Claro que vos venho desejar um Bom Natal. Claro que
vos desejo um Bom Natal. Embora suspeite que o não ireis ter tão bom assim.
Ou seja: bom, o que se diz bom, porque apesar da
retórica e dos truques o estado do País, deste nosso Portugal que todos
amamamos pois não tem culpa de ser e ter sido liderado(?) por díscolos e
mentirosos compulsivos, é cada vez mais inquietante. E nem será
necessário, para o constatar, recorrer à demagogia de sectores que, aquando do
tempo em que internacionalmente dominavam metade do mundo, ainda fizeram pior,
mais sujo e criminal. Palavras dessas as leva o vento...
E digo ainda: como o progresso financeiro tem
estado proverbialmente, principalmente a beneficiar patifes hábeis, e como eu
não tenho contactos/confrades patifes - infiro que ireis ter, como eu, quadra
algo amargurada.
Fica-nos, é claro, a felicidade interior. Mas
essa não se merca nas boticas (nem nas sacristias, apesar da agitprop
propagandística desse sector) pelo que ela é, na verdade, um caso de vivência
pessoal e intransmissível.
Resta-nos pois, muito para além das
realidades escuras, a fraternidade de uns para os outros como campo susceptível
de sentirmos um pouco de calor humano - esse halo que pode clarear os
dias. Uma espécie de sursum corda para que a iluminação quotidiana
nos possa atingir.
E essa dou-vo-la sem desdouro, carreada
num desejo de que tudo vos corra pelo melhor!
Os proverbiais abrqs e bjh do vosso confrade
ns
PScriptum - O bloquinho anexo, que vos envio à guisa de humilde presente, acha-se também no TriploV, no Ablogando e no Frère Julien (França), nos quais podereis ler coisas excelentes de outros autores.
A terra prometida e Oito lendas para o Natal
A terra prometida (tapeçaria)
Neste
nosso tempo de quimeras e algumas certezas – mas menos de certezas que de
quimeras – o Natal está colocado (colocaram-no) num ponto algo incerto entre a
realidade histórica e a legenda fideísta.
Nem será
preciso chamar a atenção para as últimas polémicas (se de polémicas se trataram)
que têm rodeado a reconfiguração de figuras, de presenças, no tradicional Presépio
que a veneração, a tradição e o apego a uma certa vernaculidade compósita de
protagonistas animais (sim, refiro-me à vaquinha e ao burro, sinais de singeleza
e quotidiano participativo) pelos tempos dos Tempos se puseram em acção no
palco presumível da História sacra.
Seja como
for, em nós que persistimos em não perder o nosso coração de crianças o Natal
segue sendo um espaço aberto na nossa sucessão dos anos, no nosso evidente
encantamento feito duma junção muito clara de recordações e de fidelidade ao
passado que, se é verdade que não volta, podemos contudo reviver, creio,
mediante a celebração de um ritmo e de uma memória situados em momentos idos de
um tempo feliz.
Será, terá
sido, o tempo de uma “terra prometida”, que através de uma inflexão que
entronca nos territórios de um certo sagrado, mormente da Arte, podemos de novo
tentar trazer à convivência de todos os que não esqueceram natais antigos.
E, a
despeito das amarguras, vos deseja um próspero e fecundo Natal o vosso et nunc
et sempre
ns
1 comentário:
Bom Natal também para si, ns! Gostei destes presentes camandou ó pessoal.
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