sexta-feira, 13 de junho de 2014

Do país da rataria...




... escrevia assim Alberto Gonçalves no passado domingo, no DN:


Um país à escala do Rato

Uma história engraçada a correr por aí é a do medo que António Costa suscita na direita. Em primeiro lugar, não sei o que se entende por "direita", se os partidos no Governo ou se as pessoas que não apreciam um Estado intrometido e salteador (ambas as instâncias parecem-me algo incompatíveis). Em segundo lugar, garantiram-me que uma sondagem "interna" coloca o portentoso "carisma" do Dr. Costa um ou dois pontos percentuais acima do pobre rival nos gostos do eleitorado em geral. Por conveniência, admitamos que PSD e CDS andam assustadíssimos e que as facções empenhadas em enxotar o Dr. Seguro têm razão.

Ainda assim, não é esse o ponto. O ponto é a tese que resume os apetites dos insurgentes no PS: trocar o líder A pelo líder B é vital na medida em que A não é capaz de devolver os socialistas ao poder (ou o poder ao partido) e B talvez o faça. Pelo menos a franqueza é louvável. Claro que todos os partidos actuam em benefício daquilo que os coloca próximos do mando, mas costumam disfarçar a cobiça sob o simulacro de um debate interno e vagamente ideológico. O PS do Dr. Costa, ou que se serve do Dr. Costa, não disfarça. Ali não existe a menor intenção de distinguir o pensamento do autarca lisboeta do pensamento do secretário-geral, tarefa de resto impossível na medida em que nunca qualquer deles revelou possuir semelhante excentricidade. B é preferível a A porque sim.


Marx, o bom e velho Groucho, esclarecia: estas são as minhas convicções; se não gostarem, arranjo outras. No PS não há convicções nenhumas, excepto a certeza de que se está mais confortável a decidir orçamentos do que a votar contra eles, a satisfazer clientelas do que a pedir-lhes paciência, a afundar a economia do que a acusar Pedro Passos Coelho do mesmo. Não ocorre aos socialistas que à margem das intrigas há alguns milhões de cidadãos, certamente cansados de austeridade e provavelmente abismados com o brutal egoísmo dos que lhe prometem o fim da austeridade. Em suma, discute-se o melhor para o PS como se se discutisse o melhor para o País. Por acaso, e por norma, costuma funcionar ao contrário. Nesse sentido, e só nesse, o Dr. Costa mete medo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Costa é a coqueluche noctívaga ou diurna de gente como socráticos, malhadores, lacões lacónicos, lellos insolentes e outra gente de fugir. O que de mais alarveirote em portugal existe.Basta ler nos fóruns a violencia rancorosa e despejada com que os partidários desse pinóquio sem pudor escrevem, enxovalhando tudo e todos de forma totalitária e acanalhada,para perceber que Seguro poderá ser um pobre tipo sem vigor, mas é principalmente um indivíduo credor da nossa pena por, claro, ser um alvo desgraçado desses maraus. O país mergulha cada vez mais na lama, é cada vez mais um sítio onde o lixo político sobe como uma vasa.

Aleixo Camarga Santoro

Lura do Grilo disse...

Excelente.