terça-feira, 28 de agosto de 2012

A tregédia do euro numa lição: redistribuição

7 comentários:

alf disse...

Bem, isto é uma enorme ingenuidade.
Imaginem que os empréstimos para a compra de casa agora deixavam de ser regulados e os bancos podiam passar a cobrar o spread que entendessem, alterando o dito de 3 em 3 meses, caso a caso, consoante a capacidade do cliente para pagar - era bonito, não era?

O Euro, para mim, não foi mais que uma operação de globalização à escala europeia promovida pela alemanha com o objectivo de dominar a europa; e o que torna claro esse objectivo são os estatutos do BCE, desenhados para esse fim - equivalem, em relação às dividas soberanas, ao exemplo acima sobre o empréstimo para a casa.
Claro que os doutos economistas não falam dos estatutos do BCE, é como se tivessem sido escritos por um Deus, estão acima de qq discussão, nem podem ser referidos! Não é extraordinários que os espantosos estatutos do BCE, a primeira causa da "crise" nunca sejam referidos?

A explicação é dada no post anterior...

Manuel Graça disse...

"alterando o dito de 3 em 3 meses, caso a caso, consoante a capacidade do cliente para pagar - era bonito, não era?"

Eu acho que era se as pessoas pudessem optar, em mercado livre, por mudar de banco.

Os fabricantes de carros não encarecem os carros incolomemente.

As pessoas não deveriam assinar contractos leoninos a favor dos bancos e a esquerda, eterna defensora dos que nunca percebem, deveria ter a postura que, sem aproveitamento para propaganda, lhe desse a idoneidade de ser entendida como referência.

Manuel Graça disse...

"O Euro, para mim, não foi mais que uma operação de globalização à escala europeia promovida pela alemanha com o objectivo de dominar a europa; e o que torna claro esse objectivo são os estatutos do BCE, desenhados para esse fim"

Isso parece homofobia. A Alemanha têm o monopólio da esperteza e os restantes da estupidez.

Nenhum BCE do mundo obrigou quem quer que fosse a endividar-se até ter que pedir clemência.

Que os outros nos passem um atestado de estupidez é aborrecido, sermos nós próprios é masoquismo.

Curioso ainda, que a clarividência que agora temos para apontar caminhos à Alemanha se manifeste tão tardiamente.

alf disse...

As dívidas soberanas, em todo o mundo menos na Europa, estão caucionadas pelo banco central, de uma forma ou doutra - qualquer tentativa de especulação com o juros pode ser abortada pelo banco central comprando ele dívida soberana. Isto é feito por todos, de forma mais ou menos directa

Dívidas soberanas todos os países do mundo têm, tal como qualquer empresa; funcionar sem dinheiro emprestado num mundo concorrencial é suicídio.

Na Europa, sem que alguém mencionasse ou discutisse o assunto, surge um BCE proibido pelos seus estatutos de apoiar as dívidas soberanas. Assim, os estados ficaram sem qq poder negocial e ficaram sujeitos aos movimentos especulativos.

Não há actualmente nada que regule ou limite os juros que se podem pedir nos empréstimos aos estados; isso não acontece em mais caso nenhum, até os juros dos empréstimos ao consumo estão limitados por lei.

Eu fui convidado pelo meu banco, há já alguns anos, antes da "crise", para aderir a uma aplicação que se destinava a especular com os juros soberanos da Grécia, Espanha, Itália e Portugal; na altura, pensei: estes tipos estão malucos, o BCE nunca deixará isto acontecer. O que eu não sabia é que previamente se tinham assegurado que o BCE não interviria porque assim se definiu no tratado de Lisboa...

Portanto, eu sei muito bem, por experiência própria, que isto é malandrice, é negócio especulativo - fui convidado para entrar nele.

Eu só não percebo porque é que as pessoas insistem em presumir que os financeiros são "pessoas de bem"; isso não existe, a regra actual é cada um fazer o que for melhor para si, vivemos na era da ganância, estabelecida com a afirmação de fé de que se cada um fizer o melhor para si, todos beneficiarão. Isso é um disparate, que convém aos mais ricos - ao 1% mais ricos ou menos ainda.

Manuel Graça disse...

Alf:

"As dívidas soberanas, em todo o mundo menos na Europa, estão caucionadas pelo banco central, de uma forma ou doutra"

Mas nem todos os estados membros são tótós ao ponto de embarcarem nessa. Significaria irem-lhe ainda mais ao bolso.

"Dívidas soberanas todos os países do mundo têm"

Isso por si não tem qualquer significado. As dívidas têm que ser resgatáveis sem ser por nova dívida e quem se endivida expõe-se à soberana opinião do credor. A dívida só pode crescer se houver crescimento económico que acompanhe. Não havendo, há marosca ... o nosso caso.

"Assim, os estados ficaram sem qq poder negocial e ficaram sujeitos aos movimentos especulativos."

Já era assim antes de existir BCE. Só é alvo de especulação quem pede o que não pode pagar. A especulação só se aplica a empréstimos novos.

"Não há actualmente nada que regule ou limite os juros que se podem pedir nos empréstimos aos estados; "

Era só o que faltava. Se o juro for alto o devedor que procure noutro sítio. Mas o Alf queria que fosse o devedor a estabelecer o juro a pagar?

Nos leilões de dívida (como lhes chamam) os credores disponibilizam dinheiro a determinado juro. Uns pedem mais outros menos. Os estados arrematam sempre as ofertas com juro mais baixo. Se o estado em causa achar que é muito caro, não compra. Não me diga que o Alf também queria que os estados além de estabelecerem unilateralmente o juro que querem pagar também pudessem nomear os 'voluntários' a emprestar.

Manuel Graça disse...

Alf:

"Eu fui convidado pelo meu banco, há já alguns anos, antes da "crise", para aderir a uma aplicação que se destinava a especular com os juros soberanos da Grécia, Espanha, Itália e Portugal; na altura, pensei: estes tipos estão malucos, [...]

Se aceitasse a responsabilidade era inteiramente sua. Ou está consciente que sabe da coisa e avança podendo enganar-se, ou se está consciente que a coisa é insegura fica quieto. É a vida. É assim em tudo, até no casamento. Quer sol na eira e chuva no nabal?

"Portanto, eu sei muito bem, por experiência própria, que isto é malandrice, é negócio especulativo - fui convidado para entrar nele."

No negócio há ganhar e perder que seja especulativo quer não seja. A decisão é sua e se der raia não pode culpar ninguém.

"Eu só não percebo porque é que as pessoas insistem em presumir que os financeiros são "pessoas de bem"; isso não existe,"

Nem com os financeiros nem com ninguém. O que aqui é rei é a palavra CONFIANÇA. Nuns casos há mais outros menos, noutros casos há muita ou há pouca.

Mas como chamaria ao devedor que pede emprestado, chegada à altura de pagar não tem dinheiro, pede novamente esse tanto (mais o juro) para pagar essa dívida, e pede ainda mais para repetir a receita mais tarde? Querubim?

Eu, chamar-lhe-ia vigarista.

E quer que seja o vigarista a estabelecer quem arrota o dinheiro para ele estoirar e o juro desse 'empréstimo'?

Joaquim Simões disse...

Bola para cá, bola para lá... Fico (ficamos) à espera da continuação. É que há já coisas muito esclarecedoras ditas já por aqui. Reservo-me para um pouco mais tarde.
Abraço a ambos.