terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O vespeiro europeu

(imagem obtida aqui)

Também poderia ser intitulada assim, esta crónica de Ferreira Fernandes publicada hoje no DN:

Não há vespas más


Têm nome suave que mais parece um nespresso, velutina, mas são máquinas de guerra invasoras. Como num filme de ficção científica, chegaram ao porto de Bordéus talvez escondidas num vaso chinês, em 2004 ou perto, subiram já até Paris e a Alemanha treme com a chegada delas, desceram pelo País Basco e descobriram-se, há dias, 40 ninhos no Minho. Diz-se que em poucos anos a Vespa velutina nigrithorax pode dar cabo das colmeias europeias. O eurodeputado Nuno Melo perguntou ao Parlamento Europeu o que pensa e este respondeu como na crise financeira: que cada país se safe. A lenda diz que 40 destas recém-chegadas vespas conseguem dar cabo de 30 mil abelhas (uma colmeia pode ter 80 mil). Carnívoras, despedaçam a abelha, desperdiçam a cabeça, asas e patas, ficam só com o abdómen, que levam para o ninho, para alimentar as suas larvas. Lá longe, as abelhas japonesas têm um truque para sobreviver a uma vespa mais terrível, a mandarina: deixam-na entrar na colmeia, fecham as entradas e aquecem o ambiente abanando as asas. Com 43 graus, matam a vespa que é mais sensível ao calor do que as abelhas. Sempre mais inteligentes os japoneses. Mas como importar essa sabedoria?... Os cientistas franceses, os europeus mais aplicados no estudo da velutina, tentam acalmar dizendo que não há vespas más. O povo está assustado. E, como já vimos, as autoridades empurram a solução com a barriga. A Europa é previsível qualquer que seja o assunto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em Portugal, país de funda originalidade, as vespas têm nome, com licença da mesa: vespa Pinóquio, vespa Bochechas, vespa Arménya, vespa Bernundinho Koreia, vespa Baltazar Ca-ca-rejante, vespa Lella, vespa Jerónia, vespa Xicão Berloque, vespa Loureirinho & Liminha... E deram e vão dando cabo da colmeia e, curiosamente, não comem o abdómen mas...o cérebro e com papas na cabeça. Vespas nojentas, claro.

Anselmo Cidrais