sábado, 30 de junho de 2012
Karl Denninger on Price Dictates, Credit Illusions and the Healthcare Fiasco
Welcome to Capital Account. European leaders have a breakthrough at their summit! They agreed to do MORE, and continue their game of "debt hot potato." New debt schemes have been announced to try and help Spain and Italy avoid getting burned by the bond market for now, and to allow rescue funds to bailout banks directly. Wait, we though Herman Van Rompuy said that this was "a credible solution for the long term." Hmmm...how's that going?
And in the US, the personal savings rate rises to its highest level since January. Couple that with virtually no real income growth, which we see in numbers out of the commerce department today, and we ask the question: Where is the economy headed? Karl Denninger of Market Ticker will be in studio to tell us what he thinks, and if all these numbers reinforce theview that a recession is coming or already here.
But we can't end without talking about healthcare can we? Yesterday's landmark supreme court healthcare ruling is still being digested, but we some big winners as well as losers on wall street. Insurance companies certainly raked in some big gains. We've heard a lot about the politics behind the healthcare debate, but what about the mathematical and economic one. We'll talk about that with Karl Denninger.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
POEMAS PARA O FIM-DE-SEMANA
Era sob este
nome genérico, através dos dias da semana que, nos meus tempos de
estudante, havia uma série de relatos na biblioteca da Escola (do estabelecimento
de ensino, como depois passou a dizer-se segundo alguns especialistas,
para o nome ficar mais parecido com o perfil comercial que hoje tem
(porque lho deram...) esta sociedade em que uns vivem e outros vegetam.
Estabelecimentos
de ensino, estabelecimentos de saúde, estabelecimentos
religiosos, estabelecimentos de justiça...Enfim - e o que é pior é
que nem há a explicitação formal, adjectiva, de tal globalidade expressiva ser
tão-só e humanizadamente uma recorrência discursiva, de qualificação inocente.
Como muito
bem referiu John Avildsen no seu excelente thriller "A
Fórmula" (protagonizado por George C.Scott e Marlon Brando), "Hoje
por hoje somos todos apenas clientes...". E isto é no ocidente, onde
mal que bem ainda vai existindo, embora muito entorpecida, uma
democracia tendencial ou formal. Imaginem o que seria numa Albânia ou numa
Roménia de antes da queda, ou numa actual Coreia do Norte ou numa
Birmânia militarizada ou numa nação do novo mundo capturada por barões da
droga...!
Para
além da nossa íntima hombridade, que pode sintetizar-se nesta citação de
Bernardino Machado ("Não basta, para nossa dignidade humana,
erguermo-nos na atitude erecta - devemos sustentar-nos nela"), na
verdade nós temos ainda "armas miraculosas", como dizia Júlio
Cortazar, para resistir às trevas em que tentam enlear-nos: e uma delas é a
poesia - não o lirismo choramingas ou pseudo-filosofante de tanto vate que
apenas visa a notoriedade mediante a sua versejação, mas a Poesia que se
consubstancia na incursão por novos mundos de conhecimento e de dignidade
através da palavra e da frase numa ordenação consequente, inspirada e criadora
de novas iluminações interiores. E que nada tem a ver com o repisar monocórdico
e trapalhão de políticos em verso, de sacristãos metafísicos amparados
e publicitados por um compadrio corporativo de oficiais do mesmo ofício...camuflado
e tarimbeiro.
Para
uma "sexta-feira de aventuras" no continente salubre da
palavra poética, prefácio de um fim-de-semana que vos desejo repleto de altos
contentamentos, proponho-vos hoje estes poemas de autores de excepção os
quais, nas minhas horas, tive o gosto e a honra de traduzir e apresentar
no espaço português.
ACHADO
ENTRE OS PAPÉIS DE FAMÍLIA
Sonhei
tanto, tanto que já nem sequer aqui estou.
Não
me façam mais perguntas, não me atormentem mais.
Não
me acompanhem neste meu calvário.
Não
me é dado explicar quais as ordens que tenho.
Nem
mesmo me assiste o direito de pensar nisso,
Há
muito tempo já que me levanto e parto.
Há
uma permissão da morte, e ei-la que chega.
Na
curva da rua que vai dar à noite é que a espero.
O
mar vai estar de novo nos últimos terraços.
Um
candeeiro de novo aceso sente o desejo das trevas.
Um
passo no empedrado. A sombra dele precede-o
E
deita-se sobre mim, a cabeça no meu coração.
Ali
está ele.
Sempre
de chapéu redondo, sempre de saco na mão
Tal
como era no dia em que regressou de Itália.
Já
lhe não vejo os olhos. Já me não fala.
Eis
que rolo até ele como uma obscura pedra.
Não
consigo atravessar a sua sombra.
Portaste-te
como devias? E desde então que fizeste?
E
porque não subiste?
Todos
os dias ia ver se chegavas e não chegaste nunca!
Ele
nada diz sobre tudo isto.
Mas
tudo nele me diz: lembra-te!
Sobre
ele a noite tornou a fechar-se.
Léon-Paul Fargue
O LUTO A ALEGRIA
Os amigos que
estão
no seu pé de
página
como em
caixão florido
pelos tempos
futuros
têm de nós o
gesto mais perfeito -
um sorriso
transido mas mesmo assim
verdadeiro
e muitas mãos
para afagar lembranças
e muitos
dentes luzindo para criar o verão
e muitos
olhos em repouso para dizer que é tarde
e muitos
gritos para dizer que é cedo
e que é a
hora de acordar
e de dormir
porventura
e de bailar
entre as árvores
e de correr
entre as sombras
e a luz que
elas provocam
e de sofrer
um pouco
um pouco
ainda
como crianças
sem remorso sem dor sem amargura
de novo em
viagem
sem efígie
sonhada
e já
desaparecida.
Jules Morot
MAPA ASTRAL
Observa
quanta face te rodear. Contudo
em
nenhum rosto colhas ódio ou ilusão.
Na
tarde, voa alto o pássaro mais humilde
Se
por si mesmo voa, com ou sem madrugadas.
Não
faças dos teus olhos a máquina mortífera
sobre
o hoje e o ontem, o aqui e o acolá
ou
das mãos uma sombra para o destino entre
as
falésias e a bruma da hora iniciadora
vazia
de sinais nos parques onde o Verão
tranquilamente
cessa, se enovela ou revive.
Recorda
com humildade as árvores junto ao rio
recorda
uma frugal refeição numa viagem
Há
em todos os tempos coisas que vão nascendo
sem
que sejam precisos a alegria e o pranto.
É
bem verdade que a dor nos pode oferecer tudo
se
o campo inutilmente se cobre de ramagens negras
Mas
a ausência não fere, se nas praias indivisas
ou
sobre os meridianos as ondas se levantam.
É
quando o mar se afasta que sentimos por vezes
uma
interrogação, mesmo uma breve dúvida.
Que
mais saberemos nós, pobres irmãos do vento
do
grande reino ausentes sem que a mágoa nos mate
Que
poderemos nós, buscando para sempre
a
terra sem promessas da manhã derradeira?
Pierre Grenier
A
VIAGEM DERRADEIRA
…E partirei. E ficarão os pássaros
cantando;
e ficará o meu quintal, com a sua
árvore verde
mais o seu poço branco.
O céu, todas as tardes, estará azul e
calmo;
e tocarão, como esta tarde estão
tocando
os sinos do campanário.
Irão morrendo aqueles que me amaram;
e a cada ano se fará novo o meu
povoado;
e no tal recanto do meu quintal
florido e calado
o meu espírito vagueará, nostálgico…
Eu partirei; e ficarei só, sem lar,
sem a árvore
verde, sem o poço branco
sem o céu azul e calmo…
E ficarão os pássaros, cantando.
Juan Ramón Jiménez
Fotografias de Henri Cartier Bresson
UMA NOVA EDITORA E JOÃO RUI DE SOUSA
João Rui de Sousa
Recebi há dias, do jornalista e poeta Mário
Galego, uma notícia e um convite: diversificando as suas actividades, este
nosso confrade lançou-se também na edição. Diz-me ele:
Mando-te
este mail para te contar que agora chegou a vez de ser editor «a sério» !
Em breve (princípio de Julho), estará por aí
uma nova editora (da qual sou sócio): Ediresistência. Vai ter uma colecção de livros de prosa -
Resistência - que começa com a publicação de uma novela de Urbano Tavares
Rodrigues e um livro de contos de António Nunes de Almeida; uma colecção de
poesia - Madrugadas - que deverá arrancar com um novo livro de João Rui de
Sousa(...) e uma colecção de música - Contralto - que terá uns autores
conhecidos mas ainda em fase de escrita.
Posteriormente, enviou-me o Convite já
estruturado do lançamento no dia 3, às seis e meia da tarde, nas intalações do
El Corte Inglês de Lisboa, .
Voltemos
agora as atenções para João Rui de Sousa. E já perceberão o meu ponto.
Ora, no
ambito da correspondência que me enviam habitualmente, comunicaram-me hoje os
services próprios da Ass.Port. de Escritores que no próximo dia 9, na
Culturgest, sob a presidencia do Secretário de Estado da Cultura, terá lugar
pelas 18,30 h a cerimónia oficial de entrega do Prémio Vida Literária deste ano
precisamente a João Rui de Sousa.
Entendo
como honrosa – creio que é consensual - para as diversas entidades , a
atribuição deste galardão ao autor de “A hipérbole na cidade”.
Como autor, como professor, como confrade de
leal e fino trato, João Rui de Sousa é hoje por hoje um dos mais dignos
escritores portugueses.
Em
1987, José Manuel Capêlo convidou-me a integrar a antologia “Palavras - sete
poetas portugueses contemporâneos”. Informou-me ainda que numa reunião havida
no Porto tinha ficado definido o nome dos participantes bem como o do
prefaciador, João Rui de Sousa, que aceitara o encargo de imediato.
No entanto, mais me informou o já falecido
autor de “Madrugadas e vozes”, e editor da Átrio, que o meu nome havia
despertado junto de um par de autores alguma resistência. Não só porque Capêlo
se propusera pagar do seu bolso a verba que me cabia, como a todos, para
execução material do livro – mas também por eu não estar nesse tempo em cheiro de santidade junto de certos e
muito imperiosos sectores socio-políticos da nação.
Capêlo persistiu, não cedeu e a antologia
(aliás com grande êxito desde o próprio acto de lançamento) veio a lume sem que
eu tenha sido ejectado. (E como é
lógico eu não reivindiquei um tostão que fosse).
E eis o que João Rui de Sousa (que não me
conhecia, nem eu a ele) escreveu a meu respeito:
“Subscreve NS uma das mais seguras e coerentes
sequências desta antologia. Uma segurança (de estilo) que obriga a
surpreender-nos com o facto deste autor ainda não ter publicado qualquer livro.
Uma coerência (de tom) que, nada tendo a ver com um repisar monocórdico, se
espraia através dum acervo escritural cujo tópico mais à vista se situa no
entendimento da arte, mormente a pictórica, ou de alguns artistas (veja-se
“Introdução”, “Paul Gauguin”, “Arpad Szènes” e “Pessoa Inúmero”). A
complementar esse núcleo, relevem-se ainda a parte de ironia transposta em
“Labirinto”; o evento inesperado dessa “tristeza perfeita” aludida num texto
que tem o título de “Alegria”; e, sobretudo, o exercício de construção/desconstrução
exemplarmente sugerido em “A janela” , de que se trans creve apenas o fecho:
A janela constrói-se
pouco a pouco, a janela diz
milhares de palavras
inventadas
e nuas, é uma imagem
em equilíbrio subtil. A
janela é agora
quase porta, parece feita de
altas meditações familiares.
Nem precisa de ser
ausência, como um retrato
que sai de nós para todas as
ruas
onde irrompe um perfil
enegrecido
onde alguma outra vida se
acolheu.”
De acordo com Capêlo, estas palavras causaram
alguns pequenos engulhos em certos autores bem determinados.
Dois anos depois
da publicação, a APE atribuíu ao meu “Os objectos inquietantes” o prémio
nacional “Revelação/Poesia”, o que me permitiu um vôo mais livre nas estantes do
país. A edição esteve a cargo da “Caminho”.
De certa
maneira findara a primeira parte da minha marginalização,
que agora praticamente apenas existe em Portalegre mas que já não me consegue
impedir de continuar a cirandar pelo
mundo, Portugal incluído.
Por último,
resta referir que em 2000 o meu livro “Os olhares perdidos”, saído na Universitária
Editora, foi honrado com as palavras introdutórias (“Expansividade e
Transfiguração”) de João Rui de Sousa, o mais belo pórtico que o poemário poderia
ter.
Estranhar-se-á
que por estas e outras manifestações de fraternal cordialidade que dele tenho
recebido eu envie ao Poeta a minha extrema simpatia e estima envoltas no Abraço
que naturalmente lhe tributo?
Atentados em São Paulo
O editorial do jornal O Estado de São Paulo (A necessária reação política - http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-necessaria-reacao-da-policia-,892774,0.htm) analisou o problema da matança covarde de policiais militares em São Paulo e também a queima de ônibus, atos atribuídos vagamente ao crime organizado. O editorialista, assim como o governador Geraldo Alckmin, hesita em falar em mandantes para esses crimes bárbaros, que têm se repetido em anos eleitorais. A quem aproveita? Que ganha com o clima de terror instalado? O Sr. Geraldo Alckmin deve explicações à população de São Paulo.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Reformas?
Afinal, os suecos da "social-democracia" mais resplandecente do universo, também não estão pelos ajustes em aturar os socialismos altamente sociais-democratas e social-porreiraços que de investimento virtuoso em investimento virtuoso acabaram estatelados em dívida. Atrevem-se ainda a exigir reformas? Traidores.
Claro que Merkel continua a ser culpada.
Fredrik Reinfeldt, primeiro ministro da Suécia:
Claro que Merkel continua a ser culpada.
Fredrik Reinfeldt, primeiro ministro da Suécia:
"Everybody is happy with stimulus packages, but the question is who is paying. Much stimulus has been done in EU member states in the past, now we have huge debts. We have capacities for stimuli, we will look today into increasing the capacities of the EIB. Much stimulus has been done in EU MS in past, now we have huge debts. At the end of the day: without reforms volatile market reactions will continue."
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Circuncisão no Islão e no Judaísmo: Acção Criminosa - Tribunal alemão toma uma Decisão corajosa
Um novo texto enviado por António Justo:
A circuncisão
de meninos no Islão e no Judaísmo, segundo a sentença do Tribunal Distrital de
Colónia, constitui uma agressão criminosa.
Mais
importante que a liberdade de religião é a integridade corporal e a
autodeterminação da criança, argumenta o tribunal, na sua decisão de ontem,
26.06.2012.
O direito de
autodeterminação das comunidades religiosas não se pode sobrepor ao direito humano
da integridade corporal.
Este
julgamento terá consequências muito importantes.
Esta decisão
deveria ser um acto de encorajamento para políticos e outros tribunais no
sentido de intervirem mais corajosamente em crimes de base cultural como
casamentos forçados e crimes de honra, ainda muito em voga em determinadas
culturas.
Até agora, o
corte do clitóris das meninas (praticado em grande parte do mundo muçulmano)
era considerado acto criminoso no Ocidente, mas o sofrimento do acto agressivo
da circuncisão de meninos ainda não tinha chegado à consciência das pessoas.
A decisão do
Tribunal é uma vitória contra a barbaridade e leva uma consciência mais
sensível a actos culturais que não respeitam a dignidade e a integridade da
pessoa e constitui um apelo ao respeito pelo direito dos que não têm voz.
A matança
ritual de animais, como no caso muçulmano e judio, em que os animais são mortos
duma maneira brutal porque morrem sangrando, não foi proibida na Alemanha por
“respeito à religião”. Também aqui será necessária uma consciência mais
afinada.
É Assim que se Faz a Estória (2)
Pedro Oom, Retrato de Artur do Cruzeiro Seixas (ilustração)
“Sacavém,
24. 3. 73
Caríssimo Nicolau
Não
consigo tratar-te por Francisco – muito menos por Garção, pois tendo havido já
um na literatura e na poesia, aliás muito chato, parece-me que 2 serão de mais.
Acabado
este preâmbulo tenho a dizer-te o seguinte: a ideia “exposição Carlos Martins e
Lud” aí parece estar em
marcha. No dia da inauguração poderia fazer-se o recital.
Esta ideia já está a ser posta por mim em marcha. Falei à
Júlia Chaves. Concordou com a estadia num fim-de-semana e os 500 paus que darão
somente para a gasolina. Ela tem um carro “ultra bright”.
Terás de ajudar um pouco:
1º
Manda “Balada de Portalegre” do Régio, se possível com nota biográfica.
2º Diz
para quando é possível esta manifestação (nunca antes de um mês).
Agora outro assunto: pediram-me no “& etc”
que te contactasse para o seguinte: pretendem expôr colecções dos números do
“& etc” em várias sociedades de recreio, juntamente com os boletins de
inscrição para sócios. Como presidente ou influente do Clube local, podes
escrever para o “& etc” propondo exactamente o que foi dito atrás.
Espero que o faças sem grande demora pois
estão muito interessados nesta espécie de promoção.
Manda também (para mim) um poema teu que te
pareça o melhor para o recital. Igualmente do nosso amigo daí, cujo nome me
esquece sempre.
Espero notícias breves.
Um abração do
Pedro”
Notas
1. Esta carta manuscrita vinha acompanhada dos poemas
que a seguir se dão a lume.
2. A exposição em projecto não se realizou, uma vez
que o Governo Civil a impediu. Foi substituída por uma outra de recurso, tendo
sido mostrados poemas-colagens a exibir em Coimbra – e ali também proibidos
ainda que tivessem sido noticiados no jornal “República”.
3. No decorrer da “vernissage”
ao princípio da tarde, foram lidos poemas de Régio, A.M.Lisboa, ns e Pedro Oom, que acabara por
não se deslocar a Portalegre. Finda a função, ns e o vice-presidente da
colectividade Manuel Bagina Garcia, falecido em 2007, foram detidos pela
polícia “para averiguações”. Foram postos
em liberdade na noite do dia seguinte com a indicação de que “na próxima iriam para Peniche”.
Os dois
primeiros poemas seriam depois do 25 de Abril dados a lume no semanário “A
Rabeca”, depois defunccionada pelos próceres políticos que a haviam tomado
“revolucionariamente”, saneando ns de
imediato.
Poema
Há um ar de espanto
no teu rosto em silêncio pequenas pausas
entre nós e as
palavras
que desfiamos
Quando o silêncio
(pausa mais longa
que nos contrai o peito)
cai bruscamente
duas mãos agitam-se
meigamente as nossas
e os mendigos, todos
os mendigos
espreitam ao postigo
do teu pequeno apartamento
coroados de rosas e
crisântemos
É o momento
em que afirmamos a
realidade das coisas
não a que vemos na
rua
e que sabemos
fictícia
mas a outra
aurora cintilante
que põe estrelas no
teu sorriso
quando acordas de
manhã
com um sol de
angústia na garganta
acredita
nada nos distingue
entre a multidão
anónima a que pertencemos
embora
o fotógrafo teime
sempre
em nos oferecer uma
esperança
- fluido imaterial
que nem mil anos
poderão condensar -
O nosso rasto
mal se apercebe na
areia
condenados ao
fracasso
pequena glória dos
pequenos heróis deste tempo
ainda aspiramos
no entanto
a ser o índice deste
século
único sinal humano,
florescente e salubre
de contrário
seremos apenas
um halo de vento
arco-íris de luto
ou estrada para
sedentários
É ocioso
preparar a objectiva
que nos vai condenar
a um número
nesta cidade onde
cada homem
é escravo de uma arma
Ocioso
avivar as flores do
cenário
encher de luar o
jardim do nosso afecto
Só um acaso
nos poderá revelar
por isso
fechemos o rosto
meu amor
Poema
Os camaradas
saíram para a rua
com os bolsos cheios
de serpentinas
(o calendário
estava trocado
e de Entrudo
nicles
nem um só cabeçudo
ou máscara
até o polícia de giro
com a dignidade sui generis
dos pequenos autocratas
participou na patuscada
depois do jogo
- o Benfica foi eliminado)
Os camaradas
compraram fatos novos
nos alfaiates dernier-cri
e botaram as
serpentinas
no lixo
para não deformar
os bolsos (novos).
História do meu
boneco
Cresceu comigo
neste espaço que se
diz português
e neste tempo
(histórico)
Maricas (era de
esperar)
mas rebelde como um
felino
ninguém se lhe pôs
inteiro
ficou sempre um
bocadinho
porque rangia a
dentadura.
Deixou de acreditar
na Santíssima Trindade
quando notou as
primeiras brancas do púbis
mas já era muito
tarde para ir às “meninas”
pelo que aderiu aos
movimentos parlamentares
- lixou-se!
Depois de 45
afundou-se na
continuidade
engordou (discretamente)
caíram-lhe os últimos
molares
farfalhou o bigode, à
Guarda Nacional antiga
e hoje
para fingir que
é ainda o teso,
levanta a calva
luzente
e bate o pé
ao peso dos
argumentos.
Sacavém,
Março de 1973
Pedro Oom
terça-feira, 26 de junho de 2012
COMO??!!
(imagem recolhida aqui)
Diz-se aqui:
O Tribunal Criminal de Lisboa acabou de dar como provados todos os pontos da acusação contra o deputado socialista Ricardo Rodrigues e condenou-o por um crime de atentado à liberdade de imprensa. O deputado apanhou 110 dias de multa e tem de pagar 4950 euros ao tribunal.
O Expresso contactou Ricardo Rodrigues. O deputado disse-nos que pensa recorrer da sentença, pelo que só a comentará depois de transitada em julgado.
Em abril de 2010, durante uma entrevista que decorria numa sala da Assembleia da República, Ricardo Rodrigues 'perdeu a cabeça' com uma pergunta sobre o seu envolvimento num caso de pedofilia nos Açores. O deputado levantou-se e pôs no bolso os dois gravadores que estavam sobre a mesa.
Ricardo Rodrigues foi tão rápido que os jornalistas da revista "Sábado", Fernando Esteves e Maria Henrique Espada, nem deram pela falta dos gravadores. Quando repararam, ainda confrontaram o deputado socialista, que recusou devolver o material. Mas Ricardo Rodrigues esqueceu-se de que a entrevista estava a ser filmada e as imagens foram divulgadas no site da revista e pelas televisões.
O deputado socialista, que é o representante no Parlamento no Centro de Estudos Judiciários, foi acusado pelo Ministério Público de atentado à liberdade de imprensa. Em tribunal, Ricardo Rodrigues alegou que as perguntas que lhe estavam a ser feitas eram ofensivas e alegou o direito à ação direta para se defender.
Pergunto:
- como pode o PS manter como militante alguém com o nível ético deste indivíduo, sem implicitamente se identificar com ele?
- como pode a AR tolerar, sem se rebaixar ao mesmo nível, que alguém como o sr. Rodrigues diga representar qualquer cidadão português?
- como podem os portugueses ficar calados perante isto, sem se sentirem responsáveis pela sua própria extinção?
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