quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Enquanto as renováveis estão em lume brando, as economias mantêm-se em banho-maria



No Agência Boa Imprensa:

A tendência de estender os poderes da União Europeia (UE), com pretexto de tirá-la da crise, caracteriza a “fase final” da destruição da democracia e dos estados nacionais, alertou Václav Klaus, presidente da República Checa, país membro da UE. Klaus foi um dos líderes do movimento que derrubou o comunismo em seu país e agora denuncia a UE, porque nela os países “vão se tornando uma província inexpressiva”. “É uma ironia da História” – acrescentou. “Nunca teria imaginado em 1989, que hoje estaria fazendo isto: pregar os valores da democracia”. Compreende-se por que muitos cidadãos europeus adotem o slogan “União Europeia = União Soviética”.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Do fundo dos tempos: "Palestina"?


Burt Rutan on Climate Change - WUWT-TV November 14th 2012


Conheço gente, presente no congresso do BE, que não faria cara feia à notícia




Que vem aqui:


Um conhecido deputado húngaro de extrema-direita, Márton Gyöngyösi, gerou uma onda de indignação depois de pedir que sejam feitas listas de quantos judeus vivem no país, escreve o El Pais.

Gyöngyösi fez esta declaração no Parlamento, a propósito da posição do Governo húngaro face ao conflito israelo-árabe, que passa pelo apoio a uma solução pacífica com dois Estados, que beneficie tanto israelitas com ascendência húngara como palestinianos que vivem na Hungria.

O deputado disse que já sabe «quantas pessoas de ascendência húngara vivem em Israel e quantos judeus israelitas vivem na Hungria». Agora, pede também que se façam listas com os judeus que existem no Governo e no Parlamento.

O partido de Gyöngyösi chama-se Jobbik e é a terceira força política do país, com 44 deputados de um parlamento com 386.

À atenção da esquerda, do sr. Arménio Carlos e dos portugueses em geral



(imagem obtida aqui)

Vem escrito aqui (julgo que, pelo menos, parte disto também se encontra estabelecido na Alemanha):


A maneira como se vive e pensa o trabalho em Portugal tem muito pouco a ver com o modo como os países do Norte da Europa o perspectivam. A questão é debatida esta quarta-feira à tarde na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, pelos embaixadores da Noruega, da Finlândia, da Dinamarca e da Suécia em Portugal, com a participação do secretário de Estado do Emprego, Pedro Martins. 

A Renascença falou com alguns dos protagonistas para saber que medidas concretas Portugal deveria "importar" e aplicar no mercado de trabalho nacional. 


Governo com papel secundário nas negociações laborais na Noruega 
O embaixador da Noruega, Uva Thorsheim, considera que as negociações em matéria laboral devem ser menos centralizadas – ou seja, o Governo deve ter um papel secundário, para que as relações entre patrões e empregados sejam mais transparentes.

“As negociações são tripartidas, temos os empregados, temos os trabalhadores com as uniões sindicais e depois, se necessário, temos o Governo. Não começamos com o Governo. Temos como ponto de partida que a paz é bom para os lucros e ambos, empresa e trabalhadores, vivem dos lucros. E concordamos em que os trabalhadores recebam parte dos lucros”, explica. 

O embaixador norueguês destaca também alguns benefícios sociais que permitem melhorar a competitividade dos trabalhadores, como a possibilidade de ficar em casa se os filhos ficarem doentes sem ter o salário reduzido. 

“Isso permite que as pessoas admitam depois ter dias de trabalho mais longos. São condições de trabalho que tornam possível ter uma família e trabalhar ao mesmo tempo”, defende Uva Thorsheim. 


Negociação laboral ajudou a recuperar emprego na Finlândia 

A Finlândia já viveu um período negro. Na década de 90, teve uma elevada taxa de desemprego. O seu representante em Lisboa, Asco Numinen, diz que uma das medidas que ajudou à recuperação da economia do país foi a negociação laboral: é descentralizada, feita ao nível local, empresa a empresa, entre patrões, sindicatos e empregados. 

“As negociações são feitas por comissões industriais, que têm lugar ao nível das empresas e são resolvidos ao nível das empresas de acordo com a situação económica de cada uma delas”, conta. 

O diplomata destaca a ainda a mobilidade no trabalho existente no seu país, factor que contribuiu para melhorar a competitividade. Mas Asco Numinen lembra que existe uma lei na Finlândia específica para proteger a segurança na mudança. 

“Se tiver uma empresa que vá à falência, por exemplo, de acordo com esta lei há uma obrigação da companhia de cooperar com as pessoas que ficaram desempregadas e o Estado também tem de participar com o seu contributo, de modo a garantir que nenhum desempregado fique sem ajuda. Terá formação para poder ser reintegrado noutra empresa”. 


Dinamarca aposta em mobilidade e protecção 
Para o embaixador da Dinamarca em Lisboa, Hans Micaell Koloed-Hansen, a mobilidade no trabalho é a chave para melhorar a competitividade num país, mas para tal, reforça, tem de haver protecção para quem fica no desemprego. 

“Na Dinamarca, as pessoas mudam de emprego com grande frequência, em média de três a quatro anos. Na maior parte das vezes, com um salário melhor, mas esse não é o ponto. Número dois, isto só é possível porque os empregados assim o desejam ou porque patrões querem mudar. Por outro lado, existe um elevado nível de protecção social para todos aqueles que estão sem trabalho”, explica o diplomata. 

Por outro lado, Hans Micaell Koloed-Hansen considera ser necessário que a negociação laboral seja feita pelos trabalhadores e patrões: são eles que conhecem a realidade das empresas. 

“Nós desenvolvemos um modelo em que os patrões, os empregados e os sindicatos podem e devem decidir porque são eles que conhecem bem a situação local…e são eles que sabem o que é preciso fazer”, descreve. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Do ridículo

Ninguém explica a Heloísa Apolónia do PEV que os seus discursos no parlamento são completamente ridículos? Apolónia, ou não tem a mínima noção da figura que faz, ou então julga que disse alguma coisa de jeito com aquela conversa de indignado de café.

domingo, 25 de novembro de 2012

Branca de Neve procura emprego - Alberto Gonçalves (4)






É provável que uma hipotética saída da União Europeia agravasse ainda mais a nossa situação económica. Mas talvez melhorasse a nossa saúde mental. No meio de uma crise que coloca a sua própria existência em risco, o Parlamento Europeu dedica-se a demonstrar que não se perderia muito: não satisfeito por possuir uma absurda Comissão dos Direitos da Mulher e Igualdade dos Géneros, o PE permite que a dita comissão se alivie de palpites acerca de matérias que sempre os dispensaram.

Até agora, essa destravada fraternidade tentava interferir no mundo real e entretinha-se a propor quotas em empresas e delírios assim. Agora, soube por Helena Matos (blasfemias.net), a referida Comissão avança para o mundo da ficção e quer abolir das escolas ou no mínimo temperar a influência das obras literárias infanto-juvenis que atribuem papéis "tradicionais" aos elementos masculinos e femininos da família. Livrinho em que o pai saia para o trabalho e a mãe fique a cuidar da prole irá, se a coisa vingar, directamente rumo ao index dos eurodeputados.

O index será vasto. Não estou a ver nenhum clássico da literatura do género em que a personagem do marido passe os dias a mudar fraldas e a da esposa assuma um lugar de relevo na sociedade. Mesmo na "Branca de Neve", que está longe de representar um agregado familiar retrógrado (conheço pouquíssimas senhoras que coabitem em simultâneo com sete cavalheiros, para cúmulo de estatura alternativa), a verdade é que a heroína trata das arrumações caseiras enquanto os seus sete parceiros labutam nas minas. E quanto a Huckleberry Finn, criado na ausência da mãe e na presença de um pai alcoólico, erradica-se ou não? E os órfãos de Dickens? E, uns degraus abaixo, os pobres sobrinhos sem tia da Disney? Além disso, a Comissão dos Direitos da Mulher e Etc. é omissa no que toca às fábulas. Se, por exemplo, é indesmentível que, ao invés da cigarra, a formiga trabalha como uma desgraçada, nem Esopo nem La Fontaine sugerem que a dita seja fêmea e unida pelo matrimónio a um formigo que colabora nas tarefas do lar e respeita o "espaço" da companheira. Que obras, em suma, corresponderão aos requisitos de igualdade? Há uma imensidão de dúvidas.

Por sorte, há um PE recheado de certezas, que reivindica à Comissão Europeia legislação capaz de regulamentar (um verbo predilecto) o equilíbrio conjugal nas histórias para petizes - no papel e também no cinema, na televisão, na publicidade e onde calhar. O argumento (digamos) é o de que os "estereótipos negativos de género" minam a "confiança" e a "auto-estima" das jovens, limitando as suas "aspirações, escolhas e possibilidades para futuras possibilidades [a repetição não é gralha] de carreira". Quem fala assim não é gago: é semianalfabeto na medida em que escreve com os pés, arrogante na medida em que submete a liberdade criativa à engenharia social e um bocadinho maluco na medida em que confunde a fantasia com o quotidiano.

Não tenho opinião sobre os modelos imaginários que devem orientar as criancinhas. Em compensação, parecem-me evidentes os modelos palpáveis de que as criancinhas devem ser protegidas a todo o custo - a menos, claro, que os pais lhes desejem um emprego em Bruxelas, a incomodar o próximo para entreter o ócio e realizar uma vocação.

A petição do sr. Arménio - Alberto Gonçalves (3)





(foto obtida aqui)


A formidável figura que atende pelo nome de Arménio Santos anunciou que, até ao fim do mês, a CGTP lançará uma petição em defesa do Estado "social". Se funcionar, abrirá um importante precedente a petições idênticas em defesa do sol, do esmalte dentário e da rima emparelhada. Claro que depois faltará apurar a melhor forma de impedir a chuva, a cárie e o verso branco. Porém, do alto da profundidade intelectual que a caracteriza, a CGTP já decidiu como evitar o avanço do "neoliberalismo" (?) e proteger a sua dama: através de políticas de crescimento económico.

Assim apresentada, a metodologia resume-se ao seguinte: se o Estado gastar mais dinheiro, o Estado terá mais dinheiro para gastar. Não parece viável. A experiência portuguesa recente basta para um leigo suspeitar que quanto mais se gasta, com menos se fica. Excepto, naturalmente, quando há outras fontes de rendimento que compensam a despesa. Mas quais? Os impostos? Sempre que aumentam os impostos os sindicatos saem à rua. A ajuda externa? Esta nunca é incondicional e, perante as condições, os sindicatos saem à rua. A espoliação dos ricos? A perseguição das fortunas leva à fuga de capitais face à qual os sindicatos saem à rua. Nacionalizar tudo o que se mexa, rasgar o memorando da troika, abandonar o euro, sair da UE e viver na autogestão e na absoluta indigência durante décadas? Estou em crer que a última hipótese contentaria os sindicatos e anunciaria o Estado "social" com que o sr. Arménio sonha e que inclui: o serviço de saúde cubano (o dos nativos), o sistema de transportes da Albânia (a de Hoxha) e as regalias laborais da Coreia (a do Norte).

Se semelhantes progressos configuram uma alternativa plausível e amplamente desejada, óptimo e até à próxima. Se não configuram, convinha parar de atribuir aos sindicalistas caseiros a credibilidade que nunca mereceram e, em nome de um esboço de sanidade, deixar de os levar a sério. Para este circo em forma de país, basta a abundância multipartidária de malabaristas, trapezistas e ilusionistas. Dispensa-se a rábula cómica.

David e a "opinião pública" - Alberto Gonçalves (2)






Enquanto os senhores que mandam em Gaza recusam aceitar a existência de Israel e fazem o que podem para torná-lo inexistente, Israel não procede da mesma forma com os seus intolerantes vizinhos. O motivo? Israel é uma sociedade civilizada e Gaza uma ilimitada barbárie.

Porém, esta ligeira diferença não chega para iluminar a avaliação geral do conflito, que continua a ser tratado pelos media e por boa parte do público como um "embargo" israelita, entrecortado por "agressões" israelitas aos psicopatas do lado. O consenso actual, portanto, acha que proteger a fronteira de homicidas armados e reagir ocasionalmente aos respectivos e sistemáticos ataques constitui uma violência sem desculpa nem perdão. Na terça-feira, por exemplo, as notícias davam conta de um cessar-fogo na região e, em simultâneo, de uma explosão num autocarro em Telavive. Na quarta-feira, o mesmo noticiário de uma rádio nacional informava acerca das tréguas e dos mísseis que continuavam a cair sobre o Sul de Israel. Etc. Perante isto, é lícito inferir que o uso da força só é reprovável quando perpetrado pela proverbial "nação judaica": o belicismo incessante do Hamas é tomado à conta de necessidade genética ou exotismo cultural.

Não tenho dúvidas de que, caso a Galiza jurasse exterminar Portugal e decidisse presentear o Minho com bombardeamentos quase diários, o nosso país enviaria um comité de boas-vindas para Valença e responderia aos mortos mediante a organização de duas ou três jornadas gastronómicas em Vigo. Mas isso somos nós, portugueses, compreensivos e fraternos. Já os judeus não são de fiar pelo menos desde que, apenas para evitar a escravidão dos seus ou minudência afim, o malvado David apedrejou e decepou o amável Golias, mercenário dos filisteus, povo de Gaza.

Epitáfio de uma polémica - Alberto Gonçalves (1)




Resumindo muito, para não ocupar espaço com assuntos que, no máximo, interessam a cinco alminhas. Há três semanas, estranhei aqui que o escritório de advocacia de António Arnaut, a quem os devotos chamam o pai do Serviço Nacional de Saúde e orgulhoso defensor da gratuitidade que os contribuintes pagam, mantivesse uma avença remunerada com a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), instituição com fortes ligações ao dito SNS. Na volta do correio, António Arnaut escreveu ao director do DN furioso face às insinuações do que, caso fosse exacto, ele admite que não seria censurável. Resta que não é exacto: a António Arnaut e Associados apenas mantém o nome e um filho do fundador, que esclareceu ter abandonado a prática jurídica há cerca de dez anos. Na volta da volta do correio, reconheci o erro e indiquei a António Arnaut as razões da confusão. Hoje, aproveito para confessar-me ainda mais confuso, após mão amiga me enviar evidência de que, pelo menos em 2008, António Arnaut integrou a Assembleia para a revisão dos Estatutos da referida ESEnfC. Fico sem perceber se o indivíduo em questão é o próprio António Arnaut, o filho citado ou outro parente que enverga tão digna graça. Em qualquer das hipóteses, é engraçado.

Momentânea defesa do serviço público

Há um ponto comum a muitos devotos do fado e a muitos dos que, como eu, não o são: Beatriz da Conceição é, de longe, a maior voz do género depois de Amália. Na quinta-feira à noite, a RTP2 dedicou-lhe um programa inteiro, parte documentário, parte entrevista. O programa espantou por não ser mau e por não ser póstumo. É por estas e por (escassíssimas) outras que, às vezes, me apetece desejar que a RTP não desapareça. Mas a seguir a estação do Estado retoma a programação do costume e a toleima passa-me. A arte da dona Beatriz é que não.

Já ninguém segura Hollande!

No 4R:
Já ninguém segura Hollande nas políticas de austeridade. Depois de cortar no Orçamento francês, agora também quer cortes no Orçamento Europeu. A França não vai dar mais dinheiro. Ele, o grande apostador no crescimento pela via orçamental e dos grandes projectos europeus!... Seguramente inseguro começa a ficar Seguro, vendo assim tão rapidamente esvair-se a aposta em tão insigne patrono e mestre. Porque, aposta por aposta, também agora Hollande coloca as fichas na austeridade, para chegar ao crescimento. Vá lá entender-se Hollande!...

Um bom exemplo...



... do nível civilizacional, cultural e humanista que os c... assassinos desses israelitas e os Estados Unidos e os ocidentais capitalistas todos juntos nunca hão-de chegar! Ora cliquem, p... orra!

sábado, 24 de novembro de 2012

Se a tanto me ajudar o engenho e arte


O rompimento do cessar-fogo contado pelo Jornal Público

No Lisboa - Tel Aviv:
Palestiniano morto por disparos israelitas na fronteira com Gaza é um belo titulo, mas ao contrário do que diz o jornal que o publica, este não foi o primeiro incidente após o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O primeiro incidente ocorreu 57 minutos após o cessar-fogo e consistiu no disparo de 12 rockets a partir da Faixa de Gaza contra Israel.
Aquando do início das hostilidades que deram origem à Operação Pilar de Defesa, alguma imprensa - entre a qual se encontra o Público - só deu as primeiras notícias sobre o assunto quando Israel ripostou. Na altura as parangonas eram Israel ataca Gaza. O mesmo se passa agora com o primeiro incidente após o cessar-fogo: os grupos radicais palestinianos provocaram-no, mas é Israel que surge nos cabeçalhos como sendo o responsável.
Leitura complementar:
mais de 2000 rocket


Partido dos "trabalhadores"


PPP: o "povo" excepto pretos, pobres e putas.


"O editorial de ontem do Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sobre-a-era-medieval-,962486,0.htm) notou que a 'descoberta' do medievalismo das nossas prisões tem sido mote para tentar transformar as penas de prisões dos mensaleiros em penas pecuniárias. Da mesma forma, no editorial de hoje (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ha-quem-sonhe-com-um-golpe-,96288...) o editorialista volta ao tema do inconformismo dos líderes petistas com a condenação dos seus, sugerindo que há um anseio totalitário dessas pessoas. Um perigo para as instituições democráticas."

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

ROSTOS PARA UM MUNDO





L. S. Lowry, Punch and Judy, 1943



  Desde há milénios que o Homem, sem cessar, pergunta aos arcanos maiores: quem somos, donde viemos, para onde vamos? Porque se o princípio do Mundo foi ruído e tempestade, a seguir começou a ser interrogação e memória. E o Homem no afã de reconhecer o seu rosto busca-se através das Idades.

   Qual o rosto do Homem? Qual o rosto humilde ou senhoril pelo qual o Homem se pode reconhecer? A História do Mundo, na verdade, é a história da procura – umas vezes desesperada, outras vezes esperançosa – com que o Homem ergue o signo da sua presença completa.

   O espelho da Humanidade é o viver quotidiano. Mas por dentro do quotidiano há imagens cuja origem urge determinar. Pois só assim se compreenderá o mistério que todo o momento, todo o minuto, seja de trabalho ou de festa, de contentamento ou de melancolia, transporta consigo.





   Homem significa permanência. A criança, o velho, o adolescente, são sinais erguidos na vasta correnteza da vida. A paisagem é ou pode ser uma habitação esparsa, não contida, propagando-se no mundo como o vozear da multidão – ou a serenidade de alguém que está só. Os detalhes também são permanência: por eles nos guiamos para reconhecer o segredo da existência. E por isso se diz que tudo conta, assim como numa vida humana nenhum minuto se desbaratou. Porque na vida humana tudo o que se cria se transforma.

   O rosto do mundo está por vezes repleto de amargura. Devemos saber que se a vida tem uma parte de abnegação, o peso dos sacrifícios não deve contudo manchar os múltiplos vértices com que o Homem pontua a sua caminhada. Por isso devemos perguntar-nos: aparentemente semelhantes, as notas da sinfonia vital diferenciam-se por que timbre? Se nos sentimos distantes do conhecimento que se procura, da realidade que se quer atingir, é necessário ter a coragem de nos interrogarmos conscientemente, de conscientemente interrogarmos o mundo que nos cerca e em que nos inserimos.




   A vida, a morte, o medo, a alegria, o sofrimento. Temas maiores para o verdadeiro rosto do Homem, para o autêntico rosto do Mundo. O Mundo e o Homem são realidades absolutamente ligadas, mesmo quando tal parece não se verificar. O que os liga é o génio de uns poucos, o talento de mais alguns, a interessada solidariedade de muitos mais. É importante que pouco a pouco esta corrente desenvolva a sua robustez através do que de mais nobre, mais harmonioso se criou através dos séculos.

   O passado, quer o queiramos ou não, liga-se ao futuro pelo presente. Em qualquer lugar da Terra foi assim. As imagens menos nítidas, mais arbitrárias em aparência tornam-se compreensíveis se a elas ligarmos o sinal do Homem, o seu rosto luminoso. Porque o Mundo existe. E o Homem existe. E existe a Terra, o firmamento, tudo o que está ou pode vir a estar ao alcance do nosso deslumbramento.





   Que mundo amanhã?


Nota – A propósito, ou sublinhando, a exposição “Cem Rostos do Alentejo” patente em Gáfete (Distrito de Portalegre) e da autoria de Ribeirinho Leal.

São rostos daquela localidade do Alentejo profundo – mas podiam ser, creio, de uma irmã e semelhante de qualquer outra parte.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Os mísseis invisíveis



Em paralelo com as imagens de intensos bombardeamentos em Gaza, vemos imagens... de arquivo dos mísseis “iranianos”?!? Como é? Não há imagens dos mísseis nos radares, a cruzar os céus, a fazer estragos? Num país cheio de câmaras de vigilância, de telemóveis, tão empenhado na autopropaganda, ninguém tem uma imagenzinha para dar aos media? Só a daquele automóvel incendiado que apresentava... furos de balas???? (essa parte já foi retirada das últimas imagens que vi).

E os media, passam filmes de arquivo sem dizerem que são filmes de arquivo para que asa pessoas fiquem a pensar que são imagens do momento?

Bem, as contradições têm vindo a aparecer a pouco e pouco, o que mostra que nem toda a gente é parva no meio, tem é de se fazer. Os mísseis “iranianos” afinal já o não serão, são apenas “pagos com dinheiro iraniano”. Boa malha! A princípio, o sistema antimíssil abateu duzentos e tal dos oitocentos e tal mísseis; depois já se dizia que abatia mais de 90%. Mas eis que alguém diz que cada míssil custa 50.000 dólares! Então, o sistema só abate os mísseis que vão para as cidades.

A pontinha do mistério começa a levantar-se quando se sabe que o sistema custou muitos milhões de dólares, que cada míssil custa mais de 50.000 dólares, e que era preciso justificar tal dispêndio perante a opinião pública israelita. E americana, possivelmente. Então, nada como inventar um ataque fantasma com mísseis iranianos, o ideal para provar a necessidade e a eficácia do sistema pois era garantido à partida que nenhum míssil faria qualquer dano... e aproveita-se para mais um raid a Gaza e para aumentar o ódio público ao Irão. E, claro, a invenção do inimigo fortalece sempre quem está no governo; vêm aí eleições, não é?

Bem diz o Balsemão que é preciso controlar a desinformação na net; sem isso fica difícil enganar toda a gente durante todo o tempo... A censura é coisa do passado, a nova estratégia é a manipulação da informação, o controlo das agências de informação e dos media, mas a net...

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Israel sob terror



"O aumento das tensões no Oriente Médio é visível e uma guerra total pode estourar a qualquer momento. Os foguetes iranianos de posse do Hamas caem como chuva sobre Israel. Puro terror. Inaceitável. O Estado judeu tem obrigação de defender a sua gente, por todos os meios."

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os tentáculos do polvo





Por mero acaso, sintonizei mesmo agora o novo canal 10 da Zon, um canal com séries e telenovelas da Globo. Por esta hora transmite Brado Retumbante, e devo dizer que "fiquei cliente" logo nos primeiros minutos, ao ver como no episódio se desmascara frontalmente a acção deturpadora, nas escolas, da História do Brasil, pelo esquerdismo, ignorante, fanático e oportunista, ao mesmo tempo que se não minimiza o perigo que isso constitui, apresentando-o como algo de muito grave para o próprio país. Uma lição sobre o oportunismo e o maquiavelismo político, bem como o perigo que correm as próximas gerações, ideologicamente manipuladas sem qualquer escrúpulo... com lucros chorudos para as editoras e os autores "ONGianos"convenientemente iluminados.

Mas não apenas da educação trata o que vi, também muitos outros problemas foram já aflorados, nomeadamente a corrupção na esfera do poder político, com igual frontalidade.

A não perder. Sem dúvida.

Quem for cliente da Zon, pode ver a repetição deste episódio, o terceiro, às 3 da manhã.

De como a social-comunicação transforma uma operação militar de defesa num caso de assassínio


No Expresso (sublinhados meus):


Israel mata líder militar do Hamas

O assassinato de Ahmed Jabari, líder militar do Hamas, marca o início de uma nova operação israelita na Faixa de Gaza, designada Pilar de Defesa.

Margarida Mota (www.expresso.pt)
15:56 Quarta feira, 14 de novembro de 2012
Última atualização há 43 minutos
Carro onde seguia Ahmad Jabari ficou completamente destruído
Carro onde seguia Ahmad Jabari ficou completamente destruído
Ali Ali/EPA
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Israel acusava Ahmad Jabari de envolvimento no rapto do soldado Gilad Shalit, em 2006
Israel acusava Ahmad Jabari de envolvimento no rapto do soldado Gilad Shalit, em 2006
Hamas Media Office/EPA
Ahmed Jabari, chefe militar do Hamas, foi morto hoje na Faixa de Gaza quando o carro em que seguia foi alvo de um bombardeamento aéreo lançado pelas forças israelitas. 


Fontes médicas e de segurança palestinianas confirmaram à Al-Jazeera um total de quatro ataques sobre Gaza na tarde desta quarta-feira: dois na cidade de Gaza, um no norte do território e um quarto a sul, na cidade de Khan Yunis.


Segundo o diário israelita "Jerusalem Post", as forças israelitas atingiram 20 alvos, alguns situados em residências civis, que albergavam foguetes de longo alcance capazes de atingir Telavive.

Operação Pilar de Defesa


Avital Leibovich, porta-voz das Forças de Defesa de Israel para a imprensa internacional, afirmou, na sua conta no Twitter, que o ataque insere-se numa operação que visa atingir grupos armados em Gaza, "devido aos ataques contínuos contra civis israelitas".


Esta operação - batizada Pilar de Defesa - surge na sequência de dias de hostilidades entre Gaza e Israel. Entre sábado e terça-feira foram disparados mais de 100 foguetes desde a Faixa de Gaza na direção do sul de Israel. As ações de retaliação de Israel provocaram seis mortos entre os palestinianos.


Tudo isto, recorde-se, acontece a dois meses de Israel realizar eleições legislativas antecipadas, marcadas para 22 de janeiro de 2013.



Ainda Gilad Shalit


Ahmed Jabari foi o mais alto responsável da organização islamita palestiniana - que controla a Faixa de Gaza desde 2006 - a ser assassinado desde a operação israelita Chumbo Endurecido, em Gaza, há quatro anos.


Nascido em 1960, liderava as Brigadas Ezzedine al-Qassam - que funcionavam como braço armado do Hamas -, e foi o responsável pelo ataque em Kerem Shalom, junto à fronteira entre Israel e Gaza, a 25 de junho de 2006, que culminou no rapto de três soldados, entre os quais Gilad Shalit.


No ano passado, chefiou a delegação do Hamas nas negociações no Cairo, que culminaram na libertação de Shalit, a 18 de outubro de 2011. Shalit foi trocado por 1027 prisioneiros, na sua esmagadora maioria palestinianos e israelitas árabes.

Chamo, entretanto, a atenção para este post.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Tal filho, tal mãe!



(Lucília do Carmo cantando um poema de LinharesBarbosa, com música de Jaime Santos)

Novas da "Primavera" árabe



José Dirceu condenado




"A condenação de José Dirceu a dez anos e dez meses de prisão, juntamente com José Genoíno, é um marco na história da República brasileira. Definitivamente, o STF calou a boca dos críticos e provou que o Estado é maior do que o partido governante e que ninguém está acima da lei. A tentativa do PT de implantar o totalitarismo pela via rápida da compra de votos de parlamentares foi abortada e pudemos testemunhar o triunfo do Estado de direito."

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"Jogos perigosos"



(imagem obtida aqui)


Este é o título do polémico editorial do Jornal de Angola, que transcrevo daqui, e que me fez recordar a quadra de António Aleixo: Para a mentira ser segura/e atingir profundidade/tem que trazer à mistura/qualquer coisa de verdade.

Não julgo necessário sublinhar o que quer que seja.


Camões, faminto de tudo, até de pão, na hora da partida desta vida, descontente, ainda foi capaz de um último grito de amor. Morreu sem nada, mas com a sua ditosa e amada pátria no coração. Ele que sofreu as agruras do exílio e foi emigrante nas sete partidas, escorraçado pelos que se enfeitavam com a glória de mandar e a vã cobiça, morreu no seu país.

O mais universal dos poetas de língua portuguesa deixou-nos uma obra que é o orgulho de todos os que falam a doce e bem-amada língua de Camões. Mas também deixou, seguramente por querer, a marca das elites nacionais que o desprezaram e atiraram para a mais humilhante pobreza. O seu poema épico acaba com a palavra Inveja. Desde então, mais do que uma palavra, esse é o estado de espírito das elites portuguesas que não são capazes de compreender a grandeza do seu povo e muito menos a dimensão da sua História. Nós em Angola aprendemos, desde sempre, o que quer dizer a palavra que fecha o poema épico, com chave de chumbo sobre a masmorra que guarda ciosamente a baixeza humana. A inveja moveu os primeiros portugueses que chegaram à foz do Rio Zaire e encontraram gente feliz, em comunhão com a natureza. Seres humanos que apenas se moviam para honrar a sua dimensão humana e nunca atrás de riquezas e honrarias.

A inveja fez mover os invasores estrangeiros nesta imensa terra angolana. Inveja foi o combustível que alimentou os beneficiários da guerra colonial. Inveja foi o estado de alma de Mário Soares quando entrou na reunião do Conselho da Revolução, que discutia o reconhecimento do novo país chamado Angola, na madrugada de 10 para 11 de Novembro de 1975. Roído de inveja e de cabeça perdida porque a CIA não conseguiu fazer com êxito o seu trabalho sujo contra Angola, disse aos conselheiros, Capitães de Abril: não vale a pena reconhecerem o regime de Agostinho Neto porque Holden Roberto e as suas tropas já entraram em Luanda. Uma mentira ditada pela inveja e a vã cobiça.

A inveja alimentou em Portugal o ódio contra Angola todos estes anos de Independência Nacional. E já lá vão 37! Os invejosos e ingratos para com quem os quer ajudar estão gastos de tanto odiar. Que o diga a chanceler Angela Merkel, que ajudou a salvar Portugal da bancarrota, mas é todos os dias insultada. Recusam aceitar que foram derrotados depois de alimentarem décadas de rebelião em Angola, de braço dado com as forças do apartheid de uma África do Sul zelosa guardiã da humilhação de África.

As elites políticas portuguesas odeiam Angola e são a inveja em figura de gente. Vivem rodeadas de matilhas que atacam cegamente os políticos angolanos democraticamente eleitos, com maiorias qualificadas. Esse banditismo político tem banca em jornais que são referência apenas por fazerem manchetes de notícias falsas ou simplesmente inventadas. E Mário Soares, Pinto Balsemão, Belmiro de Azevedo e outros amplificam o palavreado criminoso de um qualquer Rafael Marques, herdeiro do estilo de Savimbi.

Os angolanos estão em festa pela Independência Nacional. Em Portugal, a nova Procuradora-Geral da República foi a Belém onde deve ter explicado a Cavaco Silva as informações que no mesmo dia saíram na SIC Notícias e no Expresso, jornal oficial do PSD, que fizeram manchetes insultuosas e difamatórias visando o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, que acaba de ser eleito com mais de 72 por cento dos votos dos angolanos. Militares angolanos com o estatuto de Heróis Nacionais e ministros democraticamente eleitos foram igualmente vítimas da inveja e do ódio do banditismo político que impera em Portugal, neste 11 de Novembro, o Dia da Independência Nacional. A PGR portuguesa é amplamente citada como a fonte da notícia. A campanha contra Angola partiu do poder ao mais alto nível. Mas como a PGR até agora ficou calada, consente o crime. As relações entre Angola e Portugal são prejudicadas quando se age com tamanha deslealdade. A cooperação é torpedeada quando um ramo mafioso da Maçonaria em Portugal, que amamentou Savimbi e acalenta o lixo político que existe entre nós, hoje determina publicamente o sentido das nossas relações, destilando ódio e inveja contra os angolanos de bem. Da boca para fora, são sempre amigos de Angola e dos angolanos, da Alemanha e dos alemães. Enchem os bornais de dinheiro, à custa de Angola, comem à custa da Alemanha. Sobrevivem à miséria, usando como último refúgio a antiga “jóia da coroa”, feliz expressão do capitão de Abril Pezarat Correia. Mas na hora da verdade, conspiram e ofendem angolanos e alemães, usando a sua máquina mediática.“De sorte que Alexandre em nós se veja,/ sem à dita de Aquiles ter inveja.” Estes são os dois últimos versos de Camões no seu poema épico. Os restos do império, que estrebucham na miséria moral, na corrupção e no embuste, deviam render-se à evidência. Angola não é um joguete! Nós somos Aquiles! Tão grandes e vulneráveis como ele. Mas não tenham Inveja do nosso êxito, porque fazemos tudo para merecê-lo.

Cinema: Good Bye Lenin!





Legendado em inglês:

Teremos sempre que ser tótós?

No Blasfémias, o lamentável vídeo do professor Marcelo:

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… também tem alguns erros. Assim de repente:
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1. A taxa de analfabetismo em 1974 não era 33%. A taxa de analfabetismo era de 33% em 1960. 15 anos depois já andaria abaixo dos 25%. (fonte).
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Taxa de Analfabetismo, 2008
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2. Portugal não está na média da Europa, ainda. Vejam a cor mais clara de Portugal no mapa acima.
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3. É preciso alguma lata para dizer que melhorámos ‘sem plano Marshall’. Os fundos que recebemos da Europa, foram o quê? Já agora, Portugal também recebeu fundos do plano Marshall. Claro que recebeu muito menos que a Alemanha (não estava destruído pela Guerra), mas a Alemanha também recebeu muito menos que a França ou a Inglaterra e mesmo assim, tornou-se mais rica que eles.
Ajuda do Plano Marshall à Europa, por país.
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4. Não temos um dos melhores parques automóveis da Europa, nem de perto nem de longe. Admito que o Prof. Marcelo esteja habituado a olhar ao seu redor e tire conclusões, mas Portugal não é a Quinta da Marinha. Não só temos uma frota de qualidade média bastante inferior à da generalidade da Europa, como temos menos carros.
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5. Esta é verdade. Instalámos uma das maiores redes de abastecimentos de carros eléctricos na Europa, sem termos carros eléctricos. Vamos contar esse disparate aos alemães? Querem que eles gozem connosco?
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6. Os consórcios para construção dos estádios incluíam “geralmente” empresas alemãs? Quais?
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7. As trocas comerciais entre Portugal e Alemanha não resultam num ‘lucro’ de 3000 milhões coisa nenhuma. Isso é um enorme disparate. As vendas de empresas alemãs para Portugal é que têm sido 3.000 milhões superiores às vendas de empresas portuguesas para a Alemanha. Chamem-lhe excedente comercial, se quiserem. Lucro é outra coisa.
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8. ‘Apesar disto’ entrámos em austeridade. Apesar de quê? Entramos em austeridade porque falimos, não ‘apesar’ de nada do que se tenha falado antes no video.
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9. A idade de reforma na Alemanha também é de 67 anos.
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10. A Alemanha tem 11 feriados oficiais, em 2012. A saber: Dia de Ano Novo, Sexta-Feira Santa, Domingo de Páscoa, Segunda-Feira de Páscoa, Primeiro de Maio, Ascensão, Domingo e Segunda-Feira de Pentecostes, o Dia da Unidade Nacional, dia de Natal e dia seguinte ao Natal. Dois são sempre ao Domingo e quatro correspondem quase a dias de ponte. Não é um tema em que a comparação nos saia bem.
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11. “Em 1990 a Alemanha declarou unilateralmente que a sua dívida externa havia caducado”. Estão a falar de quê? Podem elaborar melhor o que é que querem dizer com este… parágrafo?
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12. “Em 2005 a Alemanha infringiu os limites do défice e a União Europeia perdoou as sanções. Os portugueses não só não contestaram como apoiaram a decisão”. Podiam ter dito que Portugal infringiu antes, logo em 2001 e também não foi condenado por nada. Que grande caras de pau seríamos nós se tivéssemos protestado.