quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Contra a ingerência do Estado...


(imagem obtida aqui, onde a notícia também pode ser lida)


... na vida privada  - ou "Uma notária com as ideias en su sítio" (ler também aqui)


(imagem obtida aqui, onde a notícia também pode ser lida)

4 comentários:

Manuel Graça disse...

Só agora percebi, pelo Olavo de Carvalho, que a união era afectiva.

Bom, uma união a mais que dois é triplamente ineterssante. As duas mânfias serão lésbicas uma com a outra? Assumirá uma delas o papel de macho colocando o homem na posição de gay? Nessa altura qual o papel da outra mulher com o gajo? E com a outra?

Agora, coisas ainda mais sérias, se eu entrar com os meus dois filhos, homens, num notário, correrei o risco de sair de la casado afectivamente com os dois? E as mulheres deles, que dirão?

Joaquim Simões disse...

Manuel Graça:

Tive oportunidade de, no decorrer dos meus 20 anos, conviver com pessoas, minhas amigas, que mantinham relações deste tipo. Essa experiência permitiu-me não apenas desmitificar e desmistificar, desde muito cedo, o que é comum pensar-se quanto a essas ligações como também reformular os conceitos em que também se costuma enquadrar a compreensão da sexualidade humana por contraposição à animal, em especial a feminina.
Orwell, no seu "1984" aborda muito directamente a natureza da relação do Estado com a sexualidade. Todas as grandes ditaduras produziram leis muito estritas quanto ao sexo admitido aos cidadãos - os maoístas, por exemplo, sempre foram bastante atentos a esse pormenor quer na China quer por cá (falem com ex-militantes do MRPP para se assustarem ou se rirem). O que não acontece por acaso. A esquerda chic, do tipo Obama ou Política XXI, tal como o José Gonsalo já fez notar, utiliza-o, por sua vez, com intenções semelhantes, mas pela dita relativização dos costumes, degradando-o de outra maneira.
O que há de interessante, para mim, no acto desta notária, é que ela não se socorreu de qualquer tipo de ideologia nem de proclamados direitos de minorias. Ela firmou-se num facto real, como manda o mais estrito e esquecido bom senso: o de três pessoas voluntariamente envolvidas numa relação quererem afirmar essa realidade, tão real "como esta pedra cinzenta/em que me sento e descanso". E aplicou o termo "ligação afectiva" de modo inconsciente, digo eu; contudo, é esse mesmo o termo que está no âmago de um problema que a minha preguiça ou a minha indisponibilidade me têm impedido de abordar com a seriedade e a profundidade indispensáveis a algo, cultural e civilizacionalmente tão melindroso, por ser um campo onde se joga o mais intrínseco do que é humano.
E, sem dúvida nenhuma, estou do lado dela contra o Estado. O nosso amigo Olavo de Carvalho, de quem eu gosto bastante, aliás, no caso, tem muito que rever e reflectir sobre o que diz.
Nobody is perfect, como dizia a personagem no final do filme do saudoso Billy Wilder...

Manuel Graça disse...

Ainda não me esqueci de espingardar sobre esta, mas o momento político permite-me disparar em todas as direcções (nem é preciso olhar).

Joaquim Simões disse...

Cá fico à espera da "fuzilaria" :oD