sexta-feira, 10 de maio de 2013

É TUDO VERDADE




Eis a síntese do resultado de uma ampla pesquisa sobre a população muçulmana mundial:

"Um em cada quatro habitantes do planeta é muçulmano, mas em 40 anos será um em cada três. Diante da evolução demográfica, para nós seria mais útil que o islã e a democracia fossem se encaixando, mesmo que lentamente, porque, caso contrário, como não param de prever as cassandras do choque de civilizações, as coisas ficarão feias quando chegarmos ao zênite do século 21. Os sinais para preocupação não surgem de meras intenções. O prestigioso Centro Pew terminou na semana passada um amplo estudo sobre os muçulmanos no mundo, com entrevistas individuais a uma amostra de 38 mil pessoas em 39 países [...]. Do trabalho surge o retrato falado do devoto muçulmano do século 21, que combina um amplo apoio à democracia com sua adesão à xariá (ou lei islâmica), incluindo castigos corporais; sua adesão à modernidade tecnológica e inclusive à cultura ocidental com o rigor moral e a submissão da mulher. Os dados sobre paquistaneses são especialmente relevantes, pois ali aparecem os crentes mais devotos e dogmáticos. Para 81% deles, a xariá é a palavra revelada de Deus -- o número mais elevado dos 39 países consultados --, e para 84% deve ser a lei oficial do país. [...] Também são os mais fervorosos partidários da aplicação de castigos físicos como a flagelação ou a amputação, com 88%, seguidos pelos afegãos (81%) e palestinos (76%). O mesmo ocorre com o apedrejamento por adultério, que 89% aprovam. E são um pouco mais moderados na hora de aplicar a pena de morte aos que repudiam o islã: 76% a favor, 10 pontos a menos que no Egito."
(
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2013/05/10/o-muculmano-do-seculo-21-e-democrata-e-moderno-mas-quer-mulher-submissa.htm)

Resumo da ópera: a barbárie da shariá é proporcional à sua popularidade. A primeira parte da equação era sabida e ressabida, mas a segunda ganha aqui uma inquestionável robustez estatística. Os que acusam aqueles que criticam o islã de "islamofóbicos" o fazem por ignorância ou má-fé.

Na verdade, nada disso surpreende. Por isso a passagem mais curiosa do reproduzido acima é, com certeza, esta: "Do trabalho surge o retrato falado do devoto muçulmano do século 21, que combina um amplo apoio à democracia com sua adesão à xariá (ou lei islâmica), incluindo castigos corporais; sua adesão à modernidade tecnológica e inclusive à cultura ocidental com o rigor moral e a submissão da mulher". "Combinar" democracia com adesão à barbárie da shariá é como "combinar" água com óleo. O resultado é que a água não pode ser bebida nem o óleo utilizado. Portanto, na verdade, o típico "devoto muçulmano do século 21" sequer tem ideia do que seja a democracia. O mesmo vale para o par absurdo "adesão à cultura ocidental com submissão da mulher". Como a cultura ocidental moderna rejeita radicalissimamente a submissão feminina (na verdade, nem se trata mais de rejeitar, pois a submissão feminina é simplesmente incompatível com a moderna sociedade aberta), mais uma vez, o típico "devoto muçulmano do século 21" sequer tem uma pálida ideia do que essa cultura significa. Tudo somado, como esse "devoto muçulmano do século 21" imagina que uma democracia possa funcionar com metade da população submetida à outra, além de estar sempre ameaçada  pela "justiça" islâmica, da qual é o alvo preferencial?!
O fosso cultural é ainda mais largo, profundo e escuro do que os pessimistas costumam pensar.

19 comentários:

Anónimo disse...

Um óptimo e esclarecedor apontamento!

Rui Dias

Anónimo disse...

Para quem não é cego, por adesão ao islamofascismo, ou tendencioso por ser adepto da quinta-coluna, já se percebeu que, tal como no passado, vai ter que se puxar da adaga. Ou isso ou eles acabam, sem complexos, com os que não babujarem Alá. Os democratas que não se deixem adormecer com a canção do bandido, entendendo bandido como a junção espúria de islâmicos e esquerdistas, tal como hoje existe pé-ante-pé. Sem complexos, respondamos à brutalidade com a nossa razão. Fanatismos nunca mais!

Nortenho mas benfiquista

Luís Dolhnikoff disse...

Veja, caro Nortenho, que a pesquisa fala em 39 países. Na verdade, há cerca de 50 nações islâmicas no mundo, com aproximadamente 1,5 bilhão de indivíduos. A única solução é a reforma profunda do islã. O "detalhe" é que não existem nem um grande líder reformador individual nem um grande grupo articulado de reformistas. Os países se viram como podem. A Argélia passou por uma brutal guerra civil nos anos 1990 para impedir que a Frente Islâmica de Salvação (FIS) tomasse o poder, primeiro pelas urnas, depois pelas armas. A única experiência histórica bem-sucedida é a do kemalismo, na Turquia. Mesmo que a Turquia ainda possa parecer islâmica demais, e ter hoje no poder um partido não laico, mas islâmico "moderado", continua sendo o único caso histórico de uma reforma radical do islã (incluindo o fechamento de todas as escolas corânicas nos anos 1920, entre inúmeras outras iniciativas), e de uma radical reforma do Estado (incluindo a proibição da shariá e a instituição de um direito civil laico), no que antes era a própria sede do Califado. O mundo precisa de um novo e ainda maior Ataturk (antes que alguém diga asneiras, ele não está de nenhum modo envolvido com o genocídio armênio, ocorrido antes de ele chegar ao poder). Mas a probabilidade maior é que fique precisando.

Unknown disse...

Não sou tão optimista como o LD que, basicamente, acredita ( é mesmo fé) que o Islão poderá passar por um processo de "privatização" semelhante ao do Cristianismo na Europa.
A herança clássica, bíblica, romana e mesmo cristã, têm, tinham portas abertas para a separação. Na Biblia, o Livro dos Reis, por exemplo, é uma exaustiva narrativa da conflitualidade entre Deus e o poder temporal. Na tragédia grega, em Antígona, por exemplo, o enredo gira à volta do funeral do irmão desta, que ela quer fazer, por razões religiosas e a negativa de Creonte, por razões de estado. Roma , claro, e o proprio cristianismo, concebido como protector face ao poder temporal ( A César o que é de César....Cidade de Deus, etc, etc)

No Islão não há portas destas. O exemplo do Profeta que é, e ultima análise, a fonte do conceito de bem, diz exactamente o contrário, diz que o Califa é tudo, chefe religioso, militar, politico, etc.
Para o Islão se reformar, tinha de deixar de ser Islão

Luís Dolhnikoff disse...

"O mundo precisa de um novo e ainda maior Ataturk. Mas a probabilidade maior é que fique precisando". Se eu escrevi isto aqui mesmo, JC, não acredito que o islã possa passar por um processo de "privatização" da crença como ocorreu no Ocidente. O que eu digo e repito é que deve. Ou deveria. Cito, por exemplo, o caso argelino, em que o islã político foi recentemente derrotado pelos próprios argelinos, nos anos 1990, "manu militari". Ataturk, o grande reformador do Império Turco-Otomano na República da Turquia, também era um militar. Coerentemente, no caso ocidental, algo semelhante se deu, pois não creio que o fator decisivo para a separação Estado-Igreja tenha sido o que cita, que são fatores culturais, mas decisões de poder, políticas. Estou me referindo à Revolução Francesa, que numa primeira fase, pré-Napoleão, simplesmente colocou a Igreja Católica na ilegalidade. Mesmo depois da restauração do Congresso de Viena, o "mal" já estava feito, e o laicismo do Estado tornou-se inseparável do ideal republicano, apesar de idas e vindas no século XIX, por obra dos saudosistas do Antigo Regime, que unia a coroa à cruz. A reforma do islã é a única solução. Isto não significa que será realizada simplesmente por ser a única. Às vezes, nenhuma solução é dada. Neste caso, temos tragédias multisseculares, que se arrastam e às suas vítimas, até possivelmente culminar em catástrofe, como se deu com o histórico antissemitismo europeu, jamais "reformado", apesar mesmo do avanço civilista pós-Revolução Francesa, podendo então chegar ao início do século XX robusto o bastante para alimentar o nazismo. Ao contrário de um crente, sou racional. Ou o islã é reformado, ou não é. Provavelmente não o será. Isto não significa que não uma haja solução, mas que a única solução possível então falhou em ser implementada. O nome disso é fracasso histórico, que muitas vezes redunda em tragédia histórica, de que a história está cheia.

Luís Dolhnikoff disse...

PS

Obviamente, no contexto desta argumentação, solução "possível" refere-se não a qualquer medida imponderável de possibilidade imediata ou mesmo factível, o que apenas a história poderá decidir, mas ao campo das hipóteses concebíveis, justamente, como solução. Pois não creio que haja hipótese alternativa, por exemplo, eliminar os 50 países muçulmanos da face do planeta, ou vaporizar 1,5 bilhão de muçulmanos.

José Gonsalo disse...
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Unknown disse...

LD, eu não situaria a separação efectiva entre Estado e Igreja, na Revolução Francesa, mas sim em Westefalia, muitos anos antes. Foi aí que emergiu a separação entre estado e religião, num território dado, ficando tudo submetido à jurisdição territorial. A Nação, como identidade, nasceu aí.
Isto, claro, na sequência das terríveis guerras religiosas.
Mas dizer que nada disto teve a ver com os conceitos cristãos propriamente ditos e sim com decisões políticas é muito redutor. Os conceitos de mal e bem, certo e errado, justo e injusto, a ética e a moral, enfim, estão sempre a montante. Os que decidem e os que legislam, fazem-no a partir de um edificio de valores que é o do meio cultural envolvente. As leis e as decisões, não surgem espontaneamente nas cabeças, vindas do nada. E os valores prevalecentes neste meio, onde isto aconteceu, eram/são cristãos. O cristianismo foi relegado à esfera privada, mas a esfera privada de quem decide e legisla, é exactamente moldada na matriz cristã.

Luís Dolhnikoff disse...

Sem dúvida é redutor, JC, pois eu estava, naturalmente, me referindo ao evento que julgo culminante e decisivo de um longo processo histórico, para destacar seu caráter diretamente político, de troca de regime, em cujo bojo a separação Estado-Igreja se efetivou,se explicitou, se tornou, inclusive, lei. Já falamos do binômio valores-interesses antes, e você desprezou os valores, eu o contrário, agora é o oposto... Sim, Westfália, e ainda antes, a "divisão" de poder entre o Imperador do Sacro Império e o papa, desde Carlos Magno e o "pequeno Renasciemtno carolíngeo", um com o poder temporal, o outro com o poder espiritual (ao menos em tese). Mas falando em valores, creio que o mais relevante, neste caso, não foram os valores cristãos, mas os gregos. A redescoberta dos gregos e do livre pensamento, o Renascimento, que foi também o Renascimento da filosofia e da ciência (vide Galileu), alimentadas pelas descobertas empíricas derivadas das Grandes Navegações (vide Rousseau), que por sua vez se ligam à ascensão da burguesia como nova classe dominante, livre das amarras estamentais e das ligações congênitas entre aristocracia e clero, resultando no Iluminismo, não por acaso explicitamente anticlericalista (vide Voltaire), e na Revolução Francesa, que culminou todo esse processo histórico com uma mudança radical de regime político e também de mentalidade. No caso islâmico, a história é literalmente outra. Eles aliás redescobriram os gregos antes, mas isso não teve o mesmo resultado porque essa redescoberta foi limitada, filtrada e enviesada por sua "adequação" ao Corão (vide Avicena, cognominado "o Comentador" [de Aristóteles], logo, não seu continuador), enquanto na Europa cristã do início do fim da Idade Média a recepção e o impacto encontraram outro solo e outra recepção (apesar da tentativa falhada da Igreja de também controlar e enviezar religiosamente tal recepção - vide Aquino), com outras consequêncuas, o que seria aliás reforçado pela diáspora greco-bizantina, principalmente para Veneza e o resto da Itália, não por acaso no mesmo século XV da explosão renascentista, depois da queda de Constantinopla, causada, aliás, pelos mesmos muçulmanos... Mas sempre tudo converge para o trio modernidade-iluminismo-Revolução Francesa, origem última do lacismo ocidental moderno.

Unknown disse...

"e você desprezou os valores, eu o contrário, agora é o oposto"

Não me recordo de ter feito isso, ou então expliquei-me mal.
Uma coisa chama-se "valor", porque alguém lhe dá valor.
E se lhe dá valor, é do seu interesse agir de acordo com essa sua noção de valor.
O "interesse" é usualmente visto como sinónimo de "material" quando, na verdade, é mto mais que isso.
Assim, por exemplo, se o LD dá valor à, por exemplo, saúde de alguém que ama, é do seu interesse ajudar essa pessoa, não por ela, mas por si, porque se não a ajudar se sentirá mal, ou seja, infeliz. Bentham explicava bem esta noção tão importante ao utilitarismo, chamando-lhe o "princípio da felicidade".
Em resumo, você age "moralmente", não em função de um bem abstracto mas sim em função do SEU bem.
Kirkgaard dizia que os homens podem estar num de 3 estados: estético, ético e religioso. O estético é aquele em que o seu "bem" depende apenas da satisfação de interesses primários, como comer, beber, fornicar, etc. No ético, os seus interesses já passam por empatia, por sentir-se bem ou mal se agir acima ou abaixo da sua noção de valor, e por aí adiante.

Assim que, em resumo, não encontro nenhuma contradição entre "valor" e "interesse" e, muito menos, me recordo de ter incorrido nela.

Luís Dolhnikoff disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Dolhnikoff disse...

Foi nos comentários a "O ataque de Israel e a sobrevivência da tragédia síria". Você escreveu: "Não entendo esse universalismo de que fala.E muito menos o considero um 'valor'. Valor para quem?”. Ao que eu respondi: "O universalismo é um valor no sentido moral, conceitual: claramente, não é do campo dos interesses. E com certeza é um valor para mim." Em política, estritamente falando, valores têm conotação moral-conceitual, e interesses, âmbito político-material. Há sobejos exemplos na teoria e na prática políticas. Por exemplo, e aproveitando para girar de volta ao nosso tema, uma possível intervenção militar ocidental na Síria, que seria movida por interesses mas sem excluir os valores (proteção à população civil síria). Como regra, Estados agem movidos por interesses, mas é cinismo e mesmo ignorância pretender que os valores não influenciam, como você aliás destacou há pouco (os navegadores espanhóis no Novo Mundo queriam tanto o ouro quanto a propagação da "verdadeira Fé").

Unknown disse...

"tudo converge para o trio modernidade-Iluminismo-Revolução Francesa, origem última do laicismo ocidental moderno"

Nada em contrário. Eu apenas sugeri que essa modernidade, esse iluminismo, só puderam surgir à luz do dia porque surgiram num quadro de matriz cristã. Não por acaso, Nietzsche chamou à democracia a versão profana do cristianismo...

Luís Dolhnikoff disse...

Respeito esta interpretação, JC, mas adoto, apesar disso, outra, de que tudo isso se deu apesar da e contra a matriz cristã, daí os embates entre Igreja e ciência, desde o início da moderniade (Copérnico, Bruno, Galileu), o anticlericalismo (ou anticristianismo) dos iluministas e a dura condenação da Igreja enquanto instituição e conceito pela Revolução Francesa. O humanismo moderno, o único verdadeiro humanismo da história, na minha opinião, não é laico por acaso.

Unknown disse...

Ou seja,se bem entendi, o LD acha que os valores, ou seja, os conceitos de mal e bem, certo e errado, despontaram, espontaneamente no interior da razão e são universais e abstractos, isto é, o que é bem para mim, é bem para si e para toda a gente.

Deixe-me colocar à prova essa sua ideia.

Suponha que tem um familiar seu, pessoa cuja vida lhe importa muito, bastante doente e você pode gastar, digamos 200 000 euros num bom hospital e tentar salvá-la.

Suponha agora que lhe dizem que há 20 pessoas, que você não conhece de lado nenhum e que, com 20 000 euros cada uma, se salvam de certeza.

Deduzo que, pela sua lógica humanista e racionalista, optará por salvar as 20 pessoas e deixar morrer a pessoa que lhe interessa.

Se não for essa a sua opção ( e eu acredito que não será), importa-se de explicar como justifica essa escolha moral?

Anónimo disse...

Falando sem partis-pris, como hipótese filosófica ponhamos esta proposição, para situarmos os conceitos numa plataforma não mística: as religiões são construções do Homem, que interpretando, sem na altura possuir linguagem tecnológica suficiente, certos acontecimentos ou contactos (hoje já admitidos plenamente pela ICAR, vide a declaração do teólogo Michel Frumser com apoio de João XXIII) deram feição de Deuses, Deus, etc. às entidades in loco. Nesta perspetiva, a superioridade cultural de esta ou daquela religião (neste caso do Cristianismo, efetivamente) parte do postulado que reconhece valor ao ser humano como ser criado em liberdade por "Deus" (o livre-arbítrio, que é o maior valor da "religião cristã")o mais importante papel de dignidade desse mesmo Cristianismo. Se por vezes e em épocas bem determinadas, houve Antístenes e sacerdotes que o desrespeitaram (Inquisição, brutalidade obscurantista) isso é um dado à revelia da evangelização do Nazareno. Segundo ponto: o Islão preceitua a "obrigatoriedade total" do crente. Não existe, nele "espaço de fuga". É, pois, um conceptualismo totalitário, ocupando a TOTALIDADE DO SER DO CRENTE.Os islamitas ditos moderados, ou tolerantes, são pois maus muçulmanos. Uma vez que, neles, existem frestas criadas ou por interesses próprios ou, então, por estratégia política da agremiação civil ou nacional a que estão ligados.
Daí que Carl Heinzenfeld, no seu monumental estudo sobre as religiões reveladas, tenha caracterizado o Islamismo, no fundo, como uma política, sim, travejada por uma pátina "fideísta" para agregar os fiéis, que em última análise são encarados como SOLDADOS DO CALIFADO PUTATIVO.
Assim, é um absoluto contrasenso falar-se em Islamismo Democrático, como seria absurdo falar-se em Tigres Vegetarianos.
Não esqueçamos que A QUESTÃO RELIGIOSA SE PASSA TODA NESTE LADO DA VIDA, tem portanto uma existência histórica E SÓ HISTÓRICA. São os homens que aceitam ou recusam os maneios religiosos, não o Deus cristão contra o Deus islâmico ou outros quaisquer, como é óbvio, só nas lendas construídas é que um deus vem lutar a favor deste ou daquele campo...
A religião cristã pode ser metafisicamente falsa, mas o seu cânone pode conviver com a modernidade, a própria razão e os direitos humanos. A islamita, não. Daí que, se o ocidente tiver a inteligência e a decisão de resistir ao atual arranque muçul, que é ajudado pelo esquerdismo que se reivindica de marxista sem de facto o ser, será umas questão de tempo a DERROCADA COMPLETA DO ISLAMISMO. E isto porque as contradições internas dos apaniguados de Mafoma, o avanço científico E PRINCIPALMENTE TECNOLOGICO, estilhaçarão os dogmas corânicos, que NÃO PARTEM DO DEVIR HUMANO MAS DA SUA SUPRESÃO IDEOLÓGICA E SOCIAL.
Os mais inteligentes dos chefes islâmicos e marxianos já o perceberam, daí a pressa e o ímpeto que põem na sua evangelização. Eles sabem que O TEMPO TRABALHA CONTRA OS SEUS IDEÁRIOS. É preciso, portanto, mantermo-nos de olhos abertos e lucidamente estimularmos a democracia!

Pedro Heitor

Luís Dolhnikoff disse...

Não, JC, os conceitos morais são construções histórico-culturais, e historicamente particularistas, tribalistas. A exceção é a construção, também histórico-cultural, do conceito de universalismo (de que os Direitos Universais do Homem são a expressão jurídica), como fruto da modernidade (laicista) ocidental. Outros povos, aliás, por razões distintas mas não de todo equivocadas, como os muçulmanos e os chineses, dizem isso mesmo, que tais direitos humanos não são universais, mas ocidentais. De fato, o são. Mas são, não obstante", universalistas, no sentido de se pretenderem validamente universais, o que combina tanto com o universalismo do conhecimento científico quanto com a própria internacionalização do mundo contemporâneo.
De fato, minha opção seria salver meu próximo (mesmo porque, não sou cristão, não tenho essa visão abstrata de amor universal pelos seres humanos). A explicação é simples: uma coisa é a esfera pública, a outra, a esfera privada. Ou seja, defender o universalismo como conceito jurídico-político-moral não implica em ser um autômato universalista ou abstrato. Além disso, minha própria sobrevivência vir em primeiro lugar não significa indiferença pela sobrevivência alheia. Por outro lado, em situações-limite como você coloca, fazer uma opção é incontornável. Por fim, cito Camus, que foi por isto anatemezidado pelos universalistas "religiosos" da Revolução: "Entre a Revolução e a minha mãe, fico com minha mãe". Poderia ainda acrescentar boas razões darwinianas, de sobrevivência da própria herança genética, algo mais forte e "real" do que qualquer conceito moral, o que não é absolutamente contraditório com a discussão ou externo a ela, mas a levaria longe demais.

Unknown disse...

Muito bem. Optaria por salvar o seu familiar. Aduziu razões importantes, como a herança genética mas isso só é válido (e nem sequer se inscreve no campo da decisão racional, é algo de subliminar, já vem no "sistema operativo") em relação a filhos, netos, etc.

Na minha opinião você escolhe salvar o seu familiar, porque é o SEU familiar. O facto de ser SEU, tem a ver com a SUA felicidade ou falta dela, se essa pessoa morrer.

O que nos reconduz aos valores. Você age em função daquilo que valoriza. O que valoriza, tem INTERESSE para si.

A contradição que disse ter detectado no meu discurso, não existe.
Transponha agora esta pequena situação familiar para a questão síria e perceberá instantaneamente a razão pela qual a escolha moral certa é a de promover ao máximo aquela guerra entre dois inimigos figadais dos nossos interesses.

O valor do "humanismo", em que se estribou, é apenas uma bela palavra, redonda e sonante, mas que assenta numa ética errada.
Quem agir consistentemente segundo ela, num mundo hobbesiano, não sobreviverá ao tempo. E esse é o árbitro final...

Unknown disse...

Muito boa a opinião do Pedro Heitor. De facto o Islão é muito mais que uma religião, é um sistema completo. Um totalitarismo.
E, porque assenta numa "verdade" imutável, escrita num livro eterno e de proibida interpretação, é como aqueles materiais que não vergam. Ou ficam direitos, ou partem.