terça-feira, 25 de junho de 2013

De volta de Arronches com passagem por Espanha





Caros/as confrades

  Ontem, depois de um fim-de-semana em Arronches acompanhado a sardinhada e a Monte do Rei - dado que não consegui mercar por fraqueza no stock o benquisto e sapientíssimo Reynolds Tinto (que só se apanha por preço mais módico precisamente no market daqui, na terra onde fica a quinta do prudente criador desta iguaria sem par) - fui cumprir num salão em Espanha uma promessa já com algum tempo de "repouso": efectuar uma palestra com tema a meu gosto.

 Lá fui e lá orei.

 Eu escolhera uma coisita potável, "As Metamorfoses de Ovídio na pintura moderna", o que deu ensejo a que com ardil creio que puro e justificado pudesse excursionar por autores do meu prazer: Renoir, Picasso, Saura e, the last but not the least como gosta de dizer um certo crítico luso com a mania dos monstros, Pedro Moro e os seus touros surpreendentes transfigurados em cavalheiros espanhóis provavelmente de boas famílias.

 Dentre o público, como depois vim a saber vários professores assistiam amavelmente. Um deles, no fim do cavaco (se assim o digo...), teve a fineza de se me dirigir para, revelou-mo, concretizar alguns pontos nomeadamente sobre a maravilhosa edição que Albert Skira artilhou um dia com os buris e os carvões do fogoso malaguenho.

 Palavra puxa palavra, veio-nos à baila a questão do professorado. Na Ibéria.

 Durante alguns momentos apenas, porque se fazia tarde, ouvi-o encantado pelo bom-senso que se soltava do que dizia, pela justeza dos conceitos que explanava. O seu falar não tinha qualquer sabor a rolha nem aquele jargão que, de certas bocas amoráveis, se solta com chavões politicões à mistura. (Não havia necessidade...).

 Tempos atrás, de um outro professor que é também confrade triplóvico e para mim muito querido (claro!) recebi um textinho que, sendo de pequena talha, me calou fundo pela justeza singela do que nele era dito. E tenho para mim que muito do que de mais acertado se vai dizendo, afinal, é fácil de dizer e fácil de entender - se, é claro, estivermos e lhe dermos a direcção adequada...

 Poderá, igualmente, com outro grau de robustez e profundidade devido aos temas que os enformam (Hieronymus Bosch, a construção de novas sociabilidades mediante a Arte, enfoques sobre Raul Proença, entre outros), ler textos (e ver pinturas) deste confrade na Revista Sibila, no preclaro TriploV e na acerada Agulha, da Fortaleza que é também a minha debilidade.

  Bom Verão e boa semana vos desejo.


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          "É com muito gosto que aqui vos deixo umas palavras que expressam, enquanto vosso Professor e Coordenador do Curso de Animação Sociocultural, o apreço que temos por vós.

         Na verdade, ao longo destes anos sempre fostes alunos interessados, de trato afável e cordial, nunca mostrando estar dependentes de preconceitos e modas, de superstições espúrias e de desonestidades intelectuais, que maculam o espírito humano e enegrecem a sua liberdade interior, inevitavelmente limitando o seu florescimento na comunidade em que nos foi dado viver.


João Garção, Sabedoria


         Não procurámos, somente, dar-vos informações e transmitir-vos métodos e técnicas, visando cumprir meros formalismos académicos. Tentámos, sobretudo, criar conjuntamente um estimulante ambiente relacional, assente em princípios éticos irrenunciáveis, que permitisse que pensamentos e práticas mostrassem a sua beleza e a sua utilidade e onde, afinal, pudesse ter lugar o ‘jogo’ da construção, destruição e reconstrução que é intrínseco à maravilhosa aventura que constitui a edificação do Saber.

         ‘Liberdade cor de Homem’, escreveu um dia, apropriadamente, André Breton. Em Educação (como nos demais domínios da Vida, assim o cremos), a exaltação da Liberdade, da Coragem e da Dignidade humana é tão importante como os apelos ao estudo dedicado, ao trabalho árduo e à responsabilidade individual. De outra forma, não haverá quem volte a roubar o fogo aos Deuses nem quem insista em saber ‘o que está para lá da montanha’, para parafrasear Rudyard Kipling…


João Garção, Pintura


         É esta atitude perante a Vida que deixamos nas vossas mãos, esperando que a acarinhem e a façam brilhar pelos anos vindouros. Sabemos que não será em tempos difíceis - como estes que estamos a viver – que os ‘heróis’ se forjam; mas acreditamos que é neles que os ‘heróis’ se revelam. Por isso, fazemos votos para que não vacilem, não cedam nem abdiquem dos vossos sonhos, dos vossos direitos (e deveres!) e da vossa dignidade, como seres humanos irrepetíveis que são - e com os quais, para nosso privilégio, temos tido o gosto de conviver.

        Bem hajam e obrigado por aquilo que nos têm dado. E muitas felicidades, é claro!

                               O Coordenador do Curso de Animação Sociocultural
                                                                                                         
João Garção
                                              
(Docente do Instituto Superior de Ciências Educativas de Felgueiras, onde leciona diversas Unidades Curriculares a cursos de Licenciatura e de Mestrado e onde é Coordenador do Curso de Animação Sociocultural.
 Pequeno texto escrito em junho deste ano, a solicitação de alunos, para ser incluído num álbum de caricaturas de finalistas daquele Instituto).

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 PSCriptum - Em próximos envios: "As Paredes de C.Ronald", "Imagens que me chegaram pelo Tempo", "Louvor de Cruzeiro Seixas"," António Salvado, simplesmente", etc. 

 Nota - Neste, como em qualquer texto de sua autoria (incluindo os falados...) o autor não segue os preceitos do chamado Acordo Ortográfico.

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