2012 (http://www.bishop-hill.net/blog/2012/9/28/ouch.html)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Última última hora!



Ex-comandante Tomás Figueira
 
 
(Do nosso correspondente em Linda-a-Velha Robles Mondego)- Distribuída aos órgãos de informação do mundo alfabetizado, recebemos do senhor ex-comandante Tomás Figueira e actual assessor plenipotenciário do putativo eventualmente primeiro-ministro Doutor José Jagodes, cuja sensacional entrevista será dada a lume segundo tudo o indica neste fim-de-semana, a seguinte declaração:
 
 
 "O Exmo. Senhor Doutor José Jagodes, em primeiro lugar, vem desmentir expressamente que tenha tido conversações assim como assim reservadas com o ainda, neste momento, mais alentado magistrado da Nação, que é como quem diz o Sr. Professor Silva. A personalidade do DoutorJJ, que já deu inúmeras provas de não alinhar em coisas que não sejam tão públicas como os concursos do apreciado Redondo Mendes, não se compraz com jogades políticas de bastidores, ainda que sérias evidentemente.

  Isto para começar.

  Seguidamente, importa referir que o Doutor JJ só aceitará o eventual alto mas pesado cargo em que o desejam comprometer se se verificarem três condições prévias: primeira, se o Sr. Presidente Silva se dispuser a pedir ao Dr. Carlinhos Zorro, actual porta-voz do PSP, para não dizer mais relativamente disparates e o mesmo também conta em relação ao dr. Marinho Suarez, que dada a sua provecta antiguidade parece já não estar em amplas condições de salubridade político-pessoal; segunda, que o Doutor Xicão Louceiro não fique tão furibundo de cada vez que aparece na TV que até as veias lhe saltam do pescoço, o que dá um ar de picante raiva bicéfala à nossa democracia que se quer pacífica e pacificada, incluindo derbys do sector desportivo; terceira, que o Sr. Engenheiro Jota Temístocles, de cada vez que se desloca para fora, ou seja até aos restaurantes lisboetas, não deixe de prevenir a comunicação social para que esta, dando a notícia com tempo e com soma de pormenores, possa corresponder ao desejo dos leitores, que é receberem o saudoso homem público em grande número e com o carinho e os amplexos que de facto merece.
 
  Aproveitamos para não confirmar nem desmentir que o Doutor Jagodes, através da minha secretária D.Josefina de Belém, tenha sido alvo de telefonemas feitos sob tímido anonimato sugerindo que em breve os pneus do seu carro e as janelas da sua residência receberiam uma visita dinâmica conquanto rápida e, num eventual futuro próximo apanharia num qualquer recanto do cabedal com o impacto de um zagalote ou uma tracejante 45. Sabemos que isso tem sucedido com fãs do Doutor, nomeadamente professores que falam demais no entender desses corajosos cavalheiros, mas não é ainda o momento de solicitarmos a intervenção da polícia legalmente constituída".
 
RM

Isto está cada vez mais divertido!


Acabámos de saber, pelos telejornais, que duas procuradoras do Ministério Público foram expulsas por, desde 2005, terem passado informação confidencial sobre 450 pessoas  - entre as quais juízes, magistrados e dirigentes da PJ -  a um amante. O homem fazia-se passar por coordenador da Interpol, embora, na verdade, se tratasse de um foragido, evadido da cadeia em 2003. Foi apresentado por uma delas à outra, com a qual passou a manter relações íntimas, sendo esta quem acabou por revelar o caso aos seus superiores hierárquicos.

Rã, salta.


Congeminações e leitura recomendada

Para o fim semana aconselho a leitura inicial deste artigo aqui ao lado seguida deste outro de Nicolau Saião.

As congeminações:

... houve uma tentativa de golpe nas secretas cujas pataniscas continuam voando ...
... há várias guerras dentro da justiça ....
... há guerras na tropa ...
... mas parece que os zénites da justiça têm vindo a sentenciar as suas próprias vitórias!

Começa a emergir um padrão?

Uma decisão gravíssima

No Blasfémias (bold meu):

«O Tribunal Constitucional chumbou a norma do Regulamento de Disciplina Militar que impedia as tropas de recorrerem para os tribunais civis de sanções disciplinares que lhes fossem aplicadas. O regime, aprovado por PSD, CDS e PS, obrigava os militares a cumprirem as penas disciplinares de imediato e sempre que a hierarquia superior o decidisse. Mas em resposta a um pedido de fiscalização feito pelo PCP, o TC considerou que este limite aos direitos dos militares é inconstitucional. Assim, desde Maio de 2012, qualquer militar pode recorrer de uma sanção disciplinar aplicada por um superior para um tribunal civil e só a cumprirá após decisão desse órgão

Que o PCP via Associação Nacional de Sargentos faça o seu trabalho de degradação das instituições é uma coisa sabida embora frequentemente esquecida. Mas que o Constitucional tome uma decisão que coloca em causa a própria existência da instituição militar é outra. Desconheço o que levou recentemente  o PR a chamar a Belém as chefias militares mas sendo Cavaco Silva Comandante Supremo das Forças Armadas espera-se que se pronuncie sobre o assunto quanto mais não seja como sucedeu no Estatuto dos Açores para dar conta da sua indignação. Caso esta decisão seja escamoteada ele mesmo e certamente o próximo PR acabarão comandantes supremos duma milícia que nos dias pares recorre aos tribunais civis para boicotar a instituição e nos dias ímpares para a manutenção das suas regalias exige  respeito institucional pela mesma instituição.

Obs. Espero apenas que uma qualquer associação do futebol recorra ao Constitucional e que este naturalmente decida em igual sentido. Teremos um tempo santo: não há jogos, não há declarações dos dirigentes…

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Máxima

Olavo de Carvalho:

"Quanto menos um sujeito entende o mundo, mais assanhado fica para transformá-lo."

Amélia Vieira


A poeta Amélia Vieira, de cuja pena brota poesia e, por vezes, visões do futuro, desabafou assim na sua página do facebook:


As pessoas ainda não entenderam que há uma força de liquidação no "ar" e que isso foi feito com o mesmo propósito dos genocídios históricos. Acabar com os excedentes humanos que em moldes económicos não dão rentabilidade. A técnica obedece à velha frase romana " os Deuses enlouquecem antes os que querem perder". O Diabo é muito frio e nada tem de louco. As pessoas seguem-no cegamente. Numa primeira fase é bem divertido. Mas tem um preço. E não é porque devamos algo a alguém, isso é o pretexto, mas, sim, porque deixámos de ser úteis. Ah! Os princípios humanos, o amor, a solidariedade, a fé na luz que vença as Trevas... Não fomos nós os primeiros a abandonar tudo isto na grande batalha do Ego, da individualidade, da usura, da facilidade? Ora recordem-se?! Também não acreditamos em Deus. Pois bem, ele governa de forma gloriosa. E o propósito é liquidar um terço de nós todos. O que está a acontecer. Sem armas. Acho que se enoja com o cheiro do nosso sangue. Afinal é um Príncipe!! ( é como o Titanic o que estamos assistir, há uns que resolveram tocar os últimos acórdãos sentados, outros que se agarram pensando que se vão salvar, outros ainda que escorregam pela orla da embarcação, outros que se aglomeram para que haja ao longe um sinal... mas as forças da física são inabaláveis. Só uma quantidade ínfima desta humanidade tem alma, são os que se vão nos botes). Outra virá. A nossa salvo raras excepções não prestou para nada.




OVOS DO PÁSCOA (1)



   Eu às vezes dão-me coisas. Não coisas caras, como… Mas adiante!

    Em resumo: dão-me coisas: geralmente livrecos, poemaria, recortes de jornalada…Coisas, em suma, para eu tomar conhecimento ou comentar.

    Hoje recebi, entre outras, esta pérola do nosso descontentamento. E resolvi partilhá-la convosco. Para vos entusiasmar? Não tenho a certeza. Mas pelo menos para vos dar qualquer coisinha…

     Passam a ser, se assim o digo, “os ovos do Páscoa”. Bom apetite!

Sabiam disto? Não? Vão ficar a saber!

   “O British Hospital  pertence ao Grupo Português de Saúde desde o início dos anos 1980. O Grupo Português de Saúde pertence ao universo da Sociedade Lusa de Negócios, a tal que tinha um banco dentro. Exactamente: o BPN.

  O banco serviu para financiar a compra do British. Um fiasco. Entre 1999 e 2009, o British recuou de uma média anual de 12 mil consultas para cerca de 1800. Entre 2004 e 2007, o presidente do Grupo Português de Saúde foi o economista José António Mendes Ribeiro, o qual, quando saiu do grupo, deixou um passivo de perto de cem milhões de euros.

  Pois foi precisamente José António Mendes Ribeiro que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi buscar para coordenar o grupo de trabalho que vai propor os cortes a aplicar no Serviço Nacional de Saúde.

   Isto, que podia ser uma charada dos Malucos do Riso, é o ponto em que estamos”.

A carreira das Índias

Por Joel Costa.        [link corrigido]

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O cogumelo aldrabófilo



Fundação Casa de Mateus

Todos (por assim dizer) nos lembramos, tal «como o secretário de Estado [Hélder Rosalino] disse, que nos últimos seis anos, em que o PS foi Governo, “nasceram fundações como cogumelos”.» E disse mais:


“De facto é extraordinário, porque o que percebemos é que foram criadas nestes últimos anos múltiplas fundações. Quase que se pode dizer que nasceram como cogumelos. E há fundações que nasceram única e exclusivamente para fugir ao controlo financeiro do Estado”, acusou (...).


A existência de uma fundação implica a existência de um ou mais fundadores, cujo prestígio lhes confere credibilidade suficiente e cujas doações se destinam à promoção de programas definidos e estruturados de actividades e apoios à comunidade e ao país. A redução ou isenção de pagamentos de impostos e os eventuais apoios estatais provêm do reconhecimento do mérito dessa sua actividade.

Em Portugal, porém, a"esmagadora maioria" das fundações tem por origem... o próprio Estado, no sentido de conseguir aquilo por que persegue e condena os cidadãos: a fuga aos impostos! O Estado deixa de ser a "pessoa de bem", espelho e garantia dos "cidadãos"  - passa a ser o Estado que decreta o "estado de aldrabofilia" em todo o país.

O inenarrável governo chico-esperto e matarruano de José Sócrates, muito mais do que qualquer outro consolidou e institucionalizou o Estado aldrabófilo. Mais: apresentou-o, sem pudor nem disfarce, como modelo de procedimento legítimo ao cidadão de um Portugal em esboroamento, precisamente em razão de uma contínua prática ancestral de recurso ao negociozinho e à negociata. Algo que infectou muito perigosamente a cultura portuguesa (em sentido lato e não só...) e que o 25 de Abril, ao invés da cura por muitos ansiada, veio, paradoxalmente agravar.

O cogumelo aldrabófilo é uma espécie letal que urge exterminar, arrancando-o do solo em que tende a germinar e a proliferar. Antes que extermine os portugueses que ainda restam.

No meio disto tudo, valha-nos a Casa de Mateus! Bem merece os agradecimentos do país que luta contra a morte!

De um dos rostos exemplares da nossa República



Rui Nabeiro é o CEO com melhor reputação para os portugueses, de acordo com um estudo da GFK Metris, publicado pela revista Exame.

O fundador da Delta apresenta um índice de reputação de 35%, entre os 33 gestores das empresas que integram o PSI-20 e as companhias que lideram a lista das 500 maiores da Exame, que entram nesta avaliação.

Segue-se Alexandre Soares dos Santos, da Jerónimo Martins, com 30%, Paulo Azevedo com 29%, Belmiro de Azevedo, com 28%, e Francisco Pinto Balsemão, com 23%. 


No fim da lista surge Jorge Coelho, presidente-executivo da Mota-Engil, que obtém o pior índice de reputação (6%)


(para ler integralmente a notícia clicar aqui)

PJ faz buscas às casa de três ex-governantes do PS


No DN*:
A Polícia Judiciária efectuou hoje buscas nas casas dos ex-ministros das Obras Públicas, Mário Lino e António Mendonça, e do ex-secretário de Estado Paulo Campos, confirmou à Lusa fonte judicial.
De acordo com a mesma fonte, foram também realizadas buscas na casa de uma vogal do conselho de administração das Estradas de Portugal e ex-adjunta de António Mendonça. 
As buscas foram efectuadas no âmbito de um inquérito crime às Parcerias Público Privadas, a decorrer no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e tinham por objectivo a procura e apreensão de documentos. 


Já se percebeu o que veio Sócrates fazer a Portugal. Terá voltado para Paris ou terá ido para mais longe?

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* Corrigindo uns quantos erros ortográficos que por ali pastavam.

Da estratégia da aranha socrática


Acabámos de saber pelos telejornais que a fundação Uma-merda-qualquer-para-as-comunicações-e-o-Magalhães é uma fundação... particular, que depende, em 99%, dos dinheiros... do Estado!

E como, por ser particular, o Estado não pode acabar com ela, terá que continuar a financiá-la porque é a única maneira de, mantendo-a em actividade e rentabilizando-a sabe-se lá em quê e de que maneira, poder vir a  reaver os 80.000.000 € que já lá nos enterrou.

Pois...

E que tal começar por confiscar os bens dos implicados na negociata para os novos financiamentos ou para que  simplesmente a dívida seja saldada, total ou parcialmente?

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Do mundo giro e alternativamente modernaço

Uma das coisas extraordinárias que se observa nas chamadas "mensagens virais", hoje mananciais de excitação, não é o conteúdo das mensagens mas a ignorância, estupidez ou ambas que leva a que se tornem virais.

Só faltava convencerem-me de que o Salazar tinha razão.

Por Joel Costa.

No Fio da Navalha

N'O Insurgente (bold meus):
Quando a democracia falha
De acordo com uma sondagem da Universidade Católica, 87% dos portugueses dizem-se desiludidos com a democracia. Sentimos que se falhou na democracia quando se permite que mais de metade do que auferimos com o nosso trabalho vá para um Estado que está falido.

O Estado não tem dinheiro. Mas se ninguém quer pagar mais impostos, poucos querem que o Estado deixe de sustentar empresas, fundações, institutos, ensino gratuito para quem o poderia pagar, empregos que não são precisos para nada e subsídios culturais de retorno nulo. O Estado não tem dinheiro, mas a maioria não deixa que se mexa em nada, porque isso seria desestruturar o Estado que, dessa forma, está a desestruturar a economia.

São poucos os que não esperam receber o quer que seja do Estado, nem querem viver na dependência da sua generosidade. A grande maioria prefere contribuir para o bem comum, recebendo o seu quinhão. Dessa forma, caímos numa armadilha: instituímos uma democracia que favorece uma maioria sedenta de favores públicos e desprotegemos os indivíduos, vistos como egoístas e insensíveis. Agora, a maioria massificada virou-se contra a maioria de nós, quando individualmente considerados. Como pessoas, sentimo-nos desprotegidos e frágeis perante o poder cego do Estado, quando a maioria que recebe conhece agora o preço individual da factura. A democracia, se falhou, foi porque negligenciámos a liberdade individual e deixámos os cidadãos sós contra uma maioria que ninguém controla.

E o círculo fecha-se

A história-base é esta, começando antes do ano 2000: Garcia dos Santos condenado a multa de 135 contos

Na sequência dela há 3 posts e dois vídeos cuja sequência convém analisar:

1 - Pobes lágrimas, as do crocodilo

2 - Houve quem tentasse desculpar João Cravinho

3 - A esquerda e a obsessão pela marxista forma de mentir


Resumindo, Garcia dos Santos sentiu e soube, de viva voz, do esquema e os pormenores da corrupção na JAE montada pela cáfila partidária e gangs afins, para financiamento partidário, pediu apoio político a Cravinho para limpar a casa, Cravinho tirou-lhe o tapete. Passado alguns anos, Cravinho reemerge, "herói" da luta contra a corrupção. Naturalmente que os colegas de bancada fizeram o "favor" de o aplacar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Última hora!



Dr. Jagodes com o seu novo look


Lisboa, tantos do tal - (Pelo nosso correspondente em Linda-a-Velha, José Marcolino)

Adensam-se as possibilidades do Sr. Professor Doutor José Jagodes eventualmente a mais ou menos curto, médio ou assim-assim prazo, ser nomeado primeiro-ministro de Portugal num governo de incidência de Salvação Nacional e, provavelmente, por iniciativa putativa do sogro do Sr. Luís Montês (ou Montez, talvez).

Mas isso, no dizer do grande pensador, homem público e agora eventualmente publicíssimo, naquele jeito desenxovalhado que o caracteriza e lhe tem granjeado inúmera popularidade e imensos adeptos – ou o contrário frásico – “Não é panaceia e muito menos milagre, pois a verdadeira solução virá do portuguesinho valente”. E concretizando, numa tirada certeira: ”O que é preciso é acabar com as vigarices, responsabilizar os caramelos que nos levaram à beira do abismo e, adicionalmente, arranjar massaroca para cumprir as obrigações sem se pôr a malta a comer apenas pevides e bolachas de água-e-sal…E não me venham com o pretexto maneta de que temos mesmo de ficar sem um tusto na algibunta para compensar os desmandos dos malandros que durante décadas nos andaram a esmifrar!”.

   A entrevista, concedida a José Marcolino, director do Notícias Diárias e a Inês Bandarra, sub-directora se a memória não nos falha de não nos recorda agora donde, tem momentos fortes e apelativos como aquele, a talho de foice, em que José Jagodes refere que é um imperativo vital e patriótico “ao menos cortar-se a pera ao Borgonha do Crescimento” e, ainda, “pôr-se o Pinto Manteigas a falar sem cuspo nas comissuras labiais”...

  Em breve a extraordinária peça será dada ao público leitor e, por inerência, ao mundo, incluindo a Península Ibérica.

jm

Perplexidades

Se há coisas do camandro, há coisas do catano.

O Tribunal Constitucional considerou inconstitucional o corte de subsídios aos dependentes do estado por haver falta de igualdade em relação aos demais trabalhadores.

Hoje parece aceitar-se como razoável que se venha a cortar o subsídio de Natal a todos ....

Mas, então, para haver igualdade, deveria ser a respectiva entidade patronal nos dois casos a ficar com o subsídio: no estado, o estado ... no privado a entidade patronal. Será esta "igualdade" constitucional ou será mais inconstitucional que a anteriormente chumbada? Na chumbada, o estado não pagava aos seus e ficava com o graveto. Na nova, não paga aos seus e fica ainda com o graveto da parte de quem lhe não diz respeito.

Como é? Se o estado, não pagando aos seus reduz a sua despesa aliviando o contribuinte, arrecadando do bolso do contribuinte privado (o funcionário público é contribuinte fictício) faz com que tudo fique na mesma!

domingo, 23 de setembro de 2012

O povo bestial

Muitos portugueses estão convencidos que pertencem a um povo bestial que teve o azar de ser liderado por uma classe política corrupta. Por todo o lado abundam as indignações contra os políticos a propósito de tudo e de nada. Na verdade trata-se de um puro exercício de passa culpas: a gatunagem, a corrupção e o compadrio atravessam a sociedade portuguesa de alto a baixo. Portugal é o país da cunha, da atençãozinha e do favorzinho, mas a generalidade dos indignados prefere fazer dos políticos o bode expiatório de todos os males, escamoteando assim sua própria responsabilidade.
Em vez de andarem a berrar contra os políticos e a exigir-lhes mundos e fundos, mais valia que estes portugueses assumissem a sua contribuição para a situação atual e não fizessem no dia-a-dia aquilo que acusam os políticos de fazerem. Passariam a ter moral para criticar e melhorariam imenso o país.

Thilo Sarrazin: COLLAPSE of EURO: 'GERMANY must declare EUROZONE ultimatum/ stop BAILOUTS'?!

Roger Bootle: Eurozone endgame - not Armageddon, a blessing

sábado, 22 de setembro de 2012

Fundações: mais de 1.000 milhões em 3 anos



O vídeo acima parece estar truncado. Alternativamente, pode ser visto aqui.

Tótó-esperto

No Fiel-Inimigo:

Na série Portugal e os maravilhosos tótós, temos hoje um caso em que alguém pensa que são todos tótós.
«Mexia apoia uso de poupança da TSU para baixar factura da luz
O presidente executivo da EDP, António Mexia, diz ver com enorme naturalidade a hipótese de a poupança que o grupo venha a ter com a descida da Taxa Social Única ser usada a favor dos consumidores de electricidade.»
Mas não é a EDP um dos ninhos de rendas excessivas? Não é com a EDP e/ou algumas das suas milhentas ramificações que o governo está a tentar atenuar o negócio ruinoso em que Sócrates-o-Severa afundou Portugal? O rapaz pensará que são todos politicamente tansos para vir oferecer periquíticos travesseiros recheados de cicuta? Não tem escrúpulos que o mantenham aninhado e bem acompanhado em local que não seja território de vergonha?

Definindo alguns conceitos sobre a esquerda

N'O Insurgente:

Comunista
– Alguém que acha que é perfeitamente legítimo roubar o que é nosso.

Estalinista – Alguém que acha que é perfeitamente legítimo roubar o que é nosso e que, melhor ainda, a forma ideal de o fazer é matando-nos.

Trotskista – Alguém que acha que é perfeitamente legítimo roubar o que é nosso, mas que tal deve ser feito com um mínimo de bom gosto. Tentando primeiro a persuasão, quando esta falhar então podem matar-nos.

Maoista – Alguém que acha perfeitamente legítimo roubar o que é nosso, bastando para tal estar na posse de armas.

Socialista – Alguém que sabe que regra geral não é legítimo roubar o que é nosso, mas que se acha suficientemente inteligente para discernir quando tal será legitimo ou não.

Social-democrata – Um socialista envergonhado que não sabe que “social-democrata” era como alguns comunistas se auto-intitulavam há cerca de um século.

Democrata-cristão – Um socialista que acredita em Deus e na preservação da tradição, especialmente a tradição que agrada à Igreja.

Fascista – Alguém que acha de mau tom roubar o que é nosso, mas que acha essencial forçar-nos a usar a nossa propriedade da forma que ele acha melhor. Se resistirmos prende-nos.

Social Fascista – Alguém que acha de mau tom roubar o que é nosso, mas que acha essencial publicar legislação que nos força a usar a nossa propriedade da forma que ele acha melhor. As parecenças com um socialista vulgar são deveras perturbadoras.

Nacional Socialista – Alguém que acha de mau tom roubar o que é nosso, mas que ainda assim o faz, sempre com o propósito mais alto de servir a pátria, nação ou raça.

Liberal Social – Alguém que acha que não se deve roubar o que é nosso, excepto quando isso dá jeito, o que é assustadoramente frequente.

Preferia nunca ter tido de escrever este texto

No Blasfemias:

Hoje, no Público, defendi que mais depressa desculpo a inépcia fatal de um governante do que a irresponsabilidade incendiária dos demagogos:
“Não se iludam: vamos ficar cada vez mais pobres.

Escrevi esta frase em Maio de 2009. Era o título de um texto sobre alguns problemas estruturais da nossa economia. Repito: Maio de 2009. Ainda Sócrates era primeiro-ministro, ainda Manuela Ferreira Leite liderava o PSD. E ainda havia economistas a assinar manifestos a pedir mais despesa pública. Foi também antes de os portugueses terem dado a vitória eleitoral a quem prometia mais Scut, mais PPP, mais Magalhães e até um “cheque bebé”.

Hoje sabemos que estamos a ficar mais pobres e não sabemos quando isso vai acabar, se é que vai acabar. Hoje alguns acham que essa pobreza deriva das intenções malévolas de políticos desapiedados, mas enganam-se: o mal já cá estava quando ninguém sequer ouvira falar de alguns desses políticos. Esse texto baseava-se num livro de Vítor Bento – Perceber a Crise para Encontrar o Caminho – onde se previa o que nos tem vindo a acontecer, do crescimento da dívida externa ao estrangulamento do crédito ou à assumida degradação de muitas prestações sociais, em especial das pensões de reforma.

Hoje estou ainda mais pessimista. Começo a duvidar que existam condições para Portugal superar as principais debilidades e até que a Europa nos possa salvar de nós mesmos. Ainda esta quarta-feira, ao escutar um programa da SIC Notícias, dei com essa figura sensata e ponderada que é Silva Lopes a recordar, com tristeza e desalento, que desde a revolução liberal, há quase dois séculos, nunca Portugal conseguiu equilibrar as suas contas em democracia – só o fez em ditadura. Horas depois li, na capa do Jornal de Notícias, que uma sondagem revelava que 87% dos inquiridos estavam desiludidos com a democracia. Isto na altura em que o “pai” da nossa democracia anda por aí a advogar a queda de um governo com apoio maioritário na Assembleia e a sua substituição por misteriosas sumidades que não identifica.

Estar mais pessimista não era inevitável. Num país que estivesse mais habituado à democracia e com uma elite mais sensata, as manifestações de sábado teriam sido recebidas como uma enorme demonstração de maturidade do povo português e incorporadas com naturalidade no processo de decisão política. Não teriam sido cavalgadas de forma oportunista por um dos líderes da coligação de Governo. Não teriam também levado a que supostos “senadores” vissem nelas uma substituição dos mecanismos da democracia representativa. Declarações como as que ouvimos esta semana seriam impensáveis em Inglaterra ou na Suécia, mesmo em França ou em Espanha, países também habituados a manifestações gigantescas. À civilidade dos manifestantes responderam alguns dos nossos políticos com uma total incivilidade.

É em boa parte esta incivilidade que nos colocou à beira de uma crise política – a maior das imagináveis tragédias – que alimenta o meu pessimismo. Essa incivilidade e a demagogia reinante, que parece ter tomado conta de todos os espaços informativos. Ainda esta semana Vítor Bento notou, num debate com empresários, que “dizem que há alternativas à austeridade”, mas ainda ninguém disse quais eram as “alternativas concretas e exequíveis”. Isso sucede, acrescentou eu, porque não há alternativas boas à austeridade. Todas são más.

Basta pensar no seguinte: em 2009 (ano de eleições) e 2010, o défice público foi de cerca de 10% do PIB. Ou seja, uns 16 mil milhões de euros. Quase o dobro de todo o IRS liquidado nesses anos. Oito vezes o corte de dois subsídios à função pública e aos pensionistas. Dez vezes o que este ano se está a cortar na Saúde e na Educação. Para trazer esse défice para zero era necessário cortar mais de um quinto de toda a despesa pública, pensões incluídas. É por isso que não é sério – não é sério hoje como não era sério no passado – sugerir que o problema se resolve com as PPP, as fundações ou os carros dos ministros. Tudo isso é importante e, sobretudo, é simbólico, mas vai para a cova de um dente. Os cortes necessários são muito maiores e muito mais dolorosos. Omiti-lo é demagogia.

Hoje sabemos como era frágil o consenso dos “80%” que apoiavam o memorando da troika. Frágil porque o PS na oposição não tem feito outra coisa senão roer a corda. Frágil porque a inépcia do Governo levou à sua ruptura com um país a dizer “não” sem saber ao que há-de dizer “sim”. Estamos como estivemos muitas vezes na nossa anterior história democrática, como recordou João César das Neves no Diário de Notícias: “O problema estava nos cidadãos honestos, nos trabalhadores patriotas, que queriam mais do que havia. Se somássemos tudo o que as pessoas comuns achavam ter direito, e calculássemos o total daquilo que os contribuintes consideravam justo pagar, os valores não equilibravam. Mesmo eliminando todos os desperdícios, abusos e roubos, o buraco permanecia. Por isso é que só havia medidas más.”

Essa anterior experiência democrática acabou em ditadura, pura e dura. Os nossos excessos actuais conduziram-nos a outro tipo de restrição das liberdades, pois vivemos sob a tutela dos credores. Mas pode ser ainda pior. Podemos perder as outras liberdades que ainda temos. E ficarmos mais pobres mais depressa. Porque, de facto, existe alternativa à actual austeridade.

Portugal pode continuar pelo actual caminho, com todas as pedras que ele tem, na esperança de equilibrar os gastos do Estado e os gastos dos cidadãos, e assim recuperar a liberdade de fazer o orçamento sem ter uma troika a ameaçar não enviar o próximo cheque. É o caminho do “custe o que custar” para chegar aos objectivos definidos.

Mas também pode escolher outros caminhos. Um é o da ilusão de que haverá alguém a pagar as nossas facturas, e que por isso podemos adiar as medidas dolorosas, que podemos “empurrar o problema com a barriga”. É mais ou menos o caminho que seguimos nos últimos dez anos com os resultados que estão à vista de todos. Outro caminho é deixar de pagar as dívidas, mesmo que lhe chamemos outro nome. Já outros o fizeram, mas os cortes foram então mais brutais e incontrolados. E também podemos sair do euro. Se calhar até devemos sair do euro. Não se falará mais de TSU ou de desvalorização fiscal, porque a desvalorização do novo escudo não será de 7%, talvez seja de 40%. Já não será preciso pedir ao BCE para imprimir mais dinheiro, o nosso Banco de Portugal fá-lo-á freneticamente. Escolhas não nos faltam.

Por vezes interrogo-me se não seria melhor preparar já este último cenário, por muito apocalíptico que ele nos surja. É que se o Governo e o primeiro-ministro têm a maior das responsabilidades na forma como perderam o país, choca-me muito mais a irresponsabilidade do CDS e do PS, ambos lestos a cavalgar a onda do descontentamento e ambos omissos sobre as suas próprias responsabilidades (do CDS na TSU, do PS no estado a que levou o país) e sobre as suas alternativas. Helena Garrido teve razão quando ontem escreveu, no Jornal de Negócios, que, “para Paulo Portas e António José Seguro, é mais importante garantir votos de curto prazo do que defender o interesse de Portugal e respeitar os sacrifícios que os portugueses já fizeram”. Assim como me choca o silêncio incendiário do Presidente da República, que depois de múltiplas intervenções desastradas deixou que se instalasse a percepção de que fala por interpostos “cavaquistas”. Fez até pior: convocou Vítor Gaspar para o Conselho de Estado, um gesto inédito na nossa história constitucional que é uma facada nas costas do primeiro-ministro.

Portugal chegou onde chegou porque teve os líderes que teve. Não apenas os dos últimos anos, mas os das últimas décadas. E também por causa dos partidos que tem. O meu pessimismo não reside nas pessoas que se sacrificam e se revoltam, pois isso é corajoso, é natural e é saudável. Deriva sim dos que as enganaram e enganam, vendendo eternas ilusões.

Isto ainda acaba bem pior do que já está.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Para o fim-de-semana, com amor


Caros confrades e amigos/as

 Não, não venho falar-vos de absurdo e de desespero - apesar de tudo o que se passa e, temo, irá passando no país, na nação, na pátria.

 Como exemplo mínimo refiro-vos apenas, num segundo, isto que pude constatar pessoalmente: durante bastante tempo as leis que tinham a ver com a circulação automóvel foram deixadas ao deus dará. Com o típico desleixo das administrações e o típico desprezo para com o cidadão luso (?) as Finanças deixavam tudo no vago - e o cidadão desprevenido no vago ficava...

 Pois há meia-dúzia de dias, agora que o Estado está com as calças na mão e tenta, desesperadamente (digo eu com boa-vontade e carinho, pois se calhar o desespero é mas é nosso!) arranjar dinheiro dê lá por onde der, lembraram-se que haveria carros já na sucata ou mesmo já inexistentes, a quem chamar à pedra.

 Vai daí, mihares largos de pessoas começaram a receber da repartição de assuntos tributários, como agora se chamam aqueles serviços, cartas para que pagassem os selos de circulação desses antigos veículos já a fazer tijolo.

 E embora muitos, creio que se calhar todos ou quase todos, tenham apresentado ou estejam a apresentar declarações em como esses carros não circulam (porque não existem) há vários anos, vão ter que pagar selos - em paralelo aos que pagaram pelos carros que de facto utilizaram/utilizam a partir do falecimento dos outros.

 Ou seja e como se diria ironicamente, com uma magoada ironia: nos tempos de Salazar havia mortos que votavam, agora há carros fantasmas que circulam ainda que estejam há anos no pó dos cemitérios de popós, mortinhos da silva!

 Mas vamos ao que de facto importa, que isto foi apenas detalhe em tempos de crise (que nós povinho não provocámos, mas que teremos de pagar porque estamos cheios de pecado, para usar esta expressão para-religiosa...de alguns lúcidos comentadores!

 Quero eu dizer sim que vos remeto, em anexo, um texto analítico - que irá sair em diversos órgãos de comunicação, interactivos e não interactivos, no país e no estrangeiro - em que me debruço sobre um excepcional acervo de foto-colagens dum dos mais representativos autores brasileiros de hoje (como poeta e ensaísta, como tradutor e interventivo viajeiro em toda a América, sendo uma verdadeira placa-rotativa para confrades, para vozes da criação artística, para acções de criatividade em transversal postura): Floriano Martins, de que também vos dou em iluminação 4 dessas Máscaras a que o acervo se reporta e que foram o leit-motiv duma Exposição recente no país irmão.



 Bom fim-de-semana, tanto quanto possível.




 SOBRE  MÁSCARAS de Floriano Martins


Floriano Martins, O intervalo da sílaba
1.    


  As máscaras como representação geral

     Quando se trata com máscaras, procura-se ir para além do lugar comum: máscara como disfarce, como alegoria, como simulação teatral? “Bem te conheço, ó máscara!” é aliás locução conhecida, inscrita num cenário ou de festa ou de período carnavalesco mas que contudo não esgota o significado que a máscara pode ser ou inevitavelmente é em circunstâncias específicas. E muitas vezes tal asserção transtorna os imaginários por esta razão muito simples: a máscara é uma projecção de nós nos outros, havendo todo um “background” histórico que nos impele numa determinada direcção, pois de acordo com especialistas a máscara começou por ser encenação ritual no encalço da imitação do rosto dos “deuses” ou do que como tal se tomava. E depois, com o correr do tempo, esvaziado que fôra esse sentido primevo, passou a ser uma simulação de cariz sacerdotal, dentro dum sagrado já perdido enquanto visão imanente ou dependente dum real que se contemplara.

   Ultimamente, neste nosso tempo dessacralizado e filho dum inconsciente colectivo ou dum subconsciente forjado pelas publi-imagens, ou imagens de substituição, multiplicaram-se as fantasias como por exemplo as provenientes da cultura de massas ou cultura popular assim chamada. Por exemplo as fantasias à Batman que, nesse caso, são a face normalizada e em versão cinéfila dum dos mais antigos mitos do Homem revisitado pelo marketing hollywoodesco: o vingador que sai das sombras mas é portador da luz, o anti-minotauro que, por razões diversas e muito próprias (megalomania positiva, adesão a monomanias justiceiras animais, fervor pelo insólito) resolve colocar os seus poderes de máscara poderosa ao serviço da comunidade ferida pelas prepotências diversas. Que é como quem diz: uma espécie de activista imerso em penumbra planejada que, em vez de transportar consigo soluções sociais permitidas, políticas, de cidadania legitimada, traz para o mundo da razão a força dos seus músculos e o engenho da sua perspicácia num universo societário e conceptual paralelo mas que se torna benéfico e reconfortado (reconfortante?). E a quem a comunidade quotidiana, sem máscara ou com a máscara transparente dos direitos frente aos díscolos, aplaude com ardor, enlevada pelas façanhas desse transformado cuja missão é transformar/modificar  sem se dar a conhecer no seu contexto de personalidade civil.





Floriano Martins, A garrafa esfomeada


   Nesta perspectiva particular a máscara propõe pois o indizível, o impossível aos que não dispõem desse artefacto que pressupõe poderes mais vastos e eficientes. Sem a sua máscara, no caso vertente, o homem-morcego não passa dum argentário vulgar, algo excêntrico e snob mas apenas dono de um lirismo um pouco ingénuo que o aproxima do diletantismo de filho-família. Mas assim que assume a máscara o personagem muda literalmente de figura…

   Sendo uma clara face de substituição, mesmo de transfiguração como ficou sugerido, a máscara é igualmente uma projecção dos nossos continentes submersos, das partes demasiado sugestivas e reveladoras do duplo que se acoita nos nossos compartimentos mais recônditos e que através dela é acordado para as actuações que doutra forma não teriam ensejo de se manifestar. Através da máscara que nos vela e nos esconde, paradoxalmente mostramos então a parte oculta da nossa Lua pessoal. Ao mesmo tempo que nos disfarça, a máscara revela/desvela: o que somos intimamente ou, dizendo doutro modo, o que sem máscara nunca patentearíamos à realidade circundante e colectiva.

   E sendo o teatro (ou o theatrum mundi), como é, a assunção plena da máscara, natural se torna que todos sejamos um pouco actores, ora num plano de recusa ora no da aceitação de uma certa estratégia de saber viver numa sociedade em que as mais graves encenações se apresentam contemporaneamente de forma “aberta” mas num universo em que o grosso da população praticamente perdeu a privacidade na polis em que os donos da realidade fingem que tudo continua a existir normalmente. (Quem não sabe que, hoje por hoje, o reino dos que mandam no quotidiano é uma completa mascarada?).

   Nesta conformidade, o grande e real perigo que nos espreita é que a máscara se nos cole à cara, fazendo com que o imaginário encenado, para uma hipótese mínima de defesa, passe para o lado de lá do palco.

  Que é como quem diz: para o lado de cá da existência em sociedade…





Floriano Martins, A colheita de acasos


2.     As máscaras como representação do artista

   Neste impressionante acervo de quarenta e cinco máscaras proposto por Floriano Martins o que de imediato salta aos olhos é a sua modificação expressiva. Não são máscaras, digamos,  para usar mas para contemplar, para ver, na verdade para que o destinatário – que é o público em geral, se assim me exprimo – se encontre frente ao mistério que elas sugerem. Que elas são – constituindo matéria ora de maravilhamento ora de espanto, ora de inquietação (ora mesmo de medo) frente ao inusitado da transfiguração.

  E tal facto é sublinhado pelos títulos que as certificam, que obviamente as definem tanto no mundo da expressividade como no do humor negro, da surpresa e da eventual estranheza que ante elas se sintam. Máscaras de teatro? Não o afirmarei. Máscaras sobretudo de arte criada por intermédio duma vivência em que o experimentador joga com um certa tradição mas principalmente com os contrastes mais íntimos de quem as pode observar, num jogo incessante (incessado?) de sugestões e de procuras propiciado pelas novas tecnologias de que dispõe hoje em dia um autor plástico capacitado.

    Pela visão do conjunto percebe-se, sente-se, que a máscara com que estamos a contas é todo um engendro patenteado em diferentes recorrências, em diversas visualizações, em diversas montagens calibradas por uma ideia base: elas trazem já em si corpos, transportam subjacentes transmutações carnais, são já o elemento humano que em si-mesmo se transfigurou, se projecta então num universo multifuncional e objectivo que só neste mundo ficcionado cobra a representatividade que lhe é própria fazendo jus à frase canónica de que a Arte, afinal, não é uma verdade mas uma mentira que torna possível a Realidade. Ou seja, por palavras operativas eficazes: que, transtornando a “verdade” que é a mentira global societária em que subsistimos (em que conseguimos ir subsistindo?) atinge e consagra uma realidade mais funda, ou apenas realmente verdadeira, para além do Bem e do Mal que os controladores sociais apresentam como inevitáveis. E que não são mais que impostura num contexto por eles criado e mantido e onde tentam que não tenha lugar a imaginação criadora, pedra philosofal da Liberdade.

   E nestas máscaras compósitas integrando uma intenção, como em toda a verdadeira obra artística, não se detecta uma mística nem mesmo uma metafísica – inúteis e complicativas, alibis para encandear ingénuos ou os que por razões específicas vivem afastados (pois os afastaram) do conhecimento verdadeiro e da sabedoria possível. Estão ali, frente aos nossos olhos, na sua naturalidade e na sua nudez real (e consequentemente surreal, que é a realidade em todas as direcções), constituindo corpo concreto ainda que solúvel numa globalidade que por estes meios se desamarra.

   Aqui, nelas, “on ne peut évidemment s’atendre à une autre jugement sur ce symbol”, como referia Guillaume d’Auvergne citado por Justin van Lennep, “senão àquele que era comum aos alquimistas e aos sábios de antanho”.





Floriano Martins, A garrafa escorregadia

   E é este o justíssimo intuito, a meu ver, deste autor que me habituei a estimar – entendendo nesta palavra o que de salubre e de fundamental existe numa criação visando a permanência duma proposta transfiguradora e, para tudo dizer, intemporal.

                                                      Casa do Atalaião de Portalegre, Setembro de 2012
                                                                                                      Nicolau Saião
     
   (Os textos de ns não seguem os preceitos do Acordo Ortográfico)

Fanatismo disciplina o Modernismo secularista




Um novo texto enviado por António Justo.


O Estado protege Criminosos e negligencia os Cumpridores da Lei

A maneira como a política e a sociedade reagem à provocação de caricaturistas e à violência islâmica favorece a confusão das mentes. Uma arte banal e de mau gosto quer provocar os sentimentos religiosos de pessoas crentes, mostrando Maomé nos braços duma mulher nua, o Papa de nádegas nuas, Jesus como homossexual, etc. Quer-se desviar a atenção das pessoas dos problemas reais para discussões paralelas, servindo-se assim os extremistas muçulmanos e uma economia liberalista agressiva e desumana, como se os valores do Ocidente se reduzissem à liberdade de expressão. Nos baixios de sociedades em desgraça domina a satisfação baixa do rir-se uns dos outros.

No que diz respeito à avaliação da liberdade de expressão na arte, a sociedade ocidental usa dois pesos e duas medidas. De facto, um Islão militante consegue conquistar compreensão e até respeito pelas manifestações violentas contra a sua difamação, como se vê na discussão pública e na reacção da política. A violência e o medo, daí resultante, determinam a lógica e a argumentação pública. Segundo comentários políticos, a gravidade não vem do acto em si mas das possíveis reacções a ele. A arbitrariedade dos argumentos a favor e contra ultrapassa a razão e a ideia de liberdade.

Chega o cinismo duma caricatura, o fanatismo de "Innocence of Muslims", ou a ganância duma editora que, para atrair as atenções, publica uma caricatura de Maomé na certeza que as mesquitas movimentarão (às sextas-feiras, depois das orações rituais) enormes massas, chegando aí a serem legitimados actos de violência criminosa.

Há um vídeo anti-islâmico. Há também muitos filmes e caricaturas anticristãos. Por exemplo, aqui na cidade de Kassel a "Caricatura" tem uma exposição de caricaturas. Numa delas Deus Pai diz para o filho Jesus na cruz: "Eh tu, eu fodi a tua mãe!" Os responsáveis de “Caricatura”, apesar do protesto escrito de cristãos, continuam a exibir tal caricatura em nome da arte e da liberdade de expressão.


A publicação de caricaturas ridicularizadoras do maometanismo é considerada perturbação da ordem pública por ferir os seus sentimentos religiosos; a ridicularização de símbolos cristãos não é relevante. O mesmo público que condena a acção provocadora de caricaturistas ofensores do Islão, acha normal e até sinal de liberdade a difamação de símbolos cristãos. Será que se pensa que os cristãos não têm sentimentos religiosos ou que são demasiado tolerantes?

Se o radicalismo e a violência passam a ser o critério de orientação para avaliação e decisão na sentença pública, então a política e a opinião publicada dá a perceber que os cristãos para serem tomados a sério e ouvidos, teriam de se tornar violentos e radicais. Dado a política tomar mais a sério a violência/medo do que a atitude pacífica descrimina a agressão pela positiva e a atitude cristã pela negativa. No mundo ocidental chegou-se ao extremo de quem nega as suas fontes (greco-judaico-cristãs) e difama o cristianismo é considerado progressista e defendido como representante da modernidade.

Um secularismo impúdico ao apoderar-se das democracias e dos órgãos de Estado dá cada vez mais margem ao extremismo, numa tática de submeter a razão ao medo e ao oportunismo. A perversidade do pensamento e da moral encontra-se na ordem do dia e agindo em nome duma democracia medrosa e envergonhada. Nela parece valer cada vez mais a máxima: direito recebe-o quem perturba a paz pública ou os lóbis parasitas que se assenhorearam dos Estados!

Naturalmente que aqui está mais em jogo do que a mera liberdade de expressão!

Ao fanatismo do "Innocence of  Muslins", segue-se o fanatismo de massas maometanas; à tolerância cristã, nas sociedades ocidentais, segue-se o abuso do fanatismo secular.


Por outro lado, Estados de cultura árabe estão habituados a mandarem na sua terra ao ponto de incendiarem igrejas, perseguindo crenças não maometanas, sem que alguém os moleste por isso. Além disso querem mandar na casa dos outros sob o manto da hegemonia da religião. A reacção da política e dos Média, bem como a intervenção da Nato nas suas regiões, tem-lhes dado razão.

O abuso com filmes e com caricaturas contra a religião cristã tem sido protegido e querido pela política ocidental. Agora chegam estes estrangeiros a chamá-la à reflexão. Será um abuso eles quererem impor a sua ordem na casa dos outros?

Também é um facto que o secularismo tem abusado e engordado à custa do sentimento religioso cristão. O medo do poder secular da Europa perante o sentimento religioso muçulmano irá fazer aplicar leis anti-difamatórias da religião, de que indirectamente aproveitarão os cristãos. Os de fora vêm impor respeito pela religião! E de que maneira! Pelos vistos o braço secular parece entender mais de violência do que de paz!

Encontramo-nos perante um paralelismo intrigante: depois dos Descobrimentos as vítimas de perseguições religiosas na Europa emigraram para a América em fuga ao fanatismo reinante; essa mesma Europa vê hoje o seu liberalismo extremo questionado pelo fanatismo árabe. Há que procurar uma nova estratégia de diálogo sem recorrer à blasfémia, à difamação, à exploração nem a grosserias; segundo a desleixada máxima cristã: na humanidade reside a divindade! Cada pessoa, crente ou descrente, é filho de Deus!