domingo, 28 de outubro de 2012

"Recuperar a Honra de Portugal" - O ponto de vista de António Justo





Um texto que também pode ser lido aqui:



Portugal entre o Colapso financeiro sem a Troika e a Ruina com ela

Estados fortes e Plutocracia contra Estados débeis e Pobres

Recuperar a Honra de Portugal

 “Temos uma mentira institucionalizada no país… que não deixa que as coisas tenham a pureza que deviam ter" ”, diz o general Pires Veloso. Quando, os bem alimentados da nação, se atrevem já a falar assim é mesmo grave o estado da nação e justificada a insatisfação. O actual regime democrático, mais que fruto do desejo de liberdade e de bem comum, foi cinicamente construído amoralmente e baseado na manipulação ideológica que permitiu muitos “iluminados” arrogantes apoderarem-se do Estado, e manter o povo na submissão, já não sombria mas risonha. Pessoas corruptas, com o apoio militar, instauram um estado corrupto, sem razão crítica, sob o pretexto dos abrilistas serem os libertadores de Portugal. Sanearam Portugal à sua imagem e semelhança! O povo, atraiçoado pelas elites conservadoras e pelos oportunistas engravatados da ocasião, deixou-se enganar e agora acorda molhado. O maior roubo que se pode fazer a um país é tirar-lhe a esperança, a autoconfiança e a dignidade. Construímos uma democracia duvidosa em que políticos não são responsabilizados pelo seu mau comportamento mas o cidadão sim. As ideologias e os interesses pessoais e de coutos sobrepuseram-se aos de povo e nação.

Urge sanear o País desde o Estado à Constituição

A atitude do ministro Nuno Crato, mandando reavaliar todas as licenciaturas que foram atribuídas com recurso à creditação profissional, deveria ser um primeiro passo no saneamento do Estado no sentido de desinstitucionalizar a corrupção; deveria passar-se a rever também as medidas que possibilitam tal creditação. O trabalho seria colossal porque teria de chegar também aos diferentes órgãos de Estado e a uma revisão da constituição portuguesa, nascida sob auspícios ideológicos e partidários! O resto é só maculatura.

O saneamento da nação implicaria coragem e vontade para o abandono de regalias adquiridas na base de legislações nepóticas (favoritismo!) e de acções como as de forças de pressão orientadas apenas pela ganância à custa da destruição da economia nacional, tal como acontece com a greve dos maquinistas e outras. Um país que orienta a sua acção na base de aquisição de regalias mata de início a solidariedade e destrói-se a si mesmo impossibilitando a governação.

Há muitos portugueses que anseiam pela revolução, esperando que a rebelião comece em Espanha. Os alemães, os franceses e os Ingleses temem a instabilidade do Euro; mais que a desgraça da Grécia ou de Portugal, preocupa-os sobremaneira a insatisfação popular incontida duma Espanha ou duma Itália. As consequências para o projecto EU (Euro) seriam catastróficas. Por enquanto entretemo-nos com a periferia; com o tempo também a França passará a entrar na dança.

Uma Alemanha que exige contenção económica aos países menos fortes como Grécia, Portugal, Espanha e Itália, continua a endividar-se apesar duma economia florescente. Endividando-se aposta já na inflação que aos outros não é permitida devido a um Euro de várias velocidades! (A RFA, no seu orçamento federal para 2013 prevê, nos seus gastos totais, 33,3 bilhões com a dívida federal que ocupa o terceiro lugar, depois da defesa também com 33,3 bilhões e dos gastos no âmbito laboral e social com 118,7 bilhões). No que respeita a endividamento para empréstimo, o Estado alemão não tem dificuldade com isso, porque ganha com a diferença do crédito (pede dinheiro emprestado a 2% e empresta-o a 6% ou mais). Por outro lado o banco central europeu empresta dinheiro aos bancos a 1% em vez de o emprestar directamente aos Estados deficitários, favorecendo assim a usura dos bancos que depois concedem créditos a terceiros a preço especulativos. Não será que no caso duma reforma monetária quem mais sofrerá será quem mais poupou? O Japão e os USA não se encontram em melhor situação que a EU. Só que o dólar é suportado mundialmente, podendo os USA produzir bilhões de notas por mês sem que o mundo berre, ao contrário do que faz com a Europa. É que a Europa apesar das diferenças gritantes ainda reserva um bom óbolo para os desfavorecidos do sistema e da natureza e isso desagrada aos tubarões do mercado.

Povo vítima de Instituições corruptas e da própria Apatia

Os responsáveis pelo colapso económico não são chamados à responsabilidade pelo Estado português que, ao contrário do que acontece na Islândia, assalta a carteira do povo, poupando a dos que se encheram. Facto é que o povo português foi vítima dos governos de Portugal e da especulação financeira internacional. O apoio da EU (União Europeia) e a concessão de créditos aos países pobres parece ter sido para estes poderem fazer compras aos países ricos e ao mesmo tempo terem a oportunidade de beneficiarem as grandes empresas para a competição internacional da nova realidade global (turbo-capitalismo). “Confiaram” na capacidade política e financeira dos políticos estatais e agora vem a Troika, controlar a nação sem se interessar pelo Estado nem para onde foi o dinheiro. Como precisam dos seus mercenários governamentais para executarem as suas exigências não lhes tocam.

Os povos da periferia, com uma elite política não habituada a deitar contas à vida, deixaram-se iludir com promessas e histórias de paraísos turísticos, etc. Esta elite, “comprada”, com postos e ordenados especulativos internacionais, permitiu a destruição das pescas, agriculturas, têxteis e das pequenas e médias empresas da nação; pior ainda, concretizam, ainda hoje com zelo, medidas europeias tendentes a destruir as regiões e os seus produtos específicos em benefício das grandes multinacionais estrangeiras e de latifundiários. Agora que a periferia (Grécia, Espanha, Portugal, Itália, etc.) se encontra na dependura especula-se no centro da Europa, se não seria melhor estes Estados optarem pela antiga moeda para melhor regularem o próprio mercado, ou se não será melhor um euro “duro” e um euro “macio”! Tudo desculpa para manter o terreno conquistado!

As multinacionais receberam parte dos apoios da EU, destruíram as pequenas e médias empresas e foram-se embora deixando os consumidores dependentes da importação que essas mesmas firmas agora servem, a partir do estrangeiro. Um enredamento bem perpetrado! O chanceler Helmut Kohl preparou as grandes empresas para a concorrência internacional e o chanceler Schroeder açaimou o operariado para a concorrência com o operariado exterior...

As nações ricas, cada vez mais ricas ainda, criaram nelas também uma pobreza cada vez mais à medida da pobreza da periferia. A introdução do Euro correspondeu ao abandono da economia social tradicional em favor dum liberalismo económico americano (anglo-saxónico), tendente a criar os Estados Unidos da Europa à medida dos USA.

Porque há-de pagar a crise quem não tem dinheiro? Porque não se põem os mais ricos a contribuir para se resolver a crise? Estes já não trazem benefício para o Estado, numa fase em que o capitalismo comunista de Estado (China) tem poder económico e político para aniquilar o capitalismo de cunho privado (de multinacionais internacionais). Os magnates do dinheiro e as nações mais fortes têm-se permitido humilhar os povos da periferia porque ainda notam que estes se mantêm ordeiros. A situação está a tornar-se tão séria que só uma revolta popular séria poderá levar muitos representantes do povo (políticos mercenários) a arredar de caminho, porque a credibilidade internacional destes só vale na medida em que conseguem manter o próprio povo sem a revolta. A não ser que se aceite o surgir de grupos radicais no Ocidente à imagem dos grupos Al Qaida (sistema de guerrilha!). 

Os que se assenhorearam do Estado português (revolução de Abril no seu aspecto de assalto às instituições) começaram por, da sua janela, anunciar o poder e a liberdade para o povo e por roubar-lho pela porta traseira! A fusão de interesses mafiosos entre políticos, instituições, administradores de empresas públicas e conluio com a justiça inviabiliza um Portugal honrado.

Chegou a hora da mudança (conversão) ou da revolução! Como podem ricos e políticos dormir, quando há já gente com fome! Será que a globalização, a EU terá de acontecer à custa da fome. A Europa conseguiu a paz acabando com a fome; agora, que a fome vem, prepara-se a guerra. O povo começa a perceber que os seus governos têm os seus interesses salvaguardados sob a capa dum Estado “padrasto”.

O problema não está tanto na escolha de alternativas mas na mudança de mentalidade das elites governamentais (partidárias) que nos têm governado e administrado e dum povo habituado a dançar ao ritmo duma música tocada por outros. Não tempos tido governos nem partidos com capacidade para administrar um Estado e menos ainda uma nação. Os mesmos parlamentos que levaram o país à ruina perderam a autoridade para governar Portugal e a Troika que o governa agora não está interessada nem no povo nem na nação.

Resta ao povo a metanoia, não comprar produtos estrangeiros e chamar o Estado e os gestores financeiros ao rego da nação. Estes porém sabem que o povo, como a criança, só berra e não actua. Daqui a falta de esperança com a agravante de que a reconciliação do povo com o seu Estado significaria mais uma vez abnegação. As pessoas sérias do Estado deveriam proceder a um saneamento do Estado e das leis que protegem os que vivem encostados a ele. Só assim poderiam os administradores da miséria readquirir a honra perdida para Portugal poder voltar a cantar “Heróis do mar” e da terra também!

17 comentários:

Manuel Graça disse...

"Construímos uma democracia duvidosa em que políticos não são responsabilizados pelo seu mau comportamento mas o cidadão sim."

Mas se "construímos", quem constrói é responsável.

"o povo português foi vítima dos governos de Portugal e da especulação financeira internacional."

Até parece que é a especulação financeira e os governos quem vota no povo.

Quem vota decide, e quem decide responsabiliza-se pelas consequências do voto. De outra forma corrompe-se subrepticiamente o mecanismo básico da democracia: o povo é quem mais ordena e, implicitamente, quem basicamente terá que pagar aquilo que ordena.

Salvo melhor opinião, parece-me a habitual corrupção da lógica das coisas simples, a deterioração da máquina de pensar, a negação da razão.

Mais grave, é, aparentemente das mentes potencialmente mais esclarecidas, que brota este tipo de decrepitude do próprio ser, retirando margem à atribuição de culpas ao Zé, o da sardinha assada e dos coiratos.

Parece um exercício de desbaratamento voluntário da vontade própria.

Manuel Graça disse...

E a coisa continua sempre pela mesma toada ...

"As multinacionais receberam parte dos apoios da EU,"

Não receberam nada. A EU entregou o dinheiro do contribuinte à sua guarda. Não interessa rigorosamente nada quem o recebe porque não há eleições pata as multinacionais. Se alguém tem que prestar contas é quem desbarata o dinheiro do contribuinte, não isentando o cidadão da responsabilidade de ter votado repetitivamente em quem não merecia a sua confiança como depositário dos seus impostos.

Manuel Graça disse...

"Porque há-de pagar a crise quem não tem dinheiro?"

Porque votou em promessas que implicavam despesa sem perguntar quem iria pagar.

Manuel Graça disse...

... esta 'nova' democracia pauta-se pelo princípio:

Votem como lhes apetecer, não pensem sequer nas consequência porque quem manda é sempre um qualquer outro, naturalmente inimigo e inapropriado.

... tudo indica que se trata de um exercício para venda de uma qualquer tirania, provavelmente do tipo Animal Farm.

Manuel Graça disse...

"Não tempos tido governos nem partidos com capacidade para administrar um Estado e menos ainda uma nação."

Até parece que os nossos governos aterram como a chuva.

alf disse...

O texto está certíssimo e os comentários do Manuel Graça também. os grandes responsáveis disto é pessoal todo. Quem deu os subsídios às multinacionais foram os funcionários que faziam a seleção dos projectos e optavam por entregar o dinheiro às multinacionais porque se entregassem a um projecto nacional e as coisas não corressem bem seriam logo acusados de corrupção.

Isto ia ao ponto que bastava uma empresa estrangeira apresentar um projecto associada a uma nacional para ser chumbado.

E temos de começar a chamar os nomes pelos bois: os professores são os grandes responsáveis pelo descalabro que é o nosso sistema de ensino, os médicos pelo desastre do sistema de saúde, os juízes e procuradores pelo estado da justiça, etc. Conheço casos de médicos que não punham os pés no hospital e recebiam uns 1000 euros por mês de horas extraordinárias, como conheço quem tenha sido professor de inglês durante 23 anos e não consiga navegar na net porque "está tudo em inglês", etc, etc. Conheço professores que fizeram a sua carreira quase sem darem uma aula - estavam sempre de baixa. E como é que podemos confiar num ministério público que nem consegue descobrir a origem das fugas de informação interna?

Eu sei que só uma minoria dos portugueses é trafulha e vigarista. O problema é que os estes conseguem silenciar os outros, os portugueses "sérios" são uns tótós e é preciso alterar isso. Dá um certo incómodo, é preciso assumir posição contra "os colegas", por exemplo (os vigaristas criaram uma série de esquemas de sobrevivência, um deles um certo conceito de "colega" que só serve para se protegerem.)

Conheço muita gente séria e a maioria são tótós e isso é desesperante. Eles é que são os verdadeiros culpados desta situação porque nunca deram apoio àqueles que procuraram sanear o sistema.

Temos de deixar bem claro que uma pessoa que se pauta pela omissão perante a vigarice e corrupção é o pior elemento de uma sociedade e o principal responsável da situação. Já não temos um paizinho, um salarzinho, para velar por nós.

Anónimo disse...

Muito bem alf e graça. Vamos à sabedoria tradicional: "Compreender" o mal, desculpar o Mal, é na verdade colaborar com o mal. É pois fazer também o mal. E quem disse isto foi o Santo Agostinho, que conhecia bem, por andar na companhia deles, os velhacos, dantes queimadores de homens e hoje pedófilos, vigaristas e asseclas até da mafia. Dito isto há que dizer: o povo está apenas a receber na cara o cuspo que atirou para o ar. Não confiou e amou um Soares, um Louçã, um Cunhal, um jerónimo, um pinóquio e agora outros manjacos? Então que se assoe a esse guardanapo. Eu tenho é pena, digamos, é de gente que tem visto o golpe, que se dá conta da vacalhada e tem de amochar. Quanto aos outros totóbolas, sejamos claros: têm aquilo que merecem, por serem velhacos, oportunistas e sem caracter. E nada de querer de volta um salazar, que não passava dum canalha com lábia e cinismo padrolas.

Ricardo Mochila

Anónimo disse...

" "Porque há-de pagar a crise quem não tem dinheiro?"

Porque votou em promessas que implicavam despesa sem perguntar quem iria pagar."

Interessante argumentação... Votas no partido e passas a responsável pelo oportunismo dos elementos do mesmo... não votas no partido que ganha ou em nenhum e... és também responsável pelas falcatruas do partido vencedor (e em que não votaste). Pois...

Com estes argumentos se justifica tudo, não é?...
Votantes do partido do governo e não votantes, levam todos pela medida grossa... pois.
Assim se justifica até a fome e a miséria que caminha a passos largos. Muito interessante o ponto de vista.
Obrigado por este bocadinho.

Luis Matias

Manuel Graça disse...

"Votas no partido e passas a responsável pelo oportunismo dos elementos do mesmo"

O oportunismo é de quem vota pretendendo usufruir promessas "pensando" que as não vai ter que pagar.

Votar num zote é ser-se seu capanga.

Eu percebo que se possa ser enganado uma vez. Mas duas? Três? Quatro ? ...

Percebo também que os zotes afirmam que o dinheiro "aparecerá", mas quando o povo se divorcia da própria sabedoria, esquecendo que 'não há bela sem senão' vai ter que relembrar, da pior maneira, que 'quem anda à chuva, molha-se'.

Manuel Graça disse...

... ao fim e ao cabo, toda esta conversa de desresponsabilização do votante pretende apenas perpetuar a sua irresponsabilidade para, no momento apropriado, lhe retirar autoridade.

António Gramsci disse-o há muito.

Anónimo disse...

E, já agora: "E temos de começar a chamar os nomes pelos bois: os professores são os grandes responsáveis pelo descalabro que é o nosso sistema de ensino"...

Serão? Ou serão estas políticas educacionais que os políticos da "praça" têm implementado?
Serão mesmo os professores os culpados ou o desnorte da tutela?
O autor do comentário citado prossegue com o "desleixo" de docentes...

É bem possível que a tal senhora prof. de inglês se aborreça com a net e com os computadores cheios de palavras inglesas... já não está na sala de aula, está em casa. Tem o direito à sua privacidade ao seu momento de lazer... ou não?

É bem possível, também, que haja professores em baixa por longos períodos. Pode ser... pode até ser... possível. Até pode ser que estejam doentes. Mesmo. Tem o autor a certeza que não estarão doentes?

Sabe?... Fui professor durante quase 40 anos, para ser preciso 38. E contam-se pelos dedos de uma mão os dias em que faltei ao longo desse tempo e, para sua informação, estive de baixa uma única vez (durante uma semana) por ter tido um acidente em serviço (caí e fracturei um braço)... poderia ter aproveitado. Ter-me aproveitado da situação... claro que podia. Mas fui dar aulas de educação física com gesso...
Não sou responsável. Não me sinto responsável. Nunca me sentirei responsável pelo processo imposto pelos partidos que têm tido responsabilidades governativas. Comecemos a chamar os nomes pelos bois: - Partido Socialista, Partido Social Democrata - as duas caras da mesma moeda.

Sabe?... Há que ter alguma consideração pelas pessoas que trabalham - seja em que área for - e não julgar uma parcela pelo todo. Desculpem a expressão mas FDP há em todas as áreas profissionais com grande destaque para os governantes e candidatos a isso...

Ok. Com efeito e no fim disto tudo... não devia, mesmo, ter comentado. Mas pronto. Comentei.
Passem bem.

Luis Matias

Manuel Graça disse...

"Serão mesmo os professores os culpados ou o desnorte da tutela?"

As duas coisas. Os professores são justamente dos quem deviam ser mais esclarecidos e, a julgar pelos representantes sindicais que elegem e pelo que eles afirmam, parecem ser tão tótós quanto os mais tótós (versão benevolente).

ora viva disse...

Os professores não são responsáveis enquanto têm que fazer cumprir as orientações e as normas determinadas pelos que lhes estão acima na hierarquia do ME.

Os professores são responsáveis enquanto:
- se acomodam às normas e orientações sem se associarem de imediato contra elas, exigindo, em nome do futuro do país e da sua própria sanidade mental e física, que sejam revogadas e redefinidas, com a participação alargada de todo o corpo docente nos seus diferentes níveis;
- só fazerem greve por motivos salariais e afins, a mando dos braços políticos a que chamam sindicatos, manifestando assim um total desinteresse e uma lamentável inconsciência do que representa o ensino numa sociedade humana;
- manifestarem, na sua maioria, uma desgostante e significativa ignorância para além das áreas em que se formataram, mais do que se formaram sequer.
Di-lo quem foi professor as duas décadas recentes.

Manuel Graça disse...

Ora Viva:

"Os professores não são responsáveis enquanto têm que fazer cumprir as orientações e as normas determinadas pelos que lhes estão acima na hierarquia do ME."

Individualmente não. Ficam entalados. Colectivamente é outra história, é como afirma.

Anónimo disse...

Nisto tudo há nuances. E é como dizia um insuspeito (ou suspeitíssimo???!!!) Karl Marx:" De um proletário primário e inculto nunca sairá um burguês decente e muito menos um emancipado, assim como de um burguês canalha o mais certo é sair um torcionário". Independentemente disto, há que dizer: o político, homem do topo na escala societária, está em democracia dependente do sufrágio popular. Que depende por seu turno de muitos factores: grosseirice ou impreparação de franjas do eleitorado, oportunismo e interesseirismo de outras, etc, de que não devemos afastar o que disse Julio Frobenius: "Indivíduos fracos de caracter geralmente aderem ou escoram partidos fortes ou pró-totalitários". Devido a isso, os políticos geralmente mentem, para serem eleitos ou menteúdos. Há pois um jogo viciado e, na verdade, pouco diferente do que existe em fascismo, menos o totalitarismo. Os votantes dão pois co-responsáveis, mas atenção: não têm outro caminho. dado que se joga em parlamentarismo. Num país pré-fascista como Portugal, profundamente corrompido e onde a escala judicial é geralmente constituída por verdadeiros quadrilheiros de corporação, o panorama agrava-se e é assim que proliferam ex-presidentes insensatos e sempre visando a influencia extra-democrática, conselheiros de Estado gangsters e corporações (de professdores, por exemplo) onde se vê proliferar ora o medo, ora o lambe-botismo mais chulo, ora a arrogancia, ora a prepotencia que desencanta os que são cumpridores, limpos e desinteressados da manigancia. Só o tempo e a lenta progressão das castas e anti-castas modificará o país para melhor. Mas antes disso vai haver confrontos, numa fase terminal, ameaços de guerra civil e fascismo aberto em momentos transversais. É por isso que não estranha que um fascista típico, disfarçado de voluntarioso e decidido, como o célebre Pinóquio, tenha podido ter chegado a premier.

Ricardo Mochila de Abreu

Anónimo disse...

Cito:"As pessoas sérias do Estado deveriam proceder a um saneamento do Estado e das leis que protegem os que vivem encostados a ele. Só assim poderiam os administradores da miséria readquirir a honra perdida para Portugal poder voltar a cantar “Heróis do mar” e da terra também!".
Típica frase de "expectativas de milagre" dum ingénuo, ou pelo contrário,do seu autor, homem bom mas um teólogo e isto diz das suas limitações de pensamento, ou pelo contrário.
Esperar isto que diz é o mesmo que esperar que as tartarugas desatem a cantar a Traviatta.

Luís Madeira

Manuel Graça disse...

Luís Madeira:

"As pessoas sérias do Estado deveriam proceder a um saneamento do Estado e das leis que protegem os que vivem encostados a ele."

Saneamento é uma palavra ambígua. Os "encostados", funcionários públicos ou privados organizados em corporações, não se encostaram à sombra da bananeira mas trataram, como faz uma certa figueira, de lançar anzóis à polpa do tronco.

Ou o saneamento raia a suspensão do estado de direito (cedendo sem conceder que é mesmo de direito e não do direito e corporações associadas lda) ou não passará de uma luta em pescadinha que, fatalmente, se morderá sistematicamente a si própria.