Foi anunciado mais um estatuto do aluno, com as habituais promessas de penalizações para os alunos e de benesses para os professores, vulgo, reforço
da sua autoridade. No essencial trata-se do repetir os sound-bites do
passado, que todos os governos já fizeram, e que até hoje não tiveram
qualquer impacto positivo nas escolas. E com maioria de razão porque
desde que Nuno Crato é ministro nada de substancial mudou no ensino.
As
medidas agora anunciadas voltam a repetir os erros dos estatutos
anteriores. Onde antes estava um burocrático PIT, que só servia para
castigar o diretor de turma, aparecem agora umas tarefas a favor da comunidade, que soam a benaventês
do mais retinto. Nem se imagina a quantidade de papeis que o pobre
diretor de turma terá de preencher antes de conseguir colocar um dos
alunos mal comportados a varrer o pátio. Já para não falar das inúmeras
comunicações que terá de fazer para a CPCJ e para o SASE. As novas
intenções ministeriais ficarão paralisadas na imensa cultura de
burocracia que impera nas escolas. É quase inacreditável que a atual
equipa governativa não saiba que é isto que vai acontecer.
Se
o ministério da educação quiser realmente tratar da indisciplina, deve
primeiro reconhecê-la como o principal problema do ensino português,
depois deve dar mais ouvidos aos professores para realmente saber o que
se passa no terreno, e por fim adotar algumas medidas para diminuir a
balbúrdia generalizada: 1 - tornar os atuais processos disciplinares
hiper-burocratizados em processos disciplinares sumários e
simplificados, onde a aplicação de sanções seja fácil, rápida e barata; 2
- incluir o comportamento dos alunos no seu registo de avaliação,
classificando-o de um a cinco e contabilizando-o para efeitos de
aprovação/reprovação como se de uma disciplina se tratasse; e 3 - criar
um cargo de professor-instrutor a tempo inteiro, unicamente para tratar
dos casos de indisciplina da escola. Para começar chegava. Basta
quererem.
2 comentários:
David:
"As novas intenções ministeriais ficarão paralisadas na imensa cultura de burocracia que impera nas escolas. É quase inacreditável que a atual equipa governativa não saiba que é isto que vai acontecer."
E isso não será alterado em simultâneo? Pergunto, porque me parece difícil que isso não venha a acontecer. Mas, caso o ME não o faça, aí faço coro consigo.
Quase totalmente de acordo com as medidas e em sintonia com a análise.
Discordo com o prof. burocrata.
Concordaria com um saneamento ministerial e uma descentralização do poder - sem isso o tal "pântano" que é o ME será cada vez mais "pântano" (as clientelas e homens de mão dos tecnocratas dos partidos do poder, vão ficando (ainda que em prateleira) e movem influências.
Concordaria com uma escola verdadeiramente autónoma e organizada por níveis de ensino - logo, pelo fim dos mega agrupamentos postos em prática pela "socióloga" Rodrigues.
um professor do 1º ciclo do ensino básico
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