domingo, 25 de novembro de 2012

A petição do sr. Arménio - Alberto Gonçalves (3)





(foto obtida aqui)


A formidável figura que atende pelo nome de Arménio Santos anunciou que, até ao fim do mês, a CGTP lançará uma petição em defesa do Estado "social". Se funcionar, abrirá um importante precedente a petições idênticas em defesa do sol, do esmalte dentário e da rima emparelhada. Claro que depois faltará apurar a melhor forma de impedir a chuva, a cárie e o verso branco. Porém, do alto da profundidade intelectual que a caracteriza, a CGTP já decidiu como evitar o avanço do "neoliberalismo" (?) e proteger a sua dama: através de políticas de crescimento económico.

Assim apresentada, a metodologia resume-se ao seguinte: se o Estado gastar mais dinheiro, o Estado terá mais dinheiro para gastar. Não parece viável. A experiência portuguesa recente basta para um leigo suspeitar que quanto mais se gasta, com menos se fica. Excepto, naturalmente, quando há outras fontes de rendimento que compensam a despesa. Mas quais? Os impostos? Sempre que aumentam os impostos os sindicatos saem à rua. A ajuda externa? Esta nunca é incondicional e, perante as condições, os sindicatos saem à rua. A espoliação dos ricos? A perseguição das fortunas leva à fuga de capitais face à qual os sindicatos saem à rua. Nacionalizar tudo o que se mexa, rasgar o memorando da troika, abandonar o euro, sair da UE e viver na autogestão e na absoluta indigência durante décadas? Estou em crer que a última hipótese contentaria os sindicatos e anunciaria o Estado "social" com que o sr. Arménio sonha e que inclui: o serviço de saúde cubano (o dos nativos), o sistema de transportes da Albânia (a de Hoxha) e as regalias laborais da Coreia (a do Norte).

Se semelhantes progressos configuram uma alternativa plausível e amplamente desejada, óptimo e até à próxima. Se não configuram, convinha parar de atribuir aos sindicalistas caseiros a credibilidade que nunca mereceram e, em nome de um esboço de sanidade, deixar de os levar a sério. Para este circo em forma de país, basta a abundância multipartidária de malabaristas, trapezistas e ilusionistas. Dispensa-se a rábula cómica.

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