sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Jornalismo de excelência


Teresa Caeiro chega à ação de campanha


Não conheço a senhora deputada Teresa Caeiro. Nem me inspira especial simpatia. Quanto ao seu consorte, a quem também nunca fui apresentado, provoca-me irreprimível repugnância intelectual e de carácter. Feitios...

Ao ler, porém, esta notícia, publicada no sábado passado pelo DN...

por Valentina Marcelino, 21 setembro 2013

A deputada Teresa Caeiro esteve na feira de artesanato de Porto Salvo a dar apoio à campanha de Paulo Freitas do Amaral. Deixou sorrisos nos rostos que a conheceram

A chegada de Teresa Caeiro não podia ter sido mais notada. De boleia no Mini-cooper descapotável de um dos elementos da comitiva ("o meu carro é um 'Golf' com mais de 15 anos", apressou-se a informar), calças brancas, blusa de seda preta, óculos clássicos Ray Ban e os seus cabelos louros brilhantes. Ao lado Paulo Freitas do Amaral, o candidato do CDS à câmara de Oeiras e um grupo com cerca de duas dezenas de apoiantes.

A versão feminina do tradicional "Paulinho das feiras" (do tempo em que o presidente do CDS fazia campanhas na rua, o que não aconteceu ainda nestas eleições autárquicas) chegou e deixou, pelo menos, um sorriso, em cada banca por onde passava. A "Teresinha das feiras" é envolvente. Pára, conversa, pega no rosto da pessoas e dá beijos sentidos e abraços apertados. A meio da visita ouviu-se a voz aguda de Flora Varela, uma das feirantes: "ninguém me compra carteiras, não há dinheiro, quem me compra qualquer coisa?" perguntava. Teresa Caeiro aproximou-se "De que se queixa esta querida senhora?", questionou. Flora respondeu "Queixo-me da falta de emprego, de falta de dinheiro, de filhos a mais e de abonos a menos". A deputada acenou com a cabeça, "compreendo a senhora". E abraçaram-se. "Tão simpática", sorria Flora.

Mas a banca que mereceu o maior tempo de Teresa Caeiro foi a de Inês, uma jovem, com trissomia 21. Ali a 'estrela' Teresinha demorou-se. Falou com a mãe de Inês, Manuela, que se queixou da falta de projetos para a sua filha e a falta de apoios para os jovens com necessidades especiais. Inês manifestou o seu descontentamento com os políticos e disse que ia votar em branco. Teresa disse-lhe que compreendia, "mas não podia deixar de dizer que era "muito injusto, porque nem todos o políticos são iguais. Era a mesma coisa que agora dizer que todos os feirantes são aldrabões", explicou. Inês aquiesceu e baixou os olhos. Numa banca ao lado Teresa não resistiu a comprar mas rifas. "Sou viciada em rifas", admitiu e questionada pelo DN sobre que políticos gostaria de "rifar" nesta campanha, respondeu: "todos os que andam a denegrir a política e a democracia a tentar comprar votos com porcos, dinheiro ou promessas inacreditáveis que nunca vão cumprir". Não quis "fulanizar", mas Paulo Feitas do Amaral não pode deixar de recordar que a "campanha do PSD anda a dar porco assado nos bairros sociais".

Já de saída da feira, a caminho do mini-cooper ouve-se uma voz a chamar Teresa. É Inês, que vem ofegante. Oferece-lhe um quadrado de bolo de chocolate, embrulhado em celofane, com um laço azul. "Fui eu que fiz. É isto que eu faço", declarou, emocionando Teresa. Há tempo que nunca é perdido. Nem em campanha eleitoral.

... fico a pensar se a jornalista a teria redigido da mesma forma caso Teresa Caeiro houvesse chegado ao local num veículo familiar, como, por exemplo, o popular Citroën Picasso, cujo preço  é superior ao do Minicooper. Descapotável.

Pressinto, não sei porquê, que tal lhe diminuiria a excelência da prosa e o desafio que esta faz à argúcia do leitor. O que constituiria uma perda lamentável para a qualidade do jornalismo que demonstra ser sua intenção oferecer aos compatriotas.

Adenda (às 15:08)

Ligou-me mesmo agora um amigo dizendo-me que dois candidatos, de diferentes partidos de esquerda, aos cargos autárquicos locais ou municipais de onde ele reside, também possuem automóveis descapotáveis. Mas nunca, nunca andam neles durante as eleições.
Que pena! O colorido que nos fazem perder estas renúncias...!

2 comentários:

Manuel Graça disse...

Esse rapaz é uma peça.

Um dia destes tropecei nesta (mas no FaceBook):

http://youtu.be/mCK1Sr6tgTY

Perguntei-lhe se tinha a noção de que quanto mais aperta as margens de uma ribeira mais as águas se elevam. Perguntei-lhe se tinha a noção de que a água corre do mais alto para o mais baixo e se já lhe tinha ocorrido que, caso a água da ribeira esteja mais alta que da margem, as canalizações de águas pluviais se encarregariam de a fazer espalhar onde não é suposto tal acontecer.

O rapaz não gostou do reparo e apagou o comentário.

É um crânio.

Anónimo disse...

Os atos censórios são típicos dos fascistas disfarçados em democratas. Recentemente, num blog posto em evidencia pelo ABLOGANDO, sucedeu-me o seguinte: o seu mantedor publicou um post de elogio a Jorge de Sena. Eu, de forma educada, discordei, lembrando que JS tinha ponta de megalomania e ressentimento, bem documentados, por os seus colegas de literatura o festejarem pouco, a seu ver. Pois o dono do blog não publicou, certamente por ser tão aberto e democrata como o dito Jorge de Sena, que sempre se pavoneou como tal, era no fundo. Os totalitários mostram a sua face hedionda quando menos se espera.

Emanuel Novais