domingo, 25 de novembro de 2012

Epitáfio de uma polémica - Alberto Gonçalves (1)




Resumindo muito, para não ocupar espaço com assuntos que, no máximo, interessam a cinco alminhas. Há três semanas, estranhei aqui que o escritório de advocacia de António Arnaut, a quem os devotos chamam o pai do Serviço Nacional de Saúde e orgulhoso defensor da gratuitidade que os contribuintes pagam, mantivesse uma avença remunerada com a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), instituição com fortes ligações ao dito SNS. Na volta do correio, António Arnaut escreveu ao director do DN furioso face às insinuações do que, caso fosse exacto, ele admite que não seria censurável. Resta que não é exacto: a António Arnaut e Associados apenas mantém o nome e um filho do fundador, que esclareceu ter abandonado a prática jurídica há cerca de dez anos. Na volta da volta do correio, reconheci o erro e indiquei a António Arnaut as razões da confusão. Hoje, aproveito para confessar-me ainda mais confuso, após mão amiga me enviar evidência de que, pelo menos em 2008, António Arnaut integrou a Assembleia para a revisão dos Estatutos da referida ESEnfC. Fico sem perceber se o indivíduo em questão é o próprio António Arnaut, o filho citado ou outro parente que enverga tão digna graça. Em qualquer das hipóteses, é engraçado.

Momentânea defesa do serviço público

Há um ponto comum a muitos devotos do fado e a muitos dos que, como eu, não o são: Beatriz da Conceição é, de longe, a maior voz do género depois de Amália. Na quinta-feira à noite, a RTP2 dedicou-lhe um programa inteiro, parte documentário, parte entrevista. O programa espantou por não ser mau e por não ser póstumo. É por estas e por (escassíssimas) outras que, às vezes, me apetece desejar que a RTP não desapareça. Mas a seguir a estação do Estado retoma a programação do costume e a toleima passa-me. A arte da dona Beatriz é que não.

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