quarta-feira, 27 de março de 2013

SÓCRATES E A BANALIDADE DO MAL OU A VOLTA DO CONDOTTIERI



Ecce homo

José Sócrates, ex-premier e actual comentador putativo, vendo bem é o menos culpado de vir para a TV pública (ou seja, paga pelos dinheiros do contribuinte) comentar de cátedra.

  Ele, como "condottieri" partidário que é (e não líder, na verdade), faz o que todos os aventureiros políticos fazem: tenta a sua chance usando todos os meios que lhe coloquem na órbita. Como perante o convite que lhe foi dirigido.

(imagem obtida aqui)

  Aproveitando as circunstâncias e tirando partido dos erros e caquexias dum governo fraco e pedante, disponibilizou-se com apresto e procura aparecer agora como um Chávez do jardim luso, como um Fidel desta nação (en)cavacada. Estando a política no degrau mais baixo da ética, fácil foi ter sido pescado pelos verdadeiros culpados de lhe ter sido fornecido um púlpito de onde, qual Savonarola, poderá sem contraditório eventualmente mentir, manipular, baralhar os pobres diabos populares que, no fundo, os adversos dizem que despreza e apenas utiliza.

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Tão alegadamente cínico e ardiloso politicamente como no seu tempo o foi o mito manipulativo Roosevelt, que fingiu criar um New Deal para melhor levar ao engano (depois bem o pagaram!) os pobres ianques, Sócrates é determinado: cruel sem ser corajoso, habilidoso sem ser atilado, simulador sem ser sensato, é bem um “animal feroz político” (como diziam os que o incensavam) de traça peculiar. Daí que a seu propósito os asseclas falem em “liberdade de expressão”, quando não é isso que está em causa - ele podia escrever o que quisesse e mandar para os mídias, publicar livros, podia falar dentro do partido e na praça pública de qualquer cidadão (mas preferiu refugiar-se em Paris até deixar passar o maior ódio público pelos seus desmandos e inoperâncias governativas). Pois o que está realmente em causa é ter sido privilegiado com uma tribuna discricionária onde, de cátedra, se poderá eventualmente branquear.

(imagem obtida aqui)

   Os que o fizeram não o fizeram ingenuamente, pois não são idiotas inertes. Houve um propósito, que o dito "animal feroz da política" ou estimulou ou aproveitou. Comentador? Não. Tribuno partidário, como outros – sempre políticos na sua maioria! - fazendo a sua propaganda e dos seus áulicos, isso sim. E isto da parte de alguém que, conforme “vox populi” e até um magistrado, tentou acabar com liberdade de expressão e era useiro e vezeiro em ferozmente tentar defenestrar quem o contrariasse, afivelando uma expressão política dura e maldosa.

(imagem obtida aqui)

  Ele vem não para ajudar o país e a população portuguesa, vem sim para lançar a cizânia, a barafunda e a violência partidária. Conta com duas coisas: que o povo esqueça que, sendo expressamente partidário do "pedir emprestado e não pagar", nos colocou na dependência financeira e na pré-bancarrota; depois, que o povo mais primário atire para cima destes pobres diabos da governação de agora o ónus da miséria formal ("No tempo do Sócrates vivia-se melhor"...). Um tipo perigoso, mais perigoso hoje que dantes, pois vem agitar os díscolos revanchistas e os pervertidos com desejo de vingança - é ler-se na Net os textos brutais que eles bolsam.


  Sócrates só tentará ser presidente da República para, nesse posto, "todo lo mandar". Mas, como bom condottieri, o que ele gosta mesmo é de GOVERNAR (alegadamente falhado como académico, vulgar como scholar, fazedor, de acordo com conhecedores, de trabalhotes medíocres construídos “com a mão do gato”, o seu único lugar é na política, na governança, no mando – como reza o apólogo bíblico). Nisso, é bem um homem da Renascença – à guisa comparativa simbólica de um Del Dongo, de um Piero Negri, que à frente das suas hostes talaram e manobraram as cidades do que depois viria a ser a Itália.


  Banalizado o mal, esquecido o mal por indigência moral ou por labilidade de carácter duma parte do público em que a política de escada-abaixo destes tempos tristes se escora, tudo se abre na frente destes cavalheiros. "Irmão Sócrates", como carinhosamente lhe chamou no velório do sátrapa venezuelano o inenarrável Maduro?

   Sem dúvida. Ele sabia na prática a quem estava a dirigir tal epíteto... familiar!

3 comentários:

Anónimo disse...

Aplausos! Cito António Justo, no "Tageblatt":" O último sintoma do estado doentio grave e depravado de quem tem o dizer em Portugal, foi o facto José Sócrates, que deveria estar sob observação judicial, aparecer como candidato a comentador político nos canais da TV pública. Um atrevimento que bradaria aos céus numa sociedade normal! A tal falta de discernimento chegou um povo! A honra dos predadores é legitimada com a desonra da nação. Os interesses partidários afirmam-se mafiosamente sem que haja oposição qualificada. Com esta iniciativa, José Sócrates pretendia aproveitar-se da lorpice da Comunicação Social para se preparar para as presidenciais.
No meu belo e inocente país os predadores são os senhores!".

Manuel Paço d'Arcos

Anónimo disse...

Ele é tudo isso sim, mas piores são os magistrados ao mais alto nível que lhe safaram o couro olhando para o lado e fazendo deste
serial-killer da política um bebé mimoso apesar das cãs que ostenta. E quando é que o povo exige que se faça justiça? E os partidos, perderam de todo a vergonha e a orientação?

Sérvulo de Carvalho

José Gonsalo disse...

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