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Os manifestantes organizam-se para denunciar e prender os desordeiros e
assaltantes;
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Alguns desses desordeiros e assaltantes são também denunciados como PTetistas;
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A polícia agradece aos manifestantes por estas iniciativas para repor a ordem;
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Os manifestantes denunciam a tentativa de controlo do movimento por parte dos partidos;
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Os manifestantes exigem combate definitivo à corrupção e melhoria de condições
de vida condizentes com um estado democrático moderno, falando do regime
político brasileiro como sendo uma ditadura;
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O movimento alastra e reforça-se, com a social-comunicação sem saber já muito
bem para onde se virar, não vá ter que mudar de dono.
Pode ser que me engane, porém estou
convencido de que, tal como na Turquia, a coisa há-de ir. Com avanços e recuos,
com mais ou menos tempo. Mas que nada voltará a ser igual.
6 comentários:
Sim, é isso o que me chega do Brasil, de muitos amigos e confrades bem democratas, bem contra a corrupção, o compadrio Lulista e Companhia, o arrasto da verdade. O povão tem-se levantado e não para colocar os jeróminos e os louçanas e os fascistoides de lá no poleirão. Assim vale a pena, povão não deixeis os polvos entravar a vossa acção. Viva o Brasil realmente democrático, viva Portugal sem cangaceiros e hipócritas!
ns
Eu receio bem que os manifestantes queiram 'outro socialismo'. O poder socialista vai perscrutar a vontade do povo lendo ... cartazes.
..."Ao fim da tarde, emitiram um comunicado patético anunciando que estavam a ser estudadas fotografias dos cartazes exibidos nas manifestações, para se entender «o perfil dos manifestantes» e as suas reclamações."
...
"As revoluções costumam começar assim: com a eclosão de fúrias acumuladas, provocada por questões secundárias. E se é certo que o Brasil não enfrenta propriamente uma revolução – até porque o gigantismo do país é incompatível com um movimento revolucionário global – a verdade é que os poderes públicos estão sem conseguir responder ao que se está a passar. Em boa medida, porque os próprios manifestantes não sabem o que estão a exigir. Para além de uma sensação comum de desagrado com o status quo, as exigências e reivindicações concretas são dispersas e muito abstractas. E não há interlocutor. Não há um rosto, uma cara, um comité, ou seja o que for, que represente estas pessoas e as exigências que ninguém consegue ao certo determinar.
Ora, esse é o grande perigo da situação que o Brasil vive: não há um caderno de reivindicações, nem com quem negociar. De modo que, ou os poderes públicos conseguem rapidamente descobrir um interlocutor no meio da multidão, ou não se pode antecipar o que acontecerá."
http://blasfemias.net/2013/06/21/a-revolucao-sem-rosto/
Mas o não haver um rosto também poderá ser uma vantagem.
Uma comissão é infiltrável, a negociação implica um confronto e cedências, numa negociação o poder questionado sabe onde pisa e quem pisa.
Mas quando não há comissão, quando não há rosto e a contestação é diversa e múltipla, esse poder não sabe nem onde pisa nem quem ou o que poderá pisar inadvertidamente. É ele próprio que tem que se autolimitar e se conter nos seus abusos, sob pena de, mais tarde ou mais cedo, a contestação voltar e numa subida de tom.
E isso é uma vantagem incomparavelmente superior à reinvindicação localizada e personalizada.
Ou, metaforicamente, é menos perigoso lidar com uma cobra à luz do que às escuras.
Já agora, um pequeno pormenor que não sei se será tão insignificante como parece.
O vocabulário do português do Brasil provém em enorme medida do português do Sul de Portugal, mais exactamente do Alentejo, tal como é detectável, desde logo, na utilização do tempo verbal do gerúndio. Quando, em criança, lia a banda desenhada americana que chegava a Portugal via Brasil (e era quase toda) os meus pais, alentejanos, admiravam-se com a quantidade de termos e expressões que lá se encontravam, que eles próprios usavam e que o não eram ou eram mesmo desconhecidos por quem não fosse do Alentejo. E quando chegou a altura da "Gabriela" e das telenovelas que se lhe seguiram, ainda mais admirados ficaram.
Em Portugal, os termos "povo" e "popular" tornaram-se de uso quase exclusivamente marxista-leninista após o 25 de Abril. Mas qualquer alentejano, antes e depois dos "cravos", se referiu sempre à população da sua aldeia, e até a ela própria, como "o povo". No Brasil, isso é igualmente detectável, do "povo" ao "povão", quando se ouve um "popular". É, em 95% dos casos, cultural, não ideológico e como tal deverá ser enquadrado na compreensão do que por lá se passa.
Gonsalo diz muito bem e os seus aportes são lúcidos e honrados. Eu acrescentaria que é índice de sensatez ter-se prudência numa eventual euforia ou entusiasmo ao ver-se que, de há muitos muitos anos (desde o corrupto e corrido Collor) o povão está a erguer-se de forma digna e legítima e por isso comovente. Mas não devemos confundir prudência sensata com desconfiança castradora, visando dar-se como certo que o povão vai borregar ou entregar a bolsa aos bandidos que fizeram o mal(mensalão e outros roubos) e a caramunha (conseguiram eleger Dilma, uma hipócrita filha política do Inácio,conhecido como o tristemente célebre Lula). Ainda menos legítima, ou pelo menos limitadamente retrógrada, é a atitude de se caluniar o povão brasileiro, e os manifestantes em particular, dando relevo a actos violentos HOJE JÁ PERFEITAMENTE SITUADOS E DESMASCARADOS PELA PROPRIA POLICIA COMO PROTAGONIZADOS POR DISCOLOS A SOLDO DOS QUE SENTEM OS BIGODES A ARDER! As reivindicações, concretizadas em acções democráticas de exigência cidadã, são profundamente justas. Os que lhes levantam críticas género "TUDO AGORA,SEM CORANTES NEM CONSERVANTES" são como os da Action Française de antanho, que diziam em estilo "vivaço espertalhaço" de tipo sacrista: "Agora querem férias pagas. Em breve quererão comer em pratos de ouro!". Estas falsas analogias tentam apenas suster a justiça de protestos, sejam onde forem. E mais: por haver em Portugal um pc norteado por bernardinos coreanos e um berloque mantido por ex-estalinistas, com as públicas acções visando apenas tomarem o trono para nos enfardarem a todos - não significa que o povão brasilis seja do mesmo jaez! Não sejamos crédulos em utopias, mas também não sejamos encolhoados com desconfiança de tudo o que mexa! Só mais um ponto: o creio que limnitado Ferreira Fernandes, que no DN fórum com um desplante fenomenal, dava a entender que era por exigência caturra que os manifestantes se manifestam, e que iria acabar tudo em samba, conhece mal o Brasil - ou então é apenas um incompetente pensador. A não ser, o que acredito possível, que seja sim um indivíduo muito, muito inteligente... merecedor de parabéns pela jogada...esmerada.
ns
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