sexta-feira, 11 de outubro de 2013

ASSIM QUE PASSEM 3 MESES…




  A grande delícia, que é também a grande aventura de leitores encartados, é apanharem-se belos livros ao preço da uva mijona.

  Nem precisam de ser primeiras edições, que isso é apenas um quitute mais neste esforço glorioso de se mercarem, mediante quantias modestas, exemplares que nos saciem esta paixão relativamente douda de se terem obras amoráveis de autores que sabem como se ergue um mundo muito próprio e que nos verdadeiros casos de alto talento ou de génio não precisam de encómios dos habituais fogueteiros da crítica que se esfalfam para fazer fins de meses ou de se auto-elevarem através das qualidades dos outros.




 Creio que me faço entender. Ou seja, já me perceberam na perfeição...

 E não falo desses livros produzidos por cavalheiros/as que os obraram para uma dúzia de anos de imortalidade (ou mais ou menos), mas de obras realmente poderosas, suscitadoras e únicas, onde se sente o frémito que Samuel Pepys dizia exalar-se das obras-primas.

  Eu, com os livros recebedores de Nobel, tenho tido experiências muito positivas.





Pecuniariamente falando.

Sabem como faço? Como é o meu procedimento ?

Pois é simples!

Tenho calma. Aguardo pacientemente como o chinês da estorinha exemplar.

Sento-me, salvo seja, aos portões dos espaços de leilões. Vou fumando uns cigarritos, deitando a terra umas cervejolas, olhando a paisagem ensolarada ou contemplando o vasto céu nocturno. E enquanto trato da saúde a umas bejecas e despacho uns paivantes, sinto-me assim como aquele filósofo que contemplava o imutável mundo com um sorriso nos lábios.

  Fico nisto uns três quatro meses.




 E a pouco e pouco ei-los que começam a chegar: uns bem estimadinhos, outros com algumas dobritas, uns vincos de cansaço – que, todavia, não lhe afectam o miolo…a substância folhosa.

  Passada a novidade – engordada no anúncio na santa tv ou no florete do conspícuo jornal literário cá da s’nhora pátria – degustada a novidade (salvas as naturais excepções dos mangas que os lêem a valer e os guardam por real amor à escrita), os tomos, como guerreiros que já cumpriram o seu dever, entram nesse limbo que são os interactivos espaços de leilões, com os seus “licitação, tanto” e “compre já, tanto”.

  E como um guerreiro comanche ou um zulu, ali estou eu (como outros da mesma bitola) à espreita.

   Em suma: da malta nobelizada (com excepção da saramagal figura, que dessa qu’é que querem, não gasto) tenho apanhado quase tudo.

  Daí que, para esta excelente Alice Munro deste ano, me pareça que lá para fevereiro março irá cantar nas minhas estantes, na minha banca-de-cabeceira, uma resmazita mui aprazível. Mercada a preçozinho convidativo.

  Como os pescadores e os caçadores de tocaia, já aprontei o meu espingardum simbólico.




  Alice, grande senhora canadiana habitante desses lugares que me foram tão acolhedores nas duas vezes que visitei o Ontário, cá a espero no fim do Inverno ou no começo da Primavera.


Evohé!

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