(foto obtida aqui)
A
formidável figura que atende pelo nome de Arménio Santos anunciou que, até ao
fim do mês, a CGTP lançará uma petição em defesa do Estado "social".
Se funcionar, abrirá um importante precedente a petições idênticas em defesa do
sol, do esmalte dentário e da rima emparelhada. Claro que depois faltará apurar
a melhor forma de impedir a chuva, a cárie e o verso branco. Porém, do alto da
profundidade intelectual que a caracteriza, a CGTP já decidiu como evitar o
avanço do "neoliberalismo" (?) e proteger a sua dama: através de
políticas de crescimento económico.
Assim
apresentada, a metodologia resume-se ao seguinte: se o Estado gastar mais
dinheiro, o Estado terá mais dinheiro para gastar. Não parece viável. A
experiência portuguesa recente basta para um leigo suspeitar que quanto mais se
gasta, com menos se fica. Excepto, naturalmente, quando há outras fontes de
rendimento que compensam a despesa. Mas quais? Os impostos? Sempre que aumentam
os impostos os sindicatos saem à rua. A ajuda externa? Esta nunca é
incondicional e, perante as condições, os sindicatos saem à rua. A espoliação
dos ricos? A perseguição das fortunas leva à fuga de capitais face à qual os
sindicatos saem à rua. Nacionalizar tudo o que se mexa, rasgar o memorando da
troika, abandonar o euro, sair da UE e viver na autogestão e na absoluta
indigência durante décadas? Estou em crer que a última hipótese contentaria os
sindicatos e anunciaria o Estado "social" com que o sr. Arménio sonha
e que inclui: o serviço de saúde cubano (o dos nativos), o sistema de
transportes da Albânia (a de Hoxha) e as regalias laborais da Coreia (a do
Norte).
Se
semelhantes progressos configuram uma alternativa plausível e amplamente
desejada, óptimo e até à próxima. Se não configuram, convinha parar de atribuir
aos sindicalistas caseiros a credibilidade que nunca mereceram e, em nome de um
esboço de sanidade, deixar de os levar a sério. Para este circo em forma de
país, basta a abundância multipartidária de malabaristas, trapezistas e
ilusionistas. Dispensa-se a rábula cómica.
Sem comentários:
Enviar um comentário