segunda-feira, 15 de abril de 2013
O CÃO COM PULGAS
Portugal, saudade soldada no mapa
grande, mas pequena e apequenada
onde o velho Ocidente afunda no mar
o mesmo mar por que estendeste o Ocidente
até a vasta pequenez do Brasil
novo Ocidente enorme e anêmico
engrandecendo-te além do mesmo mar
para, assim, poder grandemente recuar
Por que tão grandemente recuaste
a grandeza de tua história explica e não aclara:
sabemos de tudo
da Revolução Industrial que os putos
dos ingleses fizeram enquanto ainda davas duro
para escravizar a África
da invasão do grande anão
que foi Napoleão
da perda sem remédio do Império
do tédio sem cura
e do excesso de curas
à beira do Tejo
da burra ditadura de Salazar
do sal e do azar de seres roubado
e arrombado para engordar
as gordas burras dos bancos
Sabemos tudo, mas esse saber é nada
pois nada impede o ímpeto com que afundas
no sombrio oceano do desânimo
O menor cão
é um gigante ante suas pulgas
Ser grande ou pequeno ou mesmo médio
não é fato, mas pura opinião
Fato é não fazer o mínimo sentido
um cão de qualquer dimensão
afundar ao peso ínfimo
de seu particular fardo de pulgas
Expulsa-as, Portugal
nem que tenhas de te arranhar
até arrancar a pele com elas
Mais vale viver livre e pelado
do que coberto
e encolhido por insetos
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