quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

MIRÓ, GRAVURAS E "COLTURA"

A propósito do Miró, o meu amigo Francisco Coelho referiu o caso de Foz Côa.
É uma excelente referência.
Na altura, com os cofres cheios do dinheiro cavaquista, Guterres, devidamente tocado à vara pela malta da "coltura" (a malta que pretende que os restantes cidadãos paguem, mesmo que não queiram, as mediocridades que produzem ou gostam), largou uma quantia pornográfica do nosso dinheiro para suspender uma barragem já em construção, porque "as gravuras não sabem nadar".
Ui, as gravuras, ia ser um ror de gente a desaguar ali, resmas de turistas iam transformar o vale do Coa numa Rupestrelândia, e não sei quê. Amanhãs cantariam, as gravuras iam ancorar o desenvolvimento da região, tudo para todos, todos ganham, todos têm prémio, como promete a Alice no seu país das maravilhas.
Calhei na altura ir lá ver as famosas gravuras e o melhor que posso dizer é que só as vi porque um dos arqueólogos que lá andavam, apontava para as pedras e explicava que aquelas sombras e entalhes eram as famosas gravuras. Contornava aquilo com os dedos e a gente via coisas, mais ou menos como o Maduro, da Venezuela, vê o Chavez nos entalhes dos túneis do metro.
E pensei para mim mesmo que só nos sonhos húmidos destes malucos é que aquilo atrairia turistas a sério.
A realidade está ai para provar este ponto.
Enfim, pagou-se principescamente para destruir uma barragem, pagou-se majestosamente para institucionalizar as gravuras e o resultado está à vista: só alguns nerds da arqueologia sairam a ganhar. Os mesmos da "coltura" que berram pelo dinheiro dos contribuintes mas que não metem o dinheiro deles no negócio. Se todos aqueles que berraram desalmadamente pelas gravuras tivessem pagado para as irem ver, se calhar até o prejuizo teria sido mínimo.
O mesmo com o Miró. Se os da "coltura" estão tão empenhados, porque não compram eles as pinturas e instalam um museu?

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