Nicolau Saião, Monstrinhos lusitanos
Por
um abstencionismo criativo
Segundo
a tese de Alain Lancelot, professor
catedrático de Sociologia no Colégio de França, normalmente os abstencionistas exercem quase sempre papéis sociais
subordinados, são indivíduos mal integrados, correndo-se com eles o risco de as
eleições se transformares num debate entre privilegiados. O abstencionismo é,
assim, a não participação no sufrágio ou em actividades políticas, equivalendo
a apatia ou indiferença.
Normalmente…
Quase sempre…
Mas pode não ser assim…
Nos
Estados Unidos, na Grécia, na Suécia, no Reino Unido, etc., cresce cada vez
mais um movimento espontâneo, consciente, a que chamaremos Abstencionismo
Criativo.
As
pessoas, os cidadãos, cada vez percebem melhor que são, de facto,
desenquadrados, desintegrados, desprezados pelo sistema de castas políticas,
verdadeiros malandrins sociais, que ocuparam os cinzentos corredores da
actividade governativa ou de poder.
Em
suma, o poder está a fazer, e por vezes descaradamente, de nós todos pessoas e cidadãos supranumerários.
A melhor forma de lhes mostrarmos o
nosso repúdio e oposição é deixarmos de lhes ligar meia. Não como objectos de análise do professor
francês, mas como cidadãos conscientes e que se respeitam. Que é isso de
fazerem pouco de nós, de nos prejudicarem a cada passo? Com as suas mentiras
ou, dito de forma politicamente correcta (risos), inverdades?
Como somos pessoas dignas, mandemo-los à fava, deixemo-los a falar
com as formigas.
Mostremos que somos possuidores de
espinha dorsal e não meros bonecos que eles manipulam a seu bel-prazer.
Não votemos. Deixemo-los o mais possível sós e
mergulhados nos seus sujos joguinhos de interesse. Mandemo-los bugiar.
Vamos à praia, vamos até ao campo, vamos
passar umas belas horinhas com a amada e vice-versa, vamos ao museu ou a uma
biblioteca – caso os encerrem, fiquemos em casa a ouvir Cimarosa, Mozart,
Schubert, o Ennio Morricone…
Gustave Courbet, A origem do mundo
A pouco e pouco, crescendo o nosso
desprezo por eles, crescerá também o justo
ressalto, numa cidadania atenta, exigente, que não vai mais em cantigas de
vigarista encartados.
Pratiquemos um Abstencionismo Criativo!
Nicolau Saião, Representante Europeu
Nicolau Saião / Manuel Caldeira
(Portalegre / Londres)
Nota – Os autores deste texto não
seguem os preceitos do chamado Acordo Ortográfico. Em escrita ou mesmo a falar…
1 comentário:
abstenhamo-nos... mas sem abstinência de...
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