achei genial esta imagem... tirei daqui
A economia
neoliberal é um ser autónomo, programado para buscar o enriquecimento;
enriquecer ou morrer, esse é o lema dele. Enquanto é pequenino, é um encanto,
toda a gente gosta do seu ar maroto, divertido, sempre ocupado a amealhar;
muito travesso, é preciso que os pais estejam sempre de olho nele. Mas sem
dúvida que enquanto pequenino dá outra vida e alegria à casa.
Mas ele cresce.
Cresce sempre.
E assim, o encantador e promissor ser torna-se um Monstro. Um Monstro insaciável
que precisa de crescer continuamente ou morre, assim foi concebido este ser.
Mas tem pai que é cego e para os seus pais o Monstro continua a ser o seu
menino querido de sempre. Faz dos pais o que quer e eles em tudo o apoiam.
Lança a sua voracidade
para fora da casa onde nasceu, porta onde conseguir entrar tudo devora. As
outras casas são primeiro apanhadas na conversa encantatória do Monstro; até
que a primeira lhe bate com a porta e logo as outras começam a perceber o
perigo e, uma a uma, fecham a porta ao Monstro. Não sabem que o Monstro deixou
lá a sua semente, em breve novos monstrinhos surgirão nessas casas; mas, por
agora, a sua preocupação é manter longe o Monstro.
O Monstro está com um problema; para continuar a crescer, a existir afinal, porque se
não cresce morre, tem de se alimentar do recheio da sua própria casa.
E assim o Monstro
começou a autodevorar-se; está a devorar a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha,
já começou a petiscar a Itália.
Os pais do
Monstro, cegos como todos os pais, não vêm problema nenhum nisso, nada a
criticar ao seu “menino”: a autofagia é uma prática sanitária, dizem, as
células praticam-na regularmente para se livrarem dos resíduos da sua
actividade. Está tudo bem. O seu monstrinho está apenas a devorar o Lixo.
E o Monstro, para
o qual tudo é lixo menos a sua boca, come, come-se...
2 comentários:
Creio que o problema não é o crescimento, mas a direcção do próprio crescimento. De outra maneira, trata-se de uma questão cultural, do sentido dos interesses particulares que sustentam o consumo.
Joaquim Simões
Ao aceitarmos uma ditadura económica, o que define o sentido de crescimento é o dinheiro; neste sistema, tudo o que não produz dinheiro no curto prazo será extinto. Só fica o que produzir mais dinheiro. E gere-se para o mínimo custo. Não há outro critério, outra definição de "utilidade".
As aldeias são para extinguir, o ensino público é para extinguir, os velhos são para extinguir, os desempregados são para extinguir, a cultura é para extinguir...
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