... escrevia assim Alberto Gonçalves no passado domingo, no DN:
Um país à
escala do Rato
Uma história engraçada a correr por aí é a do
medo que António Costa suscita na direita. Em primeiro lugar, não sei o que se
entende por "direita", se os partidos no Governo ou se as pessoas que
não apreciam um Estado intrometido e salteador (ambas as instâncias parecem-me
algo incompatíveis). Em segundo lugar, garantiram-me que uma sondagem
"interna" coloca o portentoso "carisma" do Dr. Costa um ou
dois pontos percentuais acima do pobre rival nos gostos do eleitorado em geral.
Por conveniência, admitamos que PSD e CDS andam assustadíssimos e que as
facções empenhadas em enxotar o Dr. Seguro têm razão.
Ainda assim, não é esse o ponto. O ponto é a tese
que resume os apetites dos insurgentes no PS: trocar o líder A pelo líder B é
vital na medida em que A não é capaz de devolver os socialistas ao poder (ou o
poder ao partido) e B talvez o faça. Pelo menos a franqueza é louvável. Claro
que todos os partidos actuam em benefício daquilo que os coloca próximos do
mando, mas costumam disfarçar a cobiça sob o simulacro de um debate interno e
vagamente ideológico. O PS do Dr. Costa, ou que se serve do Dr. Costa, não
disfarça. Ali não existe a menor intenção de distinguir o pensamento do autarca
lisboeta do pensamento do secretário-geral, tarefa de resto impossível na medida
em que nunca qualquer deles revelou possuir semelhante excentricidade. B é
preferível a A porque sim.
Marx, o bom e velho Groucho, esclarecia: estas são as minhas
convicções; se não gostarem, arranjo outras. No PS não há convicções nenhumas,
excepto a certeza de que se está mais confortável a decidir orçamentos do que a
votar contra eles, a satisfazer clientelas do que a pedir-lhes paciência, a
afundar a economia do que a acusar Pedro Passos Coelho do mesmo. Não ocorre aos
socialistas que à margem das intrigas há alguns milhões de cidadãos, certamente
cansados de austeridade e provavelmente abismados com o brutal egoísmo dos que
lhe prometem o fim da austeridade. Em suma, discute-se o melhor para o PS como
se se discutisse o melhor para o País. Por acaso, e por norma, costuma
funcionar ao contrário. Nesse sentido, e só nesse, o Dr. Costa mete medo.
2 comentários:
Costa é a coqueluche noctívaga ou diurna de gente como socráticos, malhadores, lacões lacónicos, lellos insolentes e outra gente de fugir. O que de mais alarveirote em portugal existe.Basta ler nos fóruns a violencia rancorosa e despejada com que os partidários desse pinóquio sem pudor escrevem, enxovalhando tudo e todos de forma totalitária e acanalhada,para perceber que Seguro poderá ser um pobre tipo sem vigor, mas é principalmente um indivíduo credor da nossa pena por, claro, ser um alvo desgraçado desses maraus. O país mergulha cada vez mais na lama, é cada vez mais um sítio onde o lixo político sobe como uma vasa.
Aleixo Camarga Santoro
Excelente.
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