[Texto original de 2008].
Em pleno século XXI tropeça-se em peças que parecem saídas do mundo das carraças. Veja-se esta.
"Uma
concepção do acto educativo que não se queira limitar a uma educação do
tipo «externo-cleido-mastoideu», uma educação que pretenda ser arma de
combate efectivo contra a exclusão social, contra a simples privação de
desenvolvimento, cultural, afectivo e psicomotor, tem que
responsabilizar o Estado por uma intervenção precoce.
Tudo
muito giro. Uma educação que nada ensine, ou, dito de outra forma, que
ensine apenas aquilo que todos sejam capazes de aprender sem esforço:
nada.
Por isso defendemos a
expansão da oferta educativa a montante, colocando sobre o Estado o ónus
de garantir que todas as crianças tenham acesso à Educação para a
Infância a partir dos 4 anos de idade. Seja em contexto familiar, quando
as famílias explicitamente fizerem essa opção, seja em contexto de
instituição educativa do Estado. "
É excelente
garantir uma educação de nada para todos. Afinal, a “igualdade” é um
direito constitucional que é preciso preservar. Como? Evitando que uns
possam aprender mais que os outros. Como se consegue isso? Ensinando
técnicas de “[...] combate efectivo contra a exclusão social, contra a
simples privação de desenvolvimento, cultural, afectivo e psicomotor
[...]”. Há que enviar os entendidos nesta matéria às madraças
paquistanesas para lá fazerem um doutoramento.
"Sobre gestão e administração escolar o Bloco defende três princípios fundamentais para a organização da administração escolar:
• princípio da colegialidade,
• princípio da democracia e representatividade de todos os membros das comunidades educativas "
Há
que meter ao barulho tanta gente quanto possível de forma a potenciar a
possibilidade de conseguir uma maioria que, não percebendo
rigorosamente nada daquilo em que está metida, seja capaz de transformar
a coisa de forma a que a dita passe a estar ao alcance do que a douta
“colegialidade” é capaz de entender.
"A
recente discussão pública em torno da existência de escolas a funcionar
com um reduzio número de alunos não pode escamotear a existência, por
outro lado, de estabelecimentos de ensino que funcionam com turmas muito
acima do que é pedagogicamente recomendável. "
Claro. Mas a utopia por que todos devemos dar o pescoço será alcançada no momento em que haja:
a) 1 professor por 10 alunos ?
b) 1 professor por aluno?
c) 10 professores por aluno?
d) 100 professores por aluno?
Nota
importante: 10 professores por aluno já ultrapassa, em larga escala, as
possibilidades da máxima família que o bloco tolera (mas não defende) - 1
casal com 1 filho. A ser assim, será finalmente possível decretar a
extinção da família. Poderá, portanto, esquecer-se a posição d).
"A
redução do número de alunos por turma é, assim, uma forma de aproximar o
professor da realidade de cada estudante e do seu meio sócio-cultural,
podendo dispor de mais condições para assegurar a desejável articulação
das escolas com a população escolar."
Finalmente, o professor alcançará a felicidade suprema perante a possibilidade de
conhecer a realidade ou, melhor dito, de aprender com os doutos alunos.
No balanço, adapta-se a escola à população escolar em vez de fazer o
contrário: há que adquirir “competências” em ignorância, estupidez e
burrice.
"É imperativa a certificação dos manuais a serem lançados no mercado"
Oh, evidentemente. E ninguém melhor do que o Bloco para desempenhar a distinta tarefa.
Enfim,
a escola segundo a perspectiva da carraça. Abocanham o animal e
multiplicam-se, multiplicam-se e, a cada sinal de fraqueza do bicho,
decreta-se que se enterrem mais as mandíbulas. Quando finalmente o bicho
soçobrar, vai-se ao armário dos esqueletos buscar a enciclopédia onde
se explica que a ideia é demasiado bondosa para a qualidade do animal.
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