quinta-feira, 31 de maio de 2012

Daquilo que agora já toda a gente sabe, mas de que muito poucos quiseram saber



Sem comentários, transcrevo integralmente:


Numa altura em que as parcerias público-privadas (PPP) têm estado a ser passadas a pente fino numa comissão parlamentar de inquérito, o Tribunal de Contas divulga um relatório, segundo o qual os contratos que levaram à introdução de portagens nas SCUT é lesivo para o Estado. O deputado do PSD Mendes Bota considera as conclusões são muito graves. 



“Achamos que é de uma gravidade extrema. Quando existe uma queixa dos próprios juízes de que houve sonegação de informação relevante para a concessão dos seus vistos em relação a um conjunto de contratações que o Estado fez, pensamos que tem consequências, nomeadamente no âmbito criminal”, afirma o membro da comissão parlamentar de inquérito às PPP. 


“Daí que também questionámos o senhor Procurador-geral da República para saber se, face às notícias que estavam a sair, em relação a esse relatório do Tribunal de Contas, iria tomar alguma iniciativa, no sentido de promover inquéritos e avançar com o processo judicial, se fosse caso disso”, adianta à Renascença. 

É de dinheiro dos contribuintes que se trata. O Tribunal de Contas confirma que o Estado continua a pagar às concessionárias, mesmo depois do fim das SCUT. As concessionárias e os bancos são, aliás, os únicos beneficiários destes contratos. 

Mais: as negociações levadas a cabo pelo anterior Governo, que incluíram contratos paralelos, aumentaram as despesas com as estradas em 705 milhões de euros. 

A Secretaria de Estado das Obras Públicas está analisar o relatório do Tribunal de Contas e reserva comentários para mais tarde. A anterior equipa socialista do Ministério permanece, por seu lado, incontactável. 

Quanto ao actual Governo, Mendes Bota defende que está a tentar resolver o problema gerado pelo anterior Executivo. 

“Há apenas parcerias público-privadas do sector ferroviário e duas do sector rodoviário que não estão em renegociação, portanto, o Governo está a fazer o que lhe compete, impondo condições de um equilíbrio de repartição dos sacrifícios em Portugal. O Governo, nessa matéria, não só não tem responsabilidade directa, como está a tentar resolver o problema, grave”, sustenta. 

ACP quer relatório analisado com queixa-crime 
O Automóvel Clube de Portugal vai anexar o relatório do Tribunal de Contas à queixa-crime que apresentou contra Paulo Campos, Mário Lino e António Mendonça, da anterior equipa do Ministério das Obra Públicas. 

“Não foi em vão que o ACP esteve 18 meses a investigar todo este processo e que apresentou a queixa-crime no DIAP, contra os três ex-governantes, e portanto não me espanta rigorosamente nada que tenha aparecido mais esta confusão. Calculo que esse relatório seja importantíssimo para juntar ao processo, porque isto tem que ser tudo deslindado até ao último momento”, afirma à Renascença o presidente do ACP, Carlos Barbosa, que acusa os antigos ministros de gestão danosa do dinheiro dos contribuintes.

Utentes defendem incriminação de responsáveis 
O porta-voz da Comissão de Utentes das SCUT do Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata defende que "se houver matéria, deve-se incriminar os responsáveis" pela introdução de portagens nas antigas vias sem custos para o utilizador. 

José Rui Ferreira considera que se devem "tirar consequências deste relatório. Se se apurar que houve abuso de utilização de determinadas funções e cargos para favorecer este ou aquele de forma ilegítima, as responsabilidades devem ser apuradas", afirmou à agência Lusa. 

O porta-voz dos utentes sublinha que "o processo de introdução de portagens confirmou ser muito oneroso quer para os orçamentos familiares quer para a situação económica e financeira das empresas". 

"Isto foi pretexto para que se tenham feito grandes negócios. A questão das Parcerias Público Privadas é provavelmente um dos negócios que muito deve ter contribuído para a crise que se está a viver", destacou.



Em adenda:


Avelino Jesus disse, esta manhã, no Parlamento, que os contratos das Parcerias Público-Privadas (PPP) são um “descalabro completo”, por não terem limites aos gastos. 



O professor do Instituto Superior Tecnico - que se demitiu do grupo de trabalho que deveria analisar as parcerias e avaliar o seu impacto nas contas públicas - está a ser ouvido pela comissão de inquérito às PPP no sector ferro-rodoviário. 


“A forma como os contratos estão elaborados permite um descalabro completo nos valores que podem vir a ser apresentados no futuro. Os contratos são muito abertos, são o resultado da negociação entre o poder político e as empresas que estão no terreno e, quando digo que podem vir a ser acrescentados 20% a 30%, quero dizer que não temos maneira de fazer um cálculo rigoroso, porque, sendo contratos abertos, permitem um empolamento quase indefinido”, explicou. 

Avelino Jesus justificou, ainda, a demissão do grupo de trabalho pela manifesta falta de informação e acesso a documentos que, diz, eram “arrancados à força”.


Como resposta, o PS diz que tudo isto tem como objectivo um ataque pessoal ao deputado Paulo Campos, ex-secretário de Estado do coiso de Sócrates. Se a hipocrisia e o ridículo matassem, morreria não apenas o grupo parlamentar do partido mas todo o PS.

O prejuízo, dizem os economistas, demorarão quarenta anos a serem pagos por todos nós e condicionarão a acção futura deste e de qualquer outro governo.

Sócrates, os seus amigos e todos os barões e patriarcas que o apoiaram, promoveram ou enalteceram, todos foram de uma frieza atroz. Espera-se um julgamento por crime de lesa-pátria.

Ainda os há neste país?


2 comentários:

Anónimo disse...

Não percebo o que impede o antigo premier e os seus áulicos, se cometeram ilegalidades, de serem responsabilizados. Se isso assim for, entrou-se na ilegalidade de responsáveis pela justiça. E já não se estará num país de Direito, sendo pois constitucional a inssurreição, como o Documento fundacional preceitua. É legítimo ainda que sejam apresentadas queixas aos órgãos internacionais contra esses responsáveis.

Mário Mendonça

Anónimo disse...

Serenamente, mas com determinação, impõe-se que criemos condições através do que a Constituição garante, se somos um Estado de Direito, para levar o ex-governo a juizo. É um imperativo democrático. Não por qualquer partidarismo ou atitude malévola, mas porque é necessário, se queremos permanecer como Nação, devolvermos aos cidadãos a honra que lhes foi surripida principalmente pelos asseclas do homem de Paris, que fizeram descer a res publica a um patamar indecoroso.

Alípio de Queirós