Enquanto
os senhores que mandam em Gaza recusam aceitar a existência de Israel e fazem o
que podem para torná-lo inexistente, Israel não procede da mesma forma com os
seus intolerantes vizinhos. O motivo? Israel é uma sociedade civilizada e Gaza
uma ilimitada barbárie.
Porém,
esta ligeira diferença não chega para iluminar a avaliação geral do conflito,
que continua a ser tratado pelos media e por boa parte do público como um
"embargo" israelita, entrecortado por "agressões"
israelitas aos psicopatas do lado. O consenso actual, portanto, acha que
proteger a fronteira de homicidas armados e reagir ocasionalmente aos
respectivos e sistemáticos ataques constitui uma violência sem desculpa nem
perdão. Na terça-feira, por exemplo, as notícias davam conta de um cessar-fogo
na região e, em simultâneo, de uma explosão num autocarro em Telavive. Na
quarta-feira, o mesmo noticiário de uma rádio nacional informava acerca das
tréguas e dos mísseis que continuavam a cair sobre o Sul de Israel. Etc.
Perante isto, é lícito inferir que o uso da força só é reprovável quando
perpetrado pela proverbial "nação judaica": o belicismo incessante do
Hamas é tomado à conta de necessidade genética ou exotismo cultural.
Não tenho
dúvidas de que, caso a Galiza jurasse exterminar Portugal e decidisse
presentear o Minho com bombardeamentos quase diários, o nosso país enviaria um
comité de boas-vindas para Valença e responderia aos mortos mediante a
organização de duas ou três jornadas gastronómicas em Vigo. Mas isso somos nós,
portugueses, compreensivos e fraternos. Já os judeus não são de fiar pelo menos
desde que, apenas para evitar a escravidão dos seus ou minudência afim, o
malvado David apedrejou e decepou o amável Golias, mercenário dos filisteus,
povo de Gaza.
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