Sem comentários, transcrevo integralmente:
Numa altura em que as
parcerias público-privadas (PPP) têm estado a ser passadas a pente fino numa
comissão parlamentar de inquérito, o Tribunal de Contas divulga um relatório,
segundo o qual os contratos que levaram à introdução de portagens nas SCUT é
lesivo para o Estado. O deputado do PSD Mendes Bota considera as conclusões são
muito graves.
“Achamos que é de uma gravidade extrema. Quando
existe uma queixa dos próprios juízes de que houve sonegação de informação
relevante para a concessão dos seus vistos em relação a um conjunto de
contratações que o Estado fez, pensamos que tem consequências, nomeadamente no
âmbito criminal”, afirma o membro da comissão parlamentar de inquérito às PPP.
“Daí que também questionámos o senhor Procurador-geral
da República para saber se, face às notícias que estavam a sair, em relação a
esse relatório do Tribunal de Contas, iria tomar alguma iniciativa, no sentido
de promover inquéritos e avançar com o processo judicial, se fosse caso disso”,
adianta à Renascença.
É de dinheiro dos contribuintes que se trata. O
Tribunal de Contas confirma que o Estado continua a pagar às concessionárias,
mesmo depois do fim das SCUT. As concessionárias e os bancos são, aliás, os
únicos beneficiários destes contratos.
Mais: as negociações levadas a cabo pelo
anterior Governo, que incluíram contratos paralelos, aumentaram as despesas com
as estradas em 705 milhões de euros.
A Secretaria de Estado das Obras Públicas está
analisar o relatório do Tribunal de Contas e reserva comentários para mais
tarde. A anterior equipa socialista do Ministério permanece, por seu lado,
incontactável.
Quanto ao actual Governo, Mendes Bota defende
que está a tentar resolver o problema gerado pelo anterior Executivo.
“Há apenas parcerias público-privadas do sector
ferroviário e duas do sector rodoviário que não estão em renegociação,
portanto, o Governo está a fazer o que lhe compete, impondo condições de um
equilíbrio de repartição dos sacrifícios em Portugal. O Governo, nessa matéria,
não só não tem responsabilidade directa, como está a tentar resolver o
problema, grave”, sustenta.
ACP quer relatório analisado
com queixa-crime
O Automóvel Clube de Portugal vai
anexar o relatório do Tribunal de Contas à queixa-crime que apresentou contra
Paulo Campos, Mário Lino e António Mendonça, da anterior equipa do Ministério
das Obra Públicas.
“Não foi em vão que o ACP esteve 18 meses a
investigar todo este processo e que apresentou a queixa-crime no DIAP, contra
os três ex-governantes, e portanto não me espanta rigorosamente nada que tenha
aparecido mais esta confusão. Calculo que esse relatório seja importantíssimo
para juntar ao processo, porque isto tem que ser tudo deslindado até ao último
momento”, afirma à Renascença o presidente do ACP, Carlos Barbosa,
que acusa os antigos ministros de gestão danosa do dinheiro dos contribuintes.
Utentes defendem incriminação
de responsáveis
O porta-voz da Comissão de Utentes
das SCUT do Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata defende que "se
houver matéria, deve-se incriminar os responsáveis" pela introdução de
portagens nas antigas vias sem custos para o utilizador.
José Rui Ferreira considera que se devem
"tirar consequências deste relatório. Se se apurar que houve abuso de
utilização de determinadas funções e cargos para favorecer este ou aquele de
forma ilegítima, as responsabilidades devem ser apuradas", afirmou à
agência Lusa.
O porta-voz dos utentes sublinha que "o
processo de introdução de portagens confirmou ser muito oneroso quer para os
orçamentos familiares quer para a situação económica e financeira das
empresas".
"Isto foi pretexto para que se tenham feito
grandes negócios. A questão das Parcerias Público Privadas é provavelmente um
dos negócios que muito deve ter contribuído para a crise que se está a
viver", destacou.
Em adenda:
Avelino Jesus disse, esta
manhã, no Parlamento, que os contratos das Parcerias Público-Privadas (PPP) são
um “descalabro completo”, por não terem limites aos gastos.
O professor do Instituto Superior Tecnico - que
se demitiu do grupo de trabalho que deveria analisar as parcerias e avaliar o
seu impacto nas contas públicas - está a ser ouvido pela comissão de
inquérito às PPP no sector ferro-rodoviário.
“A forma como os contratos estão elaborados
permite um descalabro completo nos valores que podem vir a ser apresentados no
futuro. Os contratos são muito abertos, são o resultado da negociação entre o
poder político e as empresas que estão no terreno e, quando digo que podem vir
a ser acrescentados 20% a 30%, quero dizer que não temos maneira de fazer um
cálculo rigoroso, porque, sendo contratos abertos, permitem um empolamento
quase indefinido”, explicou.
Avelino Jesus justificou, ainda, a demissão do
grupo de trabalho pela manifesta falta de informação e acesso a documentos que,
diz, eram “arrancados à força”.
Como resposta, o PS diz que tudo isto tem como objectivo um ataque pessoal ao deputado Paulo Campos, ex-secretário de Estado do coiso de Sócrates. Se a hipocrisia e o ridículo matassem, morreria não apenas o grupo parlamentar do partido mas todo o PS.
O prejuízo, dizem os economistas, demorarão quarenta anos a serem pagos por todos nós e condicionarão a acção futura deste e de qualquer outro governo.
Sócrates, os seus amigos e todos os barões e patriarcas que o apoiaram, promoveram ou enalteceram, todos foram de uma frieza atroz. Espera-se um julgamento por crime de lesa-pátria.
Ainda os há neste país?