sexta-feira, 20 de julho de 2012

PASTÉIS DE FABRICO PRÓPRIO (1)




 Dentro de dias vou de férias. Mas por “fas ou por nefas”, encerro hoje até ao meu regresso, lá para finais de Agosto, a minha actuação.
 Não quero deixar-vos “à francesa”. Ou melhor, deixo-vos com este francês e assim parto sem má-consciência.
 …Já agora, para os mais traquinas não me xingarem com uma frase cruel, atirando-me que sou muito crítico da crise mas que vou de férias para fora, informo que passarei as ditas vacanças cá dentro. E até numa casa própria – pois não me cresce o caroço como dizia numa sua excelente novela a nossa saudosa Natália Correia.
 Bye e divirtam-se, folks!




BRAQUE


Olha o Georges
diziam os colegas
a andar de bicicleta

Mas isso era muitos anos depois
e na infância não se sabia como
embora estivesse em relevo essa figura
entre peixe e cavalo.



Braque, O dia


Georges passava tranquilamente
de uma sala para um quarto
de cabelos eriçados
enquanto as flores e os frutos
se multiplicavam
na madrugada

Mas Georges não sabia nada disso
um prato de legumes lhe bastava



Braque, Guitarra, frutos e jarro


Havia uma grande e silenciosa alegria
uma palpável tranquilidade
na casa onde o Verão caíra
sem que ninguém se desse conta.

Mas Georges ainda nada sabia
de jarras e de janelas

Limitava-se a deixar que até ele
chegassem silhuetas de animais

que sobre as suas mãos de criança
deixariam talvez mistérios de outrora.



Braque, Atelier VI


Georges sabia, afinal, o necessário
para traçar a unidade da luz
ângulos

e maravilhas abandonadas.





                           in CAIXA DE CORES

2 comentários:

Manuel Graça disse...

Isso de meter no mesmo saco "cresce o caroço" e Natália Correia, trás água no bico.

Anónimo disse...

Eheheheheheh! Senso de humor de primeira água, Manel. O abraqson firme do
ns