A propósito disto ...
1 - "o apelo ao exercício de uma cidadania plena"
O apelo ao exercício da cidadania que o apelante vê como cidadania.
Implicitamente agrava o exercício que cada qual encara como a
apropriada.
2 - "elogio do papel da Educação
na formação de cidadãos conscientes, críticos e capazes de fazer viver o
regime democrático para além das suas limitações circunstanciais"
Idem. O cidadão consciente é, aqui, novamente, a visão que o apelante
tem de cidadão consciente, crítico, etc. Vacuidade atrás de vacuidade. É
o pináculo daquilo que se conhece ser a promoção do mundo inexistente, o
"cidadão" que julga pertencer a um mundo que não se lhe adapta.
3 - “o papel insubstituível dos professores”
Os professores são sempre insubstituíveis muito embora não se esgotem no
mundo do ensino publico ou estatal. Professor é quem ensina algo a
alguém. Trocado por miúdos resulta em mais uma vacuidade.
4 - Global Teacher Status Index
Nada daqui resulta em particular porque se no caso grego a excelente
classificação que obtêm é proporcional à insipiência do país, em
Portugal a insipiência do país revela-se no valor de apenas 27%. É a
chamada estatística em circuite fechado em que cada qual se avalia a si
próprio. O Brasil, uma das mais violentas e subdesenvolvidas (estando em
acelerado recuo) sociedades do mundo (não vale a pena falar de África)
mantém-se a par de Israel, uma das mais vibrantes economias e educadas
sociedades. O Egipto ombreia com a Nova Zelândia. Mas, diz-se, em
Portugal os professores estão "acima de outros actores sociais". Dá
vontade de dizer que bosta produz bosta.
5 - "tem bastante confiança no seu desempenho"
Ter bastante confiança significa ter um papel medíocre mas no topo da medíocre media.
6 - "O problema é que a defesa da
cidadania e o apelo ao seu exercício pelas gerações futuras não pode
fazer-se ao mesmo tempo que se prolonga um constante ataque directo e
indirecto às condições materiais e simbólicas do exercício da
docência."
Quem diria que 27% de agrado não diz o contrário. Já parece a história
dos 1% que representam 99%. É curioso que a fé nos dividendos futuros da
"educação" é inversamente proporcional ao que dela resultou no passado.
É o eterno futuro marxista.
7 - "Mais grave, quando há quem procure
encontrar na Educação apenas o lucro, a hipótese de negócio, a
mercantilização de uma função nobre, faltando-lhes o sentido ético e o
apego à transparência de processos e argumentos."
É exactamente quem conta com os impostos pagos com lucro e até com o
prejuízo dos outros, que se acha em condições para verter ódio à
existência de lucro. O ódio à "mercantilização" explica a crescente
incapacidade em perceber a armadilha que as luminárias montam na cabeça
de quem mais longe vai na educação estatal. É esta gente que se propõe
formar quem quer que seja para trabalhar de forma consistente e geradora
de lucro (riqueza).
8 - "Atravessamos um período conturbado no
qual o relativismo dos conceitos impera e as palavras são usadas de
modo instrumental, arremessadas como armas ocasionais e não como algo
com um significado próprio. Liberdade, democracia, cidadania, são
conceitos que vão sendo manchados a cada vez que são mal usados,
truncando ou distorcendo o seu real significado."
Vacuidade atrás de vaquidade. É o pináculo de 'o meu conceito é melhor que o teu' sem nada se consubstanciar.
9 - "Os professores têm como parte da sua
missão ensinar e exemplificar o que eles significam, nem que seja do
ponto de vista da História."
... nem que seja ... A caixa de pandora para venda de banha da cobra.
Cabe aos professores ensinarem os factos históricos que se desenvolveram
a partir desses conceitos. Tudo o resto é lavagem ao cérebro.
10 - "Mas, infelizmente, o tempo presente
tinge de incredulidade os olhos dos alunos que, pelos exemplos
quotidianos que lhes são dados a cada noticiário, desacreditam da
eficácia do exercício da cidadania e da vida democrática."
Só pode. Quanto mais banha da cobra vender o professor mais o limbo
escolar se afasta do mundo real, intra e além fronteiras. Essa
desadequação vai virar-se contra quem está mais a jeito.
11 - "É função, explícita ou implícita, dos professores não deixar
erodir em definitivo a crença das futuras gerações na bondade da
democracia, na possibilidade de uma liberdade vivida com justiça e no
imperativo de comportamentos éticos, praticados para além de credos ou
interesses particulares."
Treta. Não é função dos professores venderem banha da cobra seja ela
qual for. É função dos professores ensinarem a generalidade dos regimes
políticos e a responsabilidade pela escolha caberá, a seu tempo, ao
aluno. É exactamente por desconfiarem da democracia que os professores
entendem ser seu dever injectar o seu particular entendimento de
democracia.
12 - "Infelizmente, o seu trabalho é
dificultado a cada dia, quase a cada noticiário, pelo exemplo
degradante de quem tem do exercício de funções públicas uma noção
estreita, facciosa e com uma perturbadora relação com a verdade, o
rigor e a transparência, como se a manipulação, truncagem ou falsidade
dos factos deixasse de ser mentira para se tornar mero detalhe de
inadequação factual."
A perplexidade pelos desencontros que aos professores entram porta
dentro colide com o espanto de quem fora do estado comenta "Mas estes
gajos são parvos? Só agora perceberam o real significado e consequências
de bancarrota? Pensam que somos obrigados a mantê-los no limbo para que
possam continuar a disseminação de propostas que, implementadas, acabam
sistematicamente em miséria e fome? Façam-se à vida. Se não sabem o que
é ter que trabalhar para que haja resultados que permitam pagar os
impostos que lhes servirão de salário e ainda sobrar para que tenhamos o
nosso, já é tempo de irem aprendendo".
É o problema de quem insiste em manter-se isolado do mundo e da
realidade. Nem percebem que se torna demasiado claro que pensam
pertencer a uma casta chegando ao ponto de se convencerem que a própria
propaganda é realidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário