quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Não, ele não volta.

[Este post do Blasfémias é incontornável para se perceber a orgia que anda no Bloco de Esquerda na comunicação social (isto foi ontem, hoje de manhã já se berrava que, afinal, Bruxelas ainda não tinha aprovado o TGV):]

Um rumor deixou ontem em histeria os apaniguados do antigo primeiro-ministro nas redes sociais: vem aí o TGV.
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Tudo nasceu de uma notícia da TVI:
tgv .
«TGV»: Governo acertou com Bruxelas novo projeto - Obra para linha de alta velocidade que ligará Lisboa a Madrid deverá avançar entre 2014 e 2020
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A notícia era acompanhada de uma entrevista por escrito ao ministro Vitor Gaspar (que aparentemente já não está online) e em que este explicava que o financiamento para o TGV Lisboa-Madrid tinha sido renegociado e que os fundos iriam ser utilizados num novo projeto reformulado e focado nas mercadorias.  A leitura era óbvia: o dinheiro que estava reservado para o TGV ia para outras coisas. Além do mais, o Ministro Álvaro esclareceu rapidamente qual era esse projeto: a linha ferroviária de mercadorias Sines-Madrid, em bitola europeia.
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Não há lugar a grandes interpretações nem confusões, mas mesmo assim, a RTP acompanha a notícia com a luz verde da discórdia: “…horas depois de o ministro das Finanças ter declarado à TVI que negociara com Bruxelas o financiamento da ligação entre Lisboa e Madrid, obtendo nesse processo uma comparticipação europeia superior à que estava prometida ao Governo Sócrates.”
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O DN, por sua vez, fez uma maravilha de jornalismo inventivo. Perante a frase de Álvaro Santos Pereira: não está previsto para o período da atual legislatura qualquer iniciativa por parte do Governo para que o projeto de alta velocidade seja retomado”, ou seja, até 2015.”, escolhem este título: Álvaro Santos Pereira diz que TGV faz-se após 2015. 
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 E o Público, escreve esta notícia absolutamente divertida: Título: vem aí o TGV. Conteúdo: não percebemos bem se é bem um TGV. Último parágrafo: vai-se poupar dinheiro não fazendo o TGV.
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Logo na altura, publiquei estes dois tweets.
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Metam na cabeça de uma vez por todas: não vai haver TGV nenhum.
Agora vão levar uns dias a falar no TGV até se aperceberem que é de linha de mercadorias que se está a falar.
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Todos lemos as mesmas fontes, mas como se vê, cada um escreve o que quer ler. Por essa altura já ia alta a festa pá, pelos lados das redes sociais e não parou, apesar de ser claro que não ia haver nenhum TGV. O que mais divertia algumas pessoas era a contradição entre Gaspar e Álvaro. Escreveram-se coisas destas:
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João Pinto e Castro: O Passos vai explicar que decidiu construir o TGV para poder exportar comboios carregados de Magalhães.
João Quadros: está visto que o ministro da economia ficou fora do comboio
João Ribeiro (Porta-voz e Secretário Internacional do PS) – Prova que austeridade é escolha ideológica.
Ana Gomes (RT de G_L): A estocada final no cachaço do povaréu tolo que votou Passos será a retoma do TGV. E em breve, do aeroporto. Toma que é para aprender.
José Junqueiro: “O TGV existe para o ministro das Finanças, mas não existe para o ministro da Economia…” e “O governo “apanhou” o TGV … e eu … prenhe de tanto ouvir … já convencido de q era coisa faraónica e socialista … -:))-:))-:))” (já hoje de manhã)
Inês Pedrosa: Começou a refundação do Estado: vem aí o TGV. Ainda bem que não foi uma ideia do Sócrates…
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E por aí fora. E já esta manhã, vem uma das mais divertidas:  “Ana Paula Vitorino aplaude “recuo” do governo sobre o TGV

E aquele que se engana sempre: “Nicolau Santos estranha regresso do TGV e não se admira que ideia do aeroporto volte.”
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Conhecendo a imprensa portuguesa como conheço, podemos esperar nos próximos dias títulos do género:
  • Governo volta a recuar: já não vai haver TGV outra vez.
  • Trapalhada: Álvaro e Gaspar não se entendem
  • Álvaro ganha a Gaspar
  • CDS incomodado com regresso de TGV faz governo recuar.
Vale uma aposta?

2 comentários:

José Gonsalo disse...

Recomendo, a propósito da esquerda e dos seus jagunços e apaniguados da social-comunicação, a leitura do sempre actual Discurso do filho da puta, de Alberto Pimenta.
Claro que não é só a esquerda. Mas é a esquerda.

Manuel Graça disse...

http://youtu.be/U6o2TLuxbsA