quarta-feira, 30 de maio de 2012

Do eufemismo e da isenção política na comunicação social



Ontem, liguei a televisão, faltavam uns minutos para o telejornal da hora do almoço. Seleccionei, um pouco ao acaso, o canal 4. O Você na TVI chegava ao fim. Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira falavam com o economista Camilo Lourenço, conselheiro residente do programa em matéria de economia e fiscalidade para as perguntas que são enviadas pelos espectadores ao longo da semana.

Como Camilo Lourenço é alguém cuja inteligência e frontalidade aprecio (previu muito antecipadamente as consequências do que foi a acção de José Sócrates e do governo PS, por exemplo), fiquei-me a ouvir os últimos instantes da conversa, que não sei a que assunto específico se referia mas que acabou por ter assim o seu epílogo:


Goucha (dirigindo-se a Camilo Lourenço) — Olha lá, ontem a Moody’s melhorou o rating de Portugal, não foi?

Camilo Lourenço (sorrindo) — Foi, foi…

Goucha — Mas isso quase passou despercebido na Comunicação Social…

Camilo Lourenço (continuando a sorrir) — Pois foi, pois foi…

Goucha — Mas porque é que achas que não se falou mais disso…?

Camilo Lourenço (ainda a sorrir) — Sabes, a desgraça vende mais…


Camilo Lourenço é um homem frontal mas educado. E, como a maioria dos portugueses, tem o emprego em risco.

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