sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pequeno mostruário para vampiros (4)




   Em Lisboa como na província magna costumam aparecer, aproveitando-se da ingenuidade de disponíveis assistentes e dos pequenos velhacos organizativos, certos “mestres-escolas de tudo e oficiais de nada” conferencistas, que com o descaramento que a mediocridade e a petulância lhes facultam ousam perorar sobre assuntos que gostariam de ter próximos e fecundos, mas que lhes estão tão longe como Vega ou Canis Minor…

  Pesporrentes e à guisa de vendedores de banha da cobra, esses caramelos estabelecem maior confusão ainda nas orelhas dos que os ouvem, capturados pela sua audácia de pequenos jogadores das artes & letras.

  Em “homenagem” a esses sujeitos atravancadores, aqui se deixa um poema sobre uma figura singular, existente e de que maneira apesar de artilhado nos plainos da imaginação, o grande Pitta Raposo, o magnificente e sem par…



Nicolau Saião, Um Pitta Raposo



Perfil de um grande homem

É arteiro como um cigano                  
elegante e donairoso                           
- um magnífico fulano                        
o grande Pitta Raposo!
                       
Melífluo e insinuante                          
dá de si boa impressão                       
e com voz tonitruante                
é um belo cidadão!  
                            
É real homem de bem
nada há que lhe não valha
pois seguro prestígio tem
entre outros da mesma igualha.

Sabe aguentar a parada                      
para levar tudo a eito                           
 entra em qualquer titarada               
que lhe dê justo proveito.                   

Um fidalgote fogoso                             
mexido até dizer basta                         
- o grande Pitta Raposo                      
como ele gosta da pasta!                 

Com a mão esquerda arrebanha
com a direita arrebata.                                                                                                   
O que faz falta é ter manha,
o que é preciso é ter lata! 
   
Mesmo sem obra imponente
que o venha a cobrir de louros
deixará um nome ingente
aos lusitanos vindouros

E a Estória registará
o seu nome valoroso
mesmo sendo a escrita má.
- E viva o Pitta Raposo!

2 comentários:

RioD'oiro disse...

http://fiel-inimigo.blogspot.pt/2012/06/fatima-felgueiras-ilibada.html

Anónimo disse...

E já começam a surgir mais pittas raposos, esses que se propõem explicar o Corão e a civilização islâmica a quem queira estar "bem informado".
Pézinho a pézinho...

Romualdo