sábado, 23 de março de 2013

Morreu Óscar Lopes




Faleceu hoje, no Porto, Óscar Lopes, político, professor e ensaísta.


Inegavelmente talentoso, a sua formação e mentalidade marxista limitou-lhe com certo relevo a qualidade e o discernimento, dado o intrínseco autoritarismo dessa filosofia que o norteava.

Daí que muitas vezes tivesse sido exagerado, falhando o enquadramento do que escrevia e, por outro lado, fosse inadequado nas suas avaliações e análises.

Isso explica que, não vendo nem querendo ver os erros e crimes do comunismo, tenha emprestado o seu nome e a sua presença a uma aberração como era e segue sendo o Comité Central do ainda estalinista e tendencioso PCP, no qual se apoia a Coreia do Norte e se compreende gente como Amadinejhad ou Castro.


As suas melhores páginas, entretanto, talvez estejam no "História da Literatura Portuguesa", escrita em conjunto com António José Saraiva.

Também interessante e significativo o livro que arrola a sua correspondência com este e onde se nota de forma muito clara a diferença existente, significativa, entre dois talentos de igual porte, mas um vindo do livre espírito (Saraiva) e outro (Lopes) do espírito obrigado a mote partidário e ideológico.

Desejamos paz à sua alma, apesar de ele não crer no Além.

4 comentários:

Unknown disse...

Um clássico intelectual orgânico, cumprindo a missão definida pelo velho Gramsci. Utilizado a plataforma da universidade e da cultura para espalhar lenta mas metodicamente as ideias tendentes a destruir a "hegemonia burguesa". Há muitos como ele, espalhados pela academia, as artes, a cultura, os media. Não são tendenciosos nem estão a errar...estão, conscientemente, a fazer o que acham estar certo. E para estes intelectuais em missão, o bem e o mal, o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, não o são intrinsecamente, mas em função da sua maior ou menor adequação à narrativa ideológica que servem.

Anónimo disse...

Bom artigo e bom comentário de José do Carmo. Definem este professor, mescla de político e cronista que, pensando fazer o bem afinal estava apenas a servir indivíduos como os cunhais, os jerónimos e outros afins. Mas vai de certeza ter necrologia panegírica forte no necrológico JL, esse compagnon de route.

Amélia Pontes

Lura do Grilo disse...

O ópio dos intelectuais também é uma epidemia que atingiu Portugal.

ora viva disse...

E tal porque, na sequência do seu comentário "a Verdade é o que convém à classe (operária)", Lenine dixit.