(imagem recolhida aqui)
Este artigo de Henrique Monteiro, no Expresso, é bem elucidativo do que vai pelos meandros da comunicação social e de como a "opinião pública", o "bom povo", os idiotas úteis e os "inconformistas", mais ou menos aguerridos, são fácil e gostosamente manipulados para servirem aos "progressistas" desejosos de imporem as suas luzes a este mundo inferior, indigno deles.
Da
estupidez como critério jornalístico
Leio em
diversa imprensa internacional (o primeiro a chamar-me a atenção foi o
Hunffington Post) e também portuguesa que a
nomeação pelo Papa do novo presidente do banco do Vaticano é controversa. Primeiro, pensei que era por ser
alemão ou amigo do Papa (este desmentiu conhecê-lo sequer), mas verifiquei que,
afinal, era porque o nomeado Ernst Von Freyberg preside a uma empresa de
construção naval que fez barcos
de guerra para os nazis.
Pensei,
então, que Von Freyberg fosse um idoso. Mas não, nasceu em 58, já a guerra e os
nazis tinham acabado há 13 anos. É mais novo do que eu, que nasci em 56. A
suspeita não é sobre Freyberg, mas sobre a empresa. Mas será que isso faz
sentido?
E a
Grundig (agora comprada por investidores turcos), quando se chamava Fuerth, Grundig & Wurzer, não
vendeu rádios aos nazis? E a Siemens,
fundada em 1847, não aproveitou a mão-de-obra de campos de concentração? E
a célebre Volkswagen (que
traduzido é o carro do povo), não foi fundada por uma organização nazi em 1937?
Isto tudo
se sabe em três minutos de pesquisa na Internet. Eu sei que muitos jornalistas dirão que são os
críticos de Freyberg que estão a levantar essas dúvidas e não os próprios
jornais. Mas, a verdade é que editar um jornal é também escolher o que tem
sentido. E, neste caso, a
ligação de Freyberg ao nazismo é forçada e ridícula. Até que porque nem sequer tem
idade para isso. A História é a História. Também em Portugal há empresas
relacionadas - e muito - com o colonialismo, com o salazarismo, com a
escravatura, provavelmente... E de que culpa podemos acusar os seus
responsáveis atuais.
Pensar um
pouco não faz mal a ninguém. Assim como não
pode valer tudo para criticar uma decisão, independentemente de ela ser boa ou
má, coisa que eu não faço ideia, embora ultimamente tudo o que rodeie o
Banco do Vaticano (ou o Instituto das Obras Religiosas, como oficialmente se
chama) tenha sido sempre objeto
de controvérsia.
Mas
sinceramente choca-me que a necessidade de ser notado tenha feito o jornalismo
chegar a este ponto...
"Pesquei-o" neste texto de Nuno Gouveia, no 31 da Armada:
A
ignorância e a má-fé
Não preciso de escrever muito mais
do que isto que o Henrique Monteiro escreveu. Ontem à noite apanhei
no Twitter uns excitados a partilhar uma notícia que dizia que o Papa Bento XVI
teria nomeado alguém ligado ao nazismo. Ao ler a notícia reparei que o crime do
senhor era ter trabalhado para uma empresa que forneceu o regime nazi, apesar
de ter nascido apenas em 1958. Logo apontei os exemplos da Mercedes, da
Krups, da BMW ou da Allianz, como tantas outras, que também forneceram o regime
nazi. E se os ignorantes quiserem explorar um bocadinho mais o tema, até
encontram as americanas Ford, General Electric ou as inofensivas Kodac e Nestlé
na lista de fornecedores dos nazis. Será que também vão andar a dizer que todos
os que trabalham nestas companhias têm ligações ao nazismo? Santa
Paciência.
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