Toda a evolução
das sociedades humanas, os diferentes sistemas políticos, as leis, as regras,
praticamente toda a estrutura da sociedade humana, decorre de uma única coisa:
o poder negocial dos interesses em jogo.
O Poder Negocial
é a Grande Lei da Sociedade, tudo o resto é consequência desta lei.
Por exemplo, foi
o movimento sindical que deu poder negocial aos trabalhadores e lhes permitiu
acordos que foram fixados em Leis, garantidas pelo Estado.
Na última
cimeira, França, Espanha e Itália uniram-se e obtiveram um poder negocial
superior ao da Alemanha; e assim conseguiram o que queriam. E o que queriam
eles? Salvar os Estados; porque a destruição dos Estados é o objectivo dos
“ricos”, pois já não precisam deles, quem precisa deles é sobretudo a classe
média porque já não tem sindicatos, já não tem organização, já não tem poder
negocial, não tem outro poder que não seja o que vem do Estado; e a classe mais
pobre já pouco tem a perder com o fim do Estado.
Há várias
maneiras de ter poder negocial; uma é pela força bruta, “pelo número de
espingardas”, que foi o que aconteceu nesta cimeira; a outra é sendo “um grão
na engrenagem”, que foi o que fizeram os gregos; outra ainda é ameaçar causar
algum prejuízo porque, na sociedade humana como na selva, raramente alguém está
disposto a ficar ferido para matar o outro, que foi o que tentou fazer o
Sócrates, à mistura com algum bluff (mal sucedido, pois a fragilidade da sua
situação condenava à partida qualquer possibilidade de sucesso negocial).
E nós agora? Como
é evidente, Portugal não só não negoceia como, pelo contrário, o governo agrava
unilateralmente as exigências da outra parte; que estratégia é esta, que merece
o apoio dos portugueses dado que não há contestação significativa nem quebra
nas intenções de voto? Nem sequer o líder da oposição contesta a não ser com
palavras de circunstância e vazias de consequências? Que mistério é este?
(continua)
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