(imagem obtida aqui)
Diz assim Alberto Gonçalves:
A única
justificação plausível para a longa entrevista do eng. Sócrates à RTP passaria
pela apresentação formal de um pedido de desculpas pelos erros cometidos em
seis anos de desmiolada governação. Passou-se exactamente o contrário: o homem
continua impermeável à realidade, não admitiu um só erro e distribuiu culpas
por tudo o que se movia e move em seu redor. Portugal está como está graças à
crise internacional, à Lehmann Brothers, a Cavaco Silva, ao actual Governo, ao
"Correio da Manhã" e aos biltres sortidos que teimam em difundir
"narrativas" (sic) mentirosas sobre a excelsa competência e
personalidade do ex-primeiro-ministro. Ele acerta sempre, logo, por definição,
os que dele discordam falham sempre.
Convém reconhecer que, apesar de intrinsecamente tontas, na
prática estas alucinações funcionam. Não obstante a brutal inépcia de que já
deu provas, o eng. Sócrates continua a dispor de um número considerável de
seguidores fervorosos. Pior: mesmo entre os adversários há quem lhe atribua o
tipo de características que constituem o chamado "carisma", virtude
exaltada em sociedades primitivas e que quando não suscita veneração suscita
uma espécie de asco respeitoso. Ou medo. Donde as expectativas de índole diversa
fomentadas pelo regresso da criatura e o sucesso de audiências do regresso
propriamente dito.
Perante isto, impõe-se uma questão: as pessoas andarão
maluquinhas? Bem espremido, o eng. Sócrates merece tanta consideração quanto o
título que precede o nome. Em matéria de ridículo, demonizá-lo equivale a
beatificá-lo, no sentido de se lhe dar a importância que ele evidentemente não
possui. O mito do "animal feroz", que o próprio mitómano inventou a
ver se colava, colou de facto e tornou-se um dado adquirido a fiéis e a
inimigos, os quais deveriam parar para pensar no exagero em que incorrem.
Descontado o folclore alusivo, a que se resume afinal o eng.
Sócrates? A pouquito, uma mediocridade arrogante e uma calamidade política que
subiu na carreira à custa de manha, sorte e atraso de vida. Foi justamente o
atraso de vida que proporcionou o típico encanto de alguns face à prestação
televisiva da passada quarta-feira.
Não importa que o eng. Sócrates tenha passado a entrevista a
exprimir-se em língua-de-trapos (repetiu em 57 ocasiões a palavra
"narrativa", nenhuma no contexto adequado), a contar mentirolas
cabeludas, a desfilar desfaçatez e a exibir impertinência perante jornalistas
aliás meigos. Não importa que compare uma dívida pública agravada em prol da
propaganda eleitoral com os empréstimos necessários para atenuar os efeitos da
bancarrota que a propaganda provocou. Não importa que explique o luxo de Paris
com uma dívida privada e hilariante. Não importa que, com a discutível excepção
do ataque às trapalhadas do PR, a prestação do eng. Sócrates roçasse o
patético. Importa insistir que o "animal feroz" se mostrou
preparadíssimo e mantém uma relação privilegiada com as câmaras. Mário Soares
considerou a entrevista "brilhante" e, notoriamente excitado, um
antigo funcionário do portento proclamou: "Sócrates ama a televisão e a
televisão ama Sócrates."
Seria cruel interromper o idílio, que
de resto prosseguirá em doses semanais a partir de Abril. Os fiéis do eng.
Sócrates aproveitarão para se deliciar com o exercício e os que vêem no sujeito
a origem do Mal poderão entreter-se a exorcizá-lo. Pelo meio, é possível que,
programa após programa, laracha após laracha, uns tantos ganhem bom senso e
comecem a reduzir aquela lamentável figura à sua verdadeira dimensão, a de um
vendedor de patranhas que, orientado pela vaidade, fundamentado na inépcia e
sustentado por pasmados e oportunistas, ajudou mais do que qualquer outro a
arruinar o país. Sendo certo que os estudos em Paris não ensinaram nada ao eng.
Sócrates, talvez os portugueses que por cá pagam a factura do seu intelecto
aprendam uma ou duas coisinhas.
4 comentários:
Todos os demagogos, mesmo os de talha ridícula como este, entram no goto dos imbecis ou dos canalhas. É esse a sua graça e o seu único talento. Embora não seja um Hitler, nem sequer de pacotilha, este personagem é o retrato acabado da pobreza moral ética e pessoal duma parte deste país. Vai ter um fim paralelo, ainda que não igual: ao invés de cair num bunker, o sujeito em apreço vai cair numa emissora televisiva de recorte abusivo e, segundo alguns, rasca. Cada parlapatão tem o bunker que merece.
amadeu de carvalho
Vários analistas de diversos lugares e muito cidadão quotidiano se têm espantado por este ex-político não ter sido ainda levado a juízo. Creio que isso sucede porque os outros políticos ativos são da mesma qualidade da dele. Como aves da mesma pena andam juntas, responsabilizarem-no teria um efeito de carambola. É tão simples como isto.
Fernando Máximo
Amadeu de Carvalho:
"Cada parlapatão tem o bunker que merece."
:)
Este, reapareceu também. O máximo.
http://www.youtube.com/watch?v=OZOWX5a5Q3o
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